Uma continuação espiritual de O Incrível Hulk (2008), um dos primeiros filmes do UCM, que nos devolve a um tipo de nostalgia já presente naquela primeira fase de sucesso — que, aliás, já completa seis anos desde Vingadores: Ultimato.
Entre os novos personagens está Escorpião (Sidewinder), um matador de aluguel com interessante imponência na pele de Giancarlo Esposito (The Boys). Harrison Ford substitui William Hurt no papel do agora presidente Ross. Com sua presença marcante, Ford — que já interpretou um ex-militar que se tornou presidente nos anos 90 (sim, estamos falando do Duro de Matar de sua carreira: Força Aérea Um) — assume uma postura mais sutil, com falas suaves e uma abordagem analítica, bem semelhante à desenvoltura do eterno Hurt. Inclusive, conta com o mesmo dublador do ator anterior. É possível traçar comparações, mas Ford, com sua vasta experiência, se destaca como uma adição bem-vinda a esse histórico universo de super-heróis.
Anthony Mackie (Sam Wilson), agora como Capitão América, já havia sido apresentado anteriormente no seriado Falcão e o Soldado Invernal, provando sua habilidade e carisma. No entanto, quem rouba a cena é Carl Lumbly (Isaiah Bradley), que entrega uma presença forte e emocional - Esse vale até uma indicação nossa ao PUNHO DOURADO como Melhor Ator Coadjuvante.
O 3D conta com boas perspectivas para valorizar ângulos de câmera e ilusões de ótica (como nas cenas em que são mostradas passagens por espelhos). Além disso, a trilha sonora de Laura Karpman capta e intensifica o clima de tensão.
As piadas são moderadas e funcionam bem, já que a história busca, de certa forma, envolver-se consideravelmente com elementos de terror*.
Com bons efeitos visuais e cenas de ação, o filme, no entanto, adota um ritmo mais lento, focando nas interações e no suspense — o que o torna mais pesado e complexo para crianças mais novas. Embora tente encaixar algum tipo de conflito político (especialmente relacionado ao Adamantium), a essência mais intimista da obra fala mais ao coração. Mais modesto e menos ousado que os anteriores, Admirável Mundo Novo rende um bom divertimento.
[ATENÇÃO: SPOILERS]
Tim Blake Nelson é a surpresa do elenco como Samuel Sterns, trazendo uma maquiagem assustadora e convincente ao vilão Líder.
[/FIM DOS SPOILERS]
Sendo uma sessão 3D, a audiência estava mais comportada. No entanto, houve alguns celulares ligados em determinados momentos e uma criança barulhenta — a qual eu tive que mandar calar a boca. Pela primeira vez no cinema, realmente precisei virar o tio Hulk Vermelho, justamente porque ninguém quis assumir a responsabilidade de valorizar seu tempo cultural.
E, pois é... As coisas estão ficando difíceis com essa audiência, que agora só vai ao cinema para causar ou tentar ser um "influenciador" de rede social da família. A namorada pede para o namorado tirar fotos com flash no escuro, bem ao lado. No entanto, esse último caso aconteceu no final da sessão, então tudo bem. O que realmente me chamou a atenção foi que eu não estava cercado por uma audiência da Marvel Studios, e sim por um público que só queria fazer média e ir embora — sem sequer assistir às cenas pós-créditos.
(Saudades do tempo em que todo mundo ficava na sala até o final... A verdade é essa.)
SESSÃO CRÍTICA