terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

[Sessão Crítica] '2001: Uma Odisseia no Espaço' nunca foi tão atual

 

Belo e complexo, 2001: Uma Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick pode ser considerado um filme experimental perto das inúmeras produções do gênero de Ficção Científica que vieram depois. É o puro suco do cinema arte: bonito de se assistir mas difícil de digerir com exatidão.

Os viciados em tecnologia durante anos adoram conviver com esses questionamentos mas o público tradicional pode não aderir 2001 (apesar de todo o seu sucesso na época). De qualquer forma, o conceito da tecnologia nunca envelheceu tão bem. 2001 é bem atual quanto a questões sobre a relação do homem com a tecnologia (a necessidade por ela ou a dependência dela), do desamparo a relação cotidiana entre homem e inteligência artificial como se fossem pessoas conversando em comum - Kubrick foi muito visionário. 

Antes de ser um cineasta, Stanley Kubrick era fotógrafo e só por isso podemos então entender a sua sensibilidade visual, o quão belo e artístico é 2001 juntamente com a música clássica e as técnicas do cinema mudo para acompanhar. Da direção de arte ao som, um verdadeiro desbunde. 


- Kubrick, por ter sido fotógrafo, trouxe uma sensibilidade única: uma simples cena de cotidiano vira um capricho visual a ser apreciado.

- A sensibilidade também pode ser sugerida tanto aos olhos de Hal 9000 quanto a variação de cores de um cenário: seja do preto (o silêncio do espaço), do branco (a paz) ao vermelho (o aspecto de urgência, morte ou do interior de um organismo vivo).

2001 também segue como primor por ser um dos poucos filmes a respeitar muito bem a física espacial com base em estudos científicos. Provavelmente, nunca nenhum filme de ficção científica chegará tão perto do que Uma Odisseia no Espaço pode nos conceber sobre o que é uma verdadeira aventura espacial com os pés no chão. Ainda que alguns bons longas metragens tenham chegado perto.

Mas 2001 não é só uma visão do futuro como também trata do mistério: da concepção de origem do homem muito discutido. Já foi provado que o homem não veio do macaco, mas - em teoria - podemos acreditar que o longa constrói um tipo de universo alternativo muito próximo da nossa realidade. 

Muitos cineastas se inspiram em 2001 e não só cineastas como também outras mídias. 

Desde a corrida espacial entre 1955 e 1975, os próprios jogos eletrônicos - que já começaram a dar seus primeiros passos entre 1966 e 1968 (ano de lançamento do filme) - já aproveitavam pra se inspirar nessa temática de códigos, mensagens em texto e cenário interplanetário. E em 1969, o homem finalmente chegava à lua.

Muito se fala que 2001 é uma obra pra ser apreciada, para ser sentida. Na verdade, não há como assisti-lo como um passatempo despretensioso. É recomendável estar realmente muito atento aos mínimos detalhes e ( o mais importante ) estar bem descansado e com a mente tranquila. Só assim, você conseguirá ingressar nessa viagem - apesar do final extremamente confuso e perturbador. 

Apesar de produzido por um cineasta norte-americano, 2001 é de um charme de uma obra inglesa. E isso é explicado pela presença de um autor de ficção científica no roteiro, ninguém mais e ninguém menos do que  Arthur C. Clark (que trabalhou algumas ideias para Kubrick seguir). 

A história termina com um grande enigma. Se, por exemplo, levarmos em consideração uma visão do cristianismo: compreende-se que estamos diante de um tipo de visão da vida, morte e ressureição. Uma vez que na visão científica nos limitamos - já que até hoje a experiência humanoide não consegue provar dados realmente concretos sobre vida extraterrestre. 

Vale então considerar que essa experiência misteriosa do espaço em 2001 nos leva a crer uma visão gentil dos seres de outro mundo ou uma forma de visão celestial ? 

De qualquer maneira, se você é um cinéfilo de verdade - daqueles que curte qualquer tipo de gênero e o que mais te interessa é uma boa história -  mas não se interessou por 2001, talvez este não seja o momento certo. Existem momentos para certas obras do cinema - e se você está buscando uma obra mais frenética, este título pode não ser de fácil apreciação. Porém, se a sua fase é um momento mais sereno da vida e mais reflexivo, então este filme é pra você. 

E por ser um filme experimental (da última década da primeira era de ouro em Hollywood), Kubrick talvez seja o primeiro a experimentar o multigênero na Ficção Científica. 

2001 parece ser vendido como um verdadeiro arrasa quarteirão em sua totalidade - com uma história que envolve os primeiros passos da vida humana, a vida no espaço, o conflito entre homens e máquinas dotadas de inteligência artificial (muito ChatGPT) e, por fim, o mistério. Vemos então um pouco de drama de cotidiano e suspense com toques visuais de terror sugeridos. Mas tudo para por aí ao nos depararmos com um final perturbador de tão questionável. 

2001: Uma Odisseia no Espaço é um longa que podem levar até mesmo alguns anos (ou décadas) para ser apreciado ou até mesmo compreendido. Se você é um cinéfilo de fases, você irá compreender o que isso quer dizer. 

MEMÓRIAS DA SESSÃO

Arthur C. Clark foi um autor de livros muito apreciado por Stanley Kubrick. Como um perfeccionista, Kubrick levou um tempo para aceitar a ideia até escreverem juntos a história do filme 2001 uma Odisseia no Espaço que também ganhou simultaneamente um livro.








- 2001 ganhou relançamento em IMAX em 2018 (em homenagem aos 50 anos de lançamento). Eu já fico na fila de espera por uma versão IMAX 3D, seria belíssimo.







- Na dublagem clássica, o supercomputador Hal 9000 é dublado por Marcio Seixas e Dr. David Bowman por André Filho (o mesmo de Christopher Reeve - 'Superman').






SESSÃO CRÍTICA

2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO
Sessão Acompanhada: 18 - 19 - 20/02/2023

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...