Resident Evil: Bem-Vindo a Raccon City era a adaptação que o Resident Evil de 2002 deveria ter sido. Na realidade, a adaptação de 2002 segue a ideia de uma adaptação mais sofisticada em comparação ao videogame original, apresentando posteriormente (em suas sequências) atores visualmente bem próximos aos dos jogos. Bem-Vindo a Raccon City resgata o conceito do original, que é reproduzir conceitualmente a ideia de um filme B simulado.
A descaracterização visual dos personagens nesse reinício pode ser um problema para o reconhecimento dos fãs dos jogos originais, mas não atrapalha o desenvolvimento da narrativa - que busca não trabalhar com pressa (a exemplo de como a escola Marvel Studios deixou como legado para as cinesséries no cinema). Há mais enfoque nos diálogos e numa melhor versatilidade em apresentar as ameaças e na solução delas - o que soa muito melhor para uma adaptação cinematográfica do que apenas referências sendo jogadas a esmo só para deixar risadas (como Resident Evil 2: Apocalipse na cinessérie anterior).
Justamente, por não ser uma adaptação com ação interrupta como a cinessérie anterior, os fãs (se é que tem) da saga de Alice poderão sentir de alguma forma. E nesse ponto, a sua qualidade é apresentada de uma maneira razoável quanto a atuações e desenvolvimento - focado nos personagens Chris (Robbie Amell) e Claire Redfield (Kaya Scodelario). Claire é a melhor personagem do filme, embora soe deslocada se pensarmos na coerência: uma civil mandando mais do que um policial, por exemplo? Tudo bem, mas qual é o treinamento militar de Claire para ter tanta imponência? Isso não fica explicado.
O filme teve uma passagem difícil nos cinemas, mas está disponível para os assinantes
Premium da Prime Video.
É curioso, um filme que trata de contágio ter estreado no auge de um surto pandêmico e que se seguia em 2021. Outro problema é ser uma adaptação de videogame estreando num período inédito e urgente de isolamento, que causa ainda mais desconfiança.
Ainda que trate o ambiente do jogo com mais sinceridade (muitas referências aos anos 90 - tanto no cenário do game quanto nas caracterizações de objetos e músicas - soando de forma muito natural e nada forçado, no ponto certo), o humor grosseiro, característico das adaptações de videogame, continua lá para o incômodo dos espectadores mais frescos (o que é o meu caso) e finos.
ATENÇÃO: FIQUEM DEPOIS DOS CRÉDITOS
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