Trama previsível mas que se destaca pelo vilão (tradicional em muitos filmes de super-heróis)
"É o fim de tudo". Já dizia Kang, O Conquistador.
A fase pós Guerra Infinita está desesperadamente precisando de uma boa história para sustentar a existência da cinessérie MARVEL Studios na telona. Embora tenhamos bons exemplos como Shang-Chi e o fenômeno Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.
Porém, a profecia dos gênios do cinema, como Martin Scorsese e Steven Spielberg, ainda que ignorada pela audiência pouco padrão, estava certa (e eu concordo com eles). Vai chegar o momento em que o subgênero super-heróis se estagnarão no mais do mesmo como os faroestes: muitas histórias baratas para um entretenimento descompromissado.
Super-heróis sempre foram histórias para crianças mas após os anos 80 se tornaram um protótipo comercial para vender bonecos. A mensagem social e política era deixada de lado em favor de mais histórias cheias de sangue, pancadaria e explosões.
Olha, não é condenando nenhum estilo, mas uma obra precisa fazer sentido para existir. Quantumania parece se assumir meio convencido de que estabeleceu o sucesso da Marvel Studios e cai para a zona de conforto de sempre: humor descompromissado e nenhum propósito para motivar a trama acontecer de uma forma convincente. A verdade é que um dia a conta chega.
Os críticos estão cansados disso e Quantumania é o segundo filme da Marvel Studios a receber uma nota vermelha em 15 anos de filmes da cinessérie (o primeiro foi Eternos). E com toda a overdose de lançamentos interligando filmes e séries parece que o universo compartilhado da Marvel está literalmente acabando com aquilo que começou: uma grande overdose de sucessos após o outro e a febre por filmes de super-heróis e da cultura nerd virando cultura pop.
Com Homem-Formiga 3, Peyton Reed faz aquilo que o estúdio define apenas (como se uma linha de sucesso já fosse pré-concebida) e parece insultar seu público sem que tenha o que pensar em algum momento - só curtir a montanha - russa.
De qualquer forma, a trama arrastada (com muito sentimento de Star Wars) consegue melhorar com a presença de Jonathan Majors - fazendo um insano Kang, O Conquistador e parecendo ser um interessante vilão para essa nova safra de filmes.
Porém, a MARVEL (ou o melhor, a Disney) precisa estar atenta a esse desgaste pois o interesse pelo Universo Cinematográfico da Marvel cai por Terra diante de tantas produções simultâneas sem alguma respiração ou sequer nos dar conta para onde nós vamos.
Aparentemente, nada parece estar estabelecido de forma clara por aqui - sendo todos longa metragens fechados nessas fases 4 e 5. O que é bom, para se concentrar no desenvolvimento solo dos protagonistas em seus próprios filmes mas não o suficiente para despertar interesse: cadê a trama pessimista e as expectativas emocionais nas divulgações ? Pois é, Quantumania não é nada disso que você esperava.
3D
99,9% do filme é filmado em estúdio, com um cenário recheado de efeitos visuais (para representar o vasto universo quântico - o que é um ponto ótimo). Porém, o 3D é pouco sentido, sem novidades.
Altos e Baixos
É preciso tomar cuidado uma grande empresa como a Disney prometendo o que não tem nas suas obras recentes (caso ela não queira dar de cara com um cliente louco por aí querendo processar a indústria por não ter visto aquilo que ela prometeu nos trailers).
Embora, não tenham cenas que aparecem nos trailers e determinadas fotos de divulgação, existem outros elementos que surpreendem por trazer cenas e solução ainda melhores do que o esperado (o que é um ponto positivo e bem criativo para algumas soluções).
Adiamentos: um papo sincero
Com o retorno de Bob Iger na chefia, a Disney está ciente de que adiamentos precisam ser necessários para trabalhar melhor o espaço e tempo (para o bem da saúde dessas produções). Felizmente, no mundo do cinema, as produções audiovisuais tem uma audiência que realmente acredita que ansiedade de um público xiita, pouco sadio - ou com tampouca profundidade intelectual (viciada em consumo), não é o melhor remédio para ter infinitas vezes a mesma história sendo contada - o público é bem mais exigente do que alguns espectadores de seriados ou até mesmo consumidores de jogos eletrônicos. Pois uma coisa é certa: franquias (quaisquer sejam) jamais devem ser como uma linha do tempo de postagens publicitárias é necessário cuidar bem da história, dos seus personagens e caminhar com a importância do cenário social, científico e político (pois é dessa forma que as histórias de super-heróis sempre foram reconhecidas e respeitadas por todas as idades no mundo inteiro).
SESSÃO CRÍTICA