Cinema pode ser uma aula de como fazer alguma coisa ou trazer inspirações. Me lembro que a primeira vez que eu soube de um infeliz incidente inspirado por um filme foi o caso de Assalto Sobre Trilhos (1995) com Wesley Snipes e Woody Harrelson. A simulação de assalto foi tão bem feita e tão bem detalhada que aconteceram casos reais de ataques a trem inspirado no filme. A CIA, tendo ciência de que o entretenimento pode ser uma bela aula para o terror, não deixou barato e mandou investigar a produção de A Hora Mais Escura.
A Hora Mais Escura é uma controversa inspiração na caçada ao terrorista Osama Bin Laden e conta com um elenco muito talentoso, geralmente coadjuvantes em grandes produções, que sem dúvida realizam um de seus melhores trabalhos aqui - com destaque para Jessica Chastain e Jason Clarke (Dan) logo de cara. Até mesmo o próprio Chris Pratt (quase irreconhecível) é uma das surpresas.
É claro, se o espectador se deixar levar pela ficção, poderá se envolver com ótimas atuações e uma simulação bastante realista que nos convence de estar dentro da missão e a cada bomba que explode é um momento de trauma. Mérito em pegar o bandido? Sem moralismo ou atos de projeções de ação convencionais, apenas ócios do ofício e Chastain (Maya) encarna muito bem uma agente da CIA determinada apenas em suas expectativas de concluir a sua missão.
A história não glamoriza a tortura. Muito pelo contrário, nos deixa em um estado aterrorizador e de insegurança na tentativa de encontrar alguma empatia naquelas atitudes enquanto os acontecimentos se desdobram para relações humanas e institucionais entre os personagens.
Disponível na Prime Video.
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Apesar dos rumores otimistas levando em consideração a sua fase mais sensível e conectada ao gênero drama, James Cameron poderia muito bem dirigir e escrever A Hora Mais Escura, se não fosse pelas sequências de Avatar, mas a autoria de toda a sua realização foi a sua ex-mulher, a diretora Kathryn Bigelow. Teoricamente, podemos dizer que esse filme é uma sequência indireta de Guerra ao Terror (2010). Podemos considerar que essa campanha é parte de sua cinessérie pessoal sobre a jornada Guerra do Iraque, uma vez que ela se tornou a maior vitoriosa do Oscar 2010 e retorna aqui como diretora, repetindo a dobradinha com o seu roteirista Mark Boal. Enquanto Guerra ao Terror trabalhava na tensão, A Hora Mais Escura trabalha na insegurança.
O filme é mais uma produção inspirada na primeira década dos anos 2000 em Hollywood que costuma ser conhecida como a década da caça: uma série de produções cinematográficas que se influenciaram pelo 11/09 e as consequências da guerra do Iraque. Esse clima cinza e dramático tornou o próprio cinema americano de ação em tons mais sérios quando se trata de terrorismo - vilões dessas produções deixaram de ser romantizados ou até mesmo excêntricos, como se fossem super vilões de histórias em quadrinhos ou de aventuras cinematográficas de 007 dos anos 60 ou o próprio Duro de Matar na década de 80. O problema é que A Hora Mais Escura chega até meio tarde - meados de 2013 - mas trazendo uma atualização sobre a caçada ao Osama Bin Laden que teve o seu fim em 2011.
PERDIDO.DOC
A HORA MAIS ESCURA