OVERTURE

terça-feira, 16 de julho de 2024

[Perdido.doc] Twisters (2024): Reencontrando um clássico noventista

 
Aventura não vai muito além de entretenimento,
mas ainda assim é uma das melhores obras do ano.


De 1996 para 2024, o cinema de ação mudou e muito.  Já na década de 90, o cenário do filme-catástrofe ganhava uma retomada com Independence Day, o próprio Twister e, posteriormente, Titanic. Sendo assim, remodelando a identidade do gênero. Também vale citar O Resgate do Soldado Ryan, embora seja um filme de guerra, existia ali uma característica trágica que também remete a uma redefinição do gênero ação, catástrofe e drama. 

No entanto, James Cameron e a sua narrativa inspiradora sobre a tragédia real de um transatlântico, definiu aquele futuro do cinema catástrofe em todos os quesitos. 

Também não há como deixar de citar que, inesperadamente, em 2012, ganhamos uma surpresa com o ótimo drama O Impossível, com Naomi Watts. Baseado em fatos reais, retrata o drama de trajeto envolvendo uma família após o desastre do tsunami no sudoeste da Ásia em 2004. Conceitos que atualizam este subgênero.

Numa geração em que mocinhos brutamontes e vilões excêntricos estão fora de linha, a força da natureza nunca deixa de ser uma ameaça - uma vez que sempre fez parte do nosso universo.  

As passagens históricas por qual o mundo passou, também contribui para a narrativa dramática de Twisters - considerando, no entanto, uma sequência independente do clássico de Jan De Bont (Velocidade Máxima). 

De Bont, com sua experiência em fotografia, emplacou um sucesso em 94, com Velocidade Máxima (também um misto de ação e filme-catástrofe) e em 96, com Twister - protagonizado por Helen Hunt e o eterno Bill Paxton.

Da ameaça de um tornado a exploração do desastre em detalhes - o impacto visual que expressa os acontecimentos trágicos, como um cenário de guerra, nunca se tornou tão atual aos millennials como agora - justamente pelos reais e tristes acontecimentos das enchentes no Rio Grande do Sul. Forças da natureza que precedem graças aos equívocos do homem (e que, nos bastidores da narrativa - o que iriamos além de Twisters - os mocinhos da história tentam contornar). A direção de Lee Isaac Chung demonstra um novo tipo de cinema catástrofe que, apesar de ser mais uma fita de puro entretenimento, tem qualidades que o diferem como uma sequência tardia que realmente não se define como mais uma obra que se aproveita da nostalgia noventista, mas sim usa o nome de um clássico dessa geração para nos apresentar novos talentos como Glen Powell (como o laçador de tornados, Tyler Owens, descoberta de Tom Cruise em Top Gun: Maverick) e David Corenswet (o Superman de James Gunn). Porém, Daisy Edgar-Jones é a grande surpresa do elenco como a protagonista Kate Cooper, provando certa e convincente imponência enquanto é envolvida por perdas (como remente muito a protagonista do original vivida por Helen Hunt)

Há interessantes movimentações na narrativa para colocar o espectador noveleiro na trama como uma interessante troca de papéis entre quem é o herói e quem é o vilão na história, chegando a brincar com alguns traços de expectativa (poderia haver ali um certo triângulo amoroso?). São passagens breves que não interferem na ação, por exemplo, além do desencadeamento de transformações dramáticas entre os principais personagens para desenvolver a importância deles e preparar o espectador para os grandes pontos-chave de suspense.

Twisters é uma atualização, num mundo tecnológico, fazendo referência aos influenciadores digitais, inclusive, até essa visão ser substituída pelo tradicional confronto entre o homem e a natureza. Mas também sobra aos entusiastas mais atentos, referências breves ou relações de cenas e personagens que podem ser facilmente comparados lado a lado, cena a cena entre Twister e Twisters. Confira e comprove.


GALERIA




Perdido.doc
TWISTERS

Slogans: "Sem aviso. Sem escapatória."