PERDIDO NO TEMPO: CAPÍTULO 3
A ORIGEM DE UM FANBOY
Eu não me recordo dos meus primeiros anos com "He-Man" e nem mesmos dos primeiros rabiscos que realizei. Mas eu me lembro exatamente do dia em que me tornei um fanboy.
EU NASCI EM 1984
Uma das lembranças mais engraçadas que eu tenho dos anos 80 é de quando a minha mãe me desenhou de corpo inteiro apenas com cabelos mullet encaracolados (era praticamente a caracterização de um anjinho).
O ano era 1989. Estávamos de mudança da casa que eu nasci.
Numa certa noite, eu sonhei que estava num filme japonês da era feudal todo em preto e branco. E daí, olhando pra frente, observei um curioso trem bala girando numa pista circular que ia para cima. E no meio desse espaço, havia uma casa que formava uma torre - parecendo um templo oriental. Eu estava vendo visões do futuro, numa mistura entre o Japão antigo e o Japão moderno.
Até aquele momento, juro, que eu não tinha visto nada sobre o Japão que eu me lembre.
Um belo dia, minha mãe chega de surpresa e avisa: "-Rick, seriado japonês no 6".
Seriado japonês ? O que seria um seriado japonês ? Peraí, é novela ? Seriado de adulto ? E lá vou eu trocar de canal.
Porém, a rede estava fora do ar e então, deixei para outro dia.
E foi numa bela manhã que testemunhei a abertura de Lion Man.
Aquele ritmo novo de histórias cheias de ação, drama, fantasia e heroísmo com atores ao vivo me fascinaram de cara. E tudo que eu assistia na TV eu reproduzia no papel.
Na fase dos super-heróis japoneses, eu comecei a criar figuras de ação em papel. Especialmente,
aqueles que não eram vendidos nas lojas.
E então, somada a essas histórias de desenhos e super-heróis ao vivo, vieram também as histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, quando aprendi a ler e escrever.
Vale lembrar também que, ainda em 1989, tive o meu primeiro contato com um videogame. E esse videogame era o CCE, meu eterno Atari brasileiro.
Os primeiros filmes os quais me lembro de ter assistindo foi "Salve-Me Quem Puder" na televisão e "Quem é Essa Garota". E o primeiro filme legendado que assisti no VHS foi Ghost: Do Outro Lado
da Vida. Era uma sessão com a família toda reunida no nosso Estúdio Sala.
Me recordo também, na virada de 89 para 1990 uma sessão com meus primos de E.T. O Extraterrestre
na estreia na Tela Quente da Rede Globo. Foi um momento de natal muito especial com todo mundo junto e apertado no sofá com parentes espalhados pelo chão e cadeiras ao lado.
Foi com os minigames que eu passei a ter um contato mais frequente com jogos eletrônicos.
Também me recordo, ainda em 89, quando o meu pai trouxe o Master System III para a gente jogar Rambo III com a pistola. Apesar dos meus esforços, eu não conseguia acertar nenhum alvo, de jeito nenhum. Para a decepção do meu pai, a bandidagem dominava na tela.
Mas foi no Natal de 1992 que tudo mudou, com o Mega Drive II e o seu companheiro, Sonic. No meio da pista, uma tomada de câmera lenta me chamou a atenção para um efeito de ritmo cinematográfico. E então, jogos baseados em filmes e desenhos da TV acabaram sendo o meu maior foco nos videogames.
E por mais de 40 anos, descubro essa relíquia muito especial guardada pelos meus pais a 7 chaves: um fichário de julgamento de obras culturais (cinema, shows e teatro).
Então, essa é a minha origem: a paixão pelo julgamento. A paixão por apreciar cada detalhe
dessas obras culturais, especialmente, filmes e jogos. Hum! Entendi. Agora eu entendi. Agora
eu saquei.
Obrigado aos meus pais, por esse conhecimento incrível e pela preservação da história
da cultura pop e das nossas lembranças de viagens, momentos colegiais e eventos caseiros registrados através de fotos e vídeos. Isso é um ato de amor.
E por eles me apresentarem os brinquedos, os desenhos, os filmes, os quadrinhos, os videogames e tudo mais da nossa incrível cultura pop mundial.
E esse é o nosso legado.
Que os meus queridos pais estejam em paz.
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PERDIDO NO TEMPO: CAPÍTULO 3
Este é o vídeo original que adaptou o primeiro script e inspirou este artigo atual que é uma revisão do vídeo original A Origem de um Fanboy.
Muito se foi pensado na condução do título: o que poderia originar um fanboy ? Sendo assim, pensei em inicialmente criar uma interação entre três épocas: passado, presente futuro. O meu eu do passado (no presente) seria interferido pelo meu eu futuro numa televisão - realizando uma possível refilmagem do vídeo Missão: Impossível (o vídeo piloto) com cabelos completamente grisalhos e rosto envelhecido pelo deep fake (ou talvez um outro personagem ou artista caracterizado) . Haveria uma discussão questionando se o meu eu do passado (no presente) estaria frustrado. Essa questão desencadearia pelo meu eu futuro (que está interagindo na televisão) tentando questionar com o meu eu passado pelo motivo de estar frustração no presente - fazendo uma relação com as condições turbulentas das redes sociais. E então, o meu eu passado jogaria a culpa no meu eu presente (que estaria em outro quarto e descaracterizado, sem óculos e com um traje comum - sem nenhuma relação ou referência com a cultura pop). O meu eu passado diria: "-Então, você tá no presente e é por isso que está frustrado". O meu eu presente fica sem entender a discussão enquanto no meio de uma discussão acalorada - entre o eu passado e eu futuro - o meu eu passado (que é o protagonista) solta a frase que dá nome ao título: "-Então é por isso que sou o fanboy". E as lembranças começam.
- Vídeo Promocional: a troca de cartucho
Foi planejado um conceito de apresentar bastidores sobre o enredo após o lançamento do vídeo, como uma entrevista. Isso pode ser realizado mais pra frente.
- Seguimento
A introdução foi mais ou menos inspirada nos seguimentos da trilogia Bourne. Na trilogia de filmes, a história parece nos trazer uma alusão de que o filme seguinte continua exatamente de onde o outro parou. A ideia, originalmente, era tentar construir uma trilogia de vídeos que se diferenciasse de alguma forma (assim como os grandes clássicos do cinema e suas sequências: A trilogia Indiana Jones e a duologia O Exterminador do Futuro).