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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

[SantuArio.doc] O Rei da TV: muito além da biografia

 Série resgata a trajetória de Silvio Santos de forma emocionante e célebre 
com passagens históricas da mídia

O dono do baú, sem dúvida, marcou a infância de muitas crianças na década de 1990 ao lado de Gugu. No entanto, outras crianças poderiam ter aproveitado o próprio Silvio em suas origens.

Misturando elementos reais e fantasiosos, O Rei da TV é marcada por um ótimo resgate emocional da persona conhecida por Senor Abravanel fora dos holofotes.

A passagem se inicia entre os anos 1960 e segue até 2010 com maquiagem destacando a passagem de tempo de Silvio Santos.

Apesar do estilo espalhafatoso como uma fuga da realidade daquele drama - trata-se de uma narrativa artística. Os atores Guilherme Reis, Mariano Mattos e José Rubens Chachá - humanizam o personagem por trás de Silvio, tendo o equilíbrio interessante entre a tensão nos bastidores enquanto a Rede Globo é retratada como a vilã. A série é uma bela celebração da trajetória de um dos nossos maiores patrimônios da história da TV, se não o mais.  

A essência do humor e de não se levar a sério faz parte da identidade do próprio SBT. 

Um ponto que vale destacar é que a série se apresenta propositalmente de um universo biográfico paralelo: uma vez que até mesmo os "Silvinhos", bonecos em miniatura que representam Silvio Santos, é a cara do próprio Silvio Santos de Chachá (o ator que interpreta o rei do baú) com sinal no rosto e tudo. No entanto, é pelo carisma de Chachá que passamos a acreditar que ele é o próprio Silvio em vida. 

A parte biográfica busca mergulhar em um retrato sem censura nos pontos altos e baixos da carreira do dono do SBT. No entanto, o próprio Silvio -com sua veia sincera- desaprovou a série considerando a mesma como "mal feita" enquanto Patrícia considerou uma visão arrogante do pai e patrão da TV. No entanto, vale lembrar que uma biografia audiovisual precisa do drama que seja convidativo ao público, moldar um personagem que tenha camadas para despertar emoções como alegria a por vezes repúdio. O que a série procura trabalhar muito bem.

Talvez a direção de arte seja modesta, mas figurinos aparentemente são decentes. Caracterizações como especialmente as do próprio Silvio em suas versões e do Roberto Marinho (Pascoal da Conceição) estão entre as melhores da série inteira. Lula, Íris Abravanel (Leona Cavalli), Gugu (Paulo Nigro) e Rossi (em suas duas versões: João Campos e Celso Frateschi) também valem destaque. 

Paulo Nigro, como o primeiro e grande menino-prodígio de Silvio Santos, Gugu Liberato, também vale considerar como revelação dramática brilhante do elenco. Caracterização visual, no entanto, o ator que representa Fernando Collor de Mello esteja entre os piores, embora não estejamos considerando aqui atuação, tá?

O sequestrador também vale considerar um dos pontos altos, excelentemente atuado por Johnnas Oliva (que, inclusive, volta a fazer o papel de Fernando Dutra Pinto no filme Silvio).

Passagens curiosas pela carreira do maior apresentador da TV vai desperta curiosidades entre 
os fãs a respeito da origem de Silvio Santos: embora a carreira do apresentador tenha se iniciado nos anos 60, quem é da geração Y poderá ficar profundamente curioso pelas passagens da série - alternando entre ficção e realidade. 

Canastrice e cafona o humor pastelão faz a cara da autointitulada a TV mais feliz do Brasil e essa é a cara que O Rei da TV passa muito bem: autoral, dramática e divertida. 



Memórias.doc

SÃO PAULO, SILVIO SANTOS E CONFUSÃO VIRTUAL

A visão que tenho de São Paulo são de pessoas generosas e muito bem informadas, além de respeitosos com pessoas de todos os estados e demais turistas de todo o lugar. Nunca me esqueço de quando eu, Mommy, Malaquias e Believe passeamos pela primeira vez pela cidade lá em 1994. Sei que como a cidade se modernizou atualmente, causa essa impressão - de ser uma cidade menor do que na década de 1990. As calçadas eram largas, antes das grandes expansões de metrô (tornando a cidade até menor hoje - no entanto, muito mais de fácil acesso para qualquer estação). Eu realmente me impressionei com o tamanho da cidade, dos prédios e tudo mais assim que entrei pela primeira vez na cidade.

No entanto, foi pela internet (sempre ela) que me mostrou um lado ruim de uma bolha (ainda que insignificante) dessa população (ou de gente que diz ser da cidade, mas que não tem o espírito generoso dela): pessoas transloucadas/ enlouquecidas, prepotentes ou misóginas que adoram caçar uma confusão e colocar a culpa em você. Gente muito covarde que não se garante sozinha, mas quer simplesmente criar uma treta - marcando gente ou chamando gente para contribuir no abate injusto - pelo prazer de ver o circo pegar fogo a troco de nada.

Uma vez, um certo geniosinho das trevas me veio com esse papo de que "São Paulo carrega o Brasil nas costas" e outros casos também de contatos virtuais dizendo que jamais iria para o Rio de Janeiro, por exemplo - demonstrando um preconceito gratuito contra os cariocas e até chegava a me ofender de graça - sendo que eu jamais falei mal de São Paulo ou dos paulistas, nunca tive desentendimentos com ninguém em lugar nenhum na minha vida - fora os valentões ou valentonas do convívio carioca - e a internet me proporcionou esse feito negativo. Infelizmente, as redes sociais se tornaram imediatamente um surpreende choque negativo do que eu havia pensado no começo: seria o lugar que eu me encontraria, mas que não se tornou verdade (é bem pior que a realidade). Eu me recuso a acreditar que essa gente é paulista (tampouco aquelas que, do nada, se tornaram barraqueiras e resolveram se tornar paulistas de coração) porque não foi assim que conheci São Paulo.

Eu ainda amo São Paulo, mas São Paulo que eu conheço - longe desses parasitas/ sociopatas virtuais da sociedade - que mancham a imagem limpa e saudável que os turistas têm da cidade. A internet pode nos conceder muita coisa, mas também estragou muita coisa.  Esqueça São Paulo da internet, isso não existe.

Eu sou da geração Topa Tudo Por Dinheiro e a história de Silvio Santos, descobri através dos meus pais. Especialmente, meu pai (sim, o Malaquias) contava algumas histórias que soube a respeito. Assim que descobri que Silvio era carioca, eu fiquei realmente chocado. Apesar de Silvio ser carioca, dificilmente desassociava São Paulo de Sílvio Santos todas às vezes que estive naquela cidade. 

Felicidades em ter um representante tão importante para a televisão mundial justamente originado da nossa querida cidade maravilhosa. 



Momentos.doc


- Entre os personagens inéditos, vale citar Larissa Nunes, como Cleusa, assistente de Silvio Santos. Posteriormente, é interpretada por Cássia Damasceno. A discussão que envolve cor de pele é algo que já chegou a causar certa polêmica nas redes sociais, condenando o próprio SBT e entrando numa discussão social e política. A participação de Cleusa pode ser uma personificação desses pormenores da TV, que acabam sendo questionadas pela audiência - principalmente pelos movimentos sociais. O caso da cantora Jenyfer Oliver no quadro "Quem Você Tira?" do Programa Silvio Santos em 2019, acaba nessa curiosa comparação ou apenas uma coincidência. No entanto, Silvio costuma ser muito transparente e, por vezes, ácido, mas também pode não ter estado tão lúcido. O próprio apresentador já chegou a ser acusado em outras situações por certo descuido, sem ligar muito para as consequências - e a reação virou uma piada que acabou não saindo de uma forma tão esclarecida. É só uma prova de que a série, embora exagere no seu mundo fictício, é criativa na forma como constrói os bastidores da TV desmitificando perfumarias e - de alguma forma - mostrando que nem tudo são flores no mundo maravilhoso das mídias em que a imagem é tudo.

- Roberta Gualda é Cidinha, a primeira esposa de Silvio Santos.

- Gui Santana é Sérgio Mallandro.

- Cacá Carvalho caracteriza um dos mais icônicos personagens da vida de Silvio Santos: Manoel de Nóbrega.

- Gisele Itié faz uma personagem que é quase uma alusão à Thalía (eterna 'Marimar', Maria do Bairro e outros grandes sucessos da emissora) como Michelly Vega. Resume um certo retrato da devoção do SBT às novelas mexicanas. 

Stainslaw (Leandro Ramos e Emílio de Melo) é uma das grandes surpresas na história, criando-se uma expansão do universo da série. [Alerta de spoiler] Representando aí a Rede Record. [/Alerta de spoiler]

- Karan (
Erom Cordeiro) é outra figura interessante, intrigante e original entre os novos personagens da trama. Nesta comparação, o personagem procura trazer ao SBT um formato 'fino' e 'engessado', algo mais formal - para concorrer aos moldes da Rede Globo (que busca ser a visão ideal da elite).



SantuArio.doc
S E S S Ã O  C R Í T I C A
O REI DA TV
Temporadas: 2
Ano: 2022-2023
Distribuição: Star+
Gênero: Drama
Duração: 42-63 minutos
Classificação: 14 anos

Memória Pós-Crítica: embora não seja muito fiel em determinadas caracterizações, combina em uma convincente narrativa criativa que alterna entre o ficcional e o real com um ótimo elenco e entretém como um célebre conto biográfico cheio de surpresas. 


Sinopse: