segunda-feira, 9 de outubro de 2023

[Sessão Crítica] Os Mercenários 4

Quarta aventura desta cinessérie que é uma tremenda homenagem descompromissada com os grandes astros de ação hollywoodianos finalmente reunidos. É quase como se fosse o nosso Comandos em Ação ou o S.O.S. Comandos, figuras de ação dos sonhos se tornando realidade. Há uma certa falta de novidade quanto ao super elenco de peso dos anteriores, tendo como destaque o segundo filme (tanto em diversão quanto em elenco). Mas ainda assim, há grandes surpresas entre os convidados. 

Sylvester Stallone (Barney Ross) tem pouca participação embora significativa. É surpreendente da parte de Stallone, aceitar participar menos de uma de suas principais cinesséries*. 

Jason Statham, o ator de 56 anos, considerado por alguns como o "Bruce Willis do século XXI", é tecnicamente o protagonista da história. A surpresa do elenco é Megan Fox (Transformers, Garota Infernal), a beldade da geração 2000 entra aqui no super time de heróis de ação (que também conta com 50 Cent e Andy Garcia). 

Muito mais caricato que os filmes anteriores, garante divertimento mas sem nenhuma pretensão. 


*MEMÓRIA PÓS-CRÍTICA
Quando Sylvester Stallone valia mais do que o rosto de um  Super-Herói

Sylvester Stallone é um dos mais veteranos astros de ação do cinema, marcado por Rambo, Rocky e outros personagens (mesmo que eles tenham apenas um único longa - como é o caso de Gabe Walker em Risco Total). 

Em Os Mecenarios 4, Stallone aceitou ter uma menor presença, apesar de seu nome e rosto serem alguns dos grandes destaques no pôster. Isso chega ser engraçado se compararmos com o seu grande sucesso nos anos 90. Em 1995, Stallone chegou a encarnar a adaptação de um super-herói. Em O Juíz, o longa do astro acabou relegando a icônica figura do personagem original em favor de promover um rosto mais famoso: o do próprio Stallone. 

Na imaginação dos pequeninos, a surpresa era que a capa já promovia uma propaganda assertiva com o ator usando o capacete do herói na capa do filme. Era a primeira vez que víamos um movimento contrário: um astro já famoso por seu rosto normal assumindo um visual mascarado durante todo o longa. 

Num mundo perfeito, as coisas seriam assim. Mas a verdade é que Stallone só assumiria o traje do super-herói apenas no início e no desfecho do filme. A bela capa então promovia uma propaganda enganosa, frustrando os pequeninos pela expectativa.

Além de Batman, não havia uma grande certeza de investimento em filmes de super-heróis, ainda mais obscuros, para grande audiência o que se tornava um investimento arriscado. 

Um astro famoso de ação assumindo o visual de um super-herói e mascarado durante todo o filme ? O visual icônico do personagem dos quadrinhos acabou sendo deixado de lado em todo o principal desenvolvimento em favor do rosto famoso de Stallone. Uma estrela de ação naquela altura de sucesso mascarado durante todo o filme seria algo extremamente ousado para uma Hollywood dos anos 90. 

Mas o cinema americano sempre optou por valorizar o rosto de suas estrelas em tela ao invés dos super-heróis e isso acontece até hoje. Porém, era um tempo em que as grandes estrelas do cinema ainda eram os astros de Hollywood e não os super-heróis que eles interpretavam na telona.

Nesse tempo mágico em que reinavam os astros e estrelas do cinema de ação (os verdadeiros super- heróis do cinema), acreditava-se então que ter o rosto da estrela no lugar do visual característico dos super-heróis atrairia mais audiência além da então obscura tribo dos leitores de quadrinhos (e que, cá pra nós, com sinceridade: não eram tão relevantes assim). 

Com as redes sociais e a proliferação instantânea da manifestação da então tribo nerd da cultura pop, testemunhamos a relevância desse movimento que agora seria usada como principal ferramenta de marketing da própria indústria na abordagem de seus longas. 

Tais influências desses estudos mercadológicos trouxeram transformações que nos levaram a (quem diria) um Stallone com menor presença de protagonista em favor de contar uma narrativa. Vimos isso no paralelo de Rocky ( a saga Creed) mas nunca antes impactando seus principais títulos o qual ele assume o rosto de protagonista a maior parte do tempo. 

Só pela minuciosa variação do título, há algo a se dizer: se trata de uma era em que a história acaba muitas vezes prevalecendo sobre um rosto muito famoso e a indústria está tentando arriscar de uma forma que nunca tentou antes e isso pode ser muito bom - goste ou não.


SESSÃO CRÍTICA
OS MERCENÁRIOS 4

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