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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

[Sessão Crítica] Besouro Azul - O Dossiê: Avaliação, O Impacto Social, Comparações, Quadrinho x Filme


  Em meio aos conflitos de período pós-pandemia e greve dos roteiristas e atores, a Warner - que já não anda bem das pernas com o gênero - investe numa interessante campanha neste seu primeiro super-heroi mexicano da DC. Um super-herói latino e que tem uma brasileira na zona de campo. 

O antigo Universo Estendido DC de Zack Snyder e que depois virou DCU está finalmente chegando ao seu fim com Besouro Azul estrelando Xolo Maridueña e (quem diria) Bruna Marquezine.

Maridueña que a crítica destacou como o melhor ator dentre os jovens interpretes do elogiado seriado Cobra Kai, encabeça aqui o elenco como o protagonista Jaime Reyes / Besouro Azul - um personagem menor e desconhecido dentre o panteão de super-heróis DC. 

A campanha da "representatividade importa" não foi só fachada porque nesse filme a propaganda funciona. Surpreendentemente, Bruna tem protagonismo na história - explorando características inéditas para uma representação brasileira em um filme de ação e ficção com super-herói no cinema internacional. Uma iniciativa assim em uma superprodução desse porte é algo mesmo a se admirar. Sua personagem, Jenny Kord, é a representação do empoderamento feminino, com muita astúcia, também assume algumas cenas de ação e se suja (sim, ela teve coragem). Imagine se ela fosse a Supergirl ? Pois é , estava cogitado. 

Além de Marquezine no elenco, há divertidas referências à juventude noventista da cultura pop - tanto latina quanto norte-americanas e japonesas. 

A outra grande surpresa no elenco é Susan Saradon como Victoria Kord. Saradon é atriz oscarizada marcada por ser um grande nome encabeçando um elenco de super-heróis como nas suas origens. Em 1978, quando Superman: O Filme surgiu, a importância do marketing para vender o gênero estava no elenco estelar (tendo Marlon Brando e Gene Heckman) e em 1989 o feito se repetiu com Batman (tendo Michael Keaton e Jack Nicholson em grandes letreiros: "Keaton" e "Nicholson" marcando o embate entre duas lendas inéditas numa nova era do gênero). Em 2023, os tempos mudaram muito e os super-heróis são os principais astros que chamam o público para o cinema devido aos seus grandes feitos para a cultura pop e devido os grandes eventos - se tornando maiores que seus próprios atores. 

A questão é que esses astros da televisão e do cinema também são ofuscados pela onda dos criadores de conteúdo que se tornam famosos - algumas vezes os mesmos acabam criando conteúdos para desvendar o misticismo por trás desses veteranos do audiovisual (aquele ar de mistério que tornam esses astros tão atraentes, no entanto, se perdem no vento). Por maior que sejam os seus nomes, atores e atrizes acabam competindo de igual para igual com algum influenciador digital de Instagram. A estratégia desses membros de uma indústria veterana, no entanto, é se render aos encantos dessa nova era digital e serem gente como a gente ou mortais como todos os outros: criando conteúdo ou algo parecido.

Porém, Saradon tem importância aqui devido o proposital choque cultural de representatividade através de revelações latinas e nomes veteranos para a audiência norte-americana no elenco de Besouro Azul. É uma mistura curiosa e que pode ser aprimorada futuramente. 

[ uma visão crítica com spoilers sobre Besouro Azul "não ser latino o suficiente"] 

Um filme de sentimento completamente latino seria realmente interessante - apesar das surpreendentes referências ao Chapolin Colorado e Maria do Bairro. A comunidade latina é crescente nos Estados Unidos mas aparentemente não tiveram muita coragem de assustar com uma inovação bruta logo de cara. Pantera Negra foi muito feliz com essa representatividade uma vez que outros títulos (antes da febre dos super-heróis) se estabeleceram muito bem na cultura pop destacando problemas raciais, por exemplo (1991 foi um dos anos mais importantes para essa febre de filmes voltados a comunidade negra, por exemplo. Talvez eles (a produção responsável por Besouro Azul) estejam apenas esperando o momento certo.

[/ uma visão crítica com spoilers sobre Besouro Azul "não ser latino o suficiente"] 


Se a história é de um super-herói mexicano, nada melhor do que dizer que as novelas mexicanas são as que expressam melhor o drama familiar ou do cotidiano de seus protagonistas (diferente das novelas brasileiras e seu emaranhado de subtramas para prender a audiência) - mergulham mesmo num drama pesado, de tragédia, de perdas. 

Os filmes da Warner/ DC se consagraram no subgênero por esse misto de fantasia, ação e drama com histórias mais sérias - com Superman O Filme (Richard Donner), mais sombrias - como Batman (Tim Burton), mais realistas - O Cavaleiro das Trevas (Christopher Nolan) ou mais cinzentas - O Homem de Aço (Zack Snyder e todo o seu Snyderverso). Esse casamento entre o drama dos novelões mexicanos e o drama de um super-herói DC nos trazem um triunfo bastante humano, uma veia perfeita de conexão entre esses dois mundos nos trazendo então uma transformação muito profunda: da comédia familiar escrachada para uma tragédia envolta de elementos espirituais que falam ao coração. Tem todas as características que um filme de super-herói de sentimentos precisa ter. 

Besouro Azul começa a aventura com muito agito e comédia e, logo depois, uma virada no gênero - da comédia de aventura para um misto de ficção e drama o que apresenta um inesperado tom inédito para uma aventura que sempre buscou se apresentar um entretenimento sem surpresas em sua divulgação. 

Enfim, a tonalidade cinza da DC dos filmes abandonados de Zack Snyder, de alguma maneira, podem ser vistas nessa virada (da comédia de ação para ficção e drama).

A rival, MARVEL, nos deu o devido exemplo já no começo do Século XXI nos trazendo esses momentos de distração com humor e drama cotidiano exatamente como nos quadrinhos de seus personagens. A DC parece ter seguido essa fórmula após o mal sucedido universo formado por Zack Snyder mas que continuou com elenco e alguns segmentos de personagem mudando a sua atmosfera para algo mais leve e mais emocional - deixando o cinza de lado nessa passagem atmosférica. 


Como no que há melhor entre os melhores filmes de origem de super-herói, esse é Besouro Azul: do humor à tragédia - vai do melhor de Homem-Aranha de Sam Raimi, Homem de Ferro à Pantera Negra em suas características emocionais. 


Tirando a representatividade e a presença forte e divertida dos coadjuvantes (como a família de Jamie), não espere grandes novidades mas se está buscando por alguns minutos despretensiosos de descontração, Besouro Azul (esse título que já nasceu perdido pela Warner/ DC) pode ser uma grande pedida. 

ATENÇÃO: FIQUEM ATÉ DEPOIS DOS CRÉDITOS. 


COMPARAÇÕES
BESOURO AZUL: MARVEL X DC no cinema

- As referências ficam evidentes (como parte do capacete destroçado e rosto ensanguentado remete e muito à mascara rasgada do primeiro Homem-Aranha de Raimi).

- Vale considerar que referências ao Homem-Aranha de Sam Raimi não é apenas em detalhes familiares da trama ou visuais mas também na trilha sonora do britânico e desconhecido The Haxan Cloak que remete muito ao tema principal de Danny Elfman para o longa de sucesso de 2002.


FILME X QUADRINHOS

Jenny Kord: a personagem de Bruna Marquezine é inédita na história e muitos elementos acabavam sendo discutidos em meio a teoria de como seria o destino da personagem.

Segundo o diretor (Angel Manuel Soto) também responsável pela sua escalação, ele possui muitas ideias para a personagem Jenny seguir na trama. Rumores apontavam que Marquezine poderia ser uma super-heroína com poderes - já que ela usa o sobrenome de seu pai, Ted Kord (um dos muitos Besouros Azul nos quadrinhos). 

Jenny Kord é bastante comparada com uma outra personagem DC a ser comentada adiante, mas a semelhança interessante é que o primeiro nome da inédita personagem do cinema é muito parecida com a de Jenny Quantum, outro interesse romântico de Besouro (apenas nos quadrinhos) que teleporta e manipula elementos do multiverso.

Fãs teorizam que Jenny pode ser filha de Beatriz da Costa (Fogo), personagem de nacionalidade brasileira no universo DC dos quadrinhos. Uma vez que Marquezine, na pele de Jenny, usa couro preto - nos quadrinhos, Beatriz usa um couro verde. Na história original, Beatriz pode manipular a chama verde e flutuar (queimando envolta de um fogo ardente - algo parecido com Capitã Marvel ou com o próprio Tocha Humana).  Será que algum dia veríamos um amálgama entre Beatriz e Jenny em uma única personagem através de Bruna ? Bruna Marquezine de cabelos brancos (ou verdes) e superpoderes ? Esperamos. 



Com o sucesso dos filmes de super-heróis, personagens dos filmes estão indo para os quadrinhos de origem (um caso bem parecido é o da Arlequina, que surgiu no seriado animado, Batman: Volume 2 ou Batman: A Série Animada de 1992).

A veterana Susan Saradon incorpora o papel de Victoria Kord - a irmã mais velha de Ted Kord e herdeira das indústrias Kord. 




Com o anúncio da escalação de Saradon, a personagem surgiu nos quadrinhos em Blue Beetle Graduation Day nº 2 em 27 de Dezembro de 2022 (8 meses desde o anúncio da atriz no elenco).










Memórias da Sessão
AINDA SOBRE CELULARES LIGADOS NA SESSÃO (TÁ DEMAIS ISSO)

Descontente com o comportamento da audiência no Cinesystem Via Brasil em todas as sessões, eu decidi me queixar com os funcionários a respeito de celular ligado na sessão. O funcionário que me atendeu disse o seguinte: "-Nós até fazemos a vistoria (celular ligado e pés na cadeira da frente) mas o cliente sempre diz que tá no direito dele" e quando eu perguntei se já haviam se queixado disso antes: "- Já se acostumaram com a rotina (má educação)". É muito triste o que vem acontecendo com o cinema da Via Brasil ultimamente.  O Shopping é muito bem localizado (entre a Av. Brasil de Vista Alegre e Irajá), o cinema é ótimo (recheado de cortesia e atendentes super atenciosos) mas o que estraga são esses debiloides. O shopping e a Cinesystem precisa fazer alguma coisa porque já tá começando a perder pontos com clientes fieis por causa disso. Se o cinema quer sobreviver, isso não pode ser deixado pra trás e essa doença intelectual se alastrar.

Eu tive que quebrar o meu protocolo de desligar o celular e tive que gravar rapidamente esse trecho com a foto que preenche esse tópico da postagem. Eu não consigo mais prestar atenção em nenhum filme direito desde Oppenheimer. E o ódio só vai aumentando.

Sem brincadeira, foram mais de 3 celulares ligando e desligando no escuro de forma interrupta. Um cara, no meio da sessão, deixou o celular ligado com a luz na cara de todo mundo por um longo tempo e assim permaneceu: desligava e voltava a fazer - o que ele queria fazer ? Mostrar as conversas do seu WhatsApp pra todo mundo ? Seria legal se tivesse um hacker tipo o Besouro Azul pra hackear aquele celular e botar nos telões de todos os cinemas do mundo pra todo mundo ver a vergonha. Eu praticamente perdi a minha paciência e comecei a xingar alto. Só um moleque da frente ouviu e desligou o celular. A próxima vez que eu registar isso vai ser com mais detalhes e a denuncia vai ser ainda maior e melhor porque não tem como essas coisas deixarem de ser relevantes: as propagandas no cinema sobre educação ("pés na poltrona da frente e desligar o celular") servem pra quê então ? 

Depois de todos os créditos, ficou um casal discutindo os pontos negativos e positivos do filme (mais a moça do que o moço do casal). E, sério, eu estava tão PUTO com o que eu vejo de celular ligado que eu praticamente associei toda a conversa revirando os olhos quando comparo com toda postagem debiloide de doente metido a cinéfilo dando a sua bosta de "opinião" escrita com a BUNDA sobre qualquer coisa nessas páginas sensacionalistas do Facebook. 


SESSÃO CRÍTICA

BESOURO AZUL

Sessão Acompanhada: Domingo - 18:00