Não é só PlayStation 5, geralmente, nostalgia também sai caro. De Rock in Rio a jogos clássicos saindo em coletânea. O colecionismo também encareceu (e dizem que a culpa é sempre do melhor amigo do Tio Sam: o dólar).
E nesse balanço desequilibrado de preços, o caso de Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection não é diferente. Lançado nesta última Sexta-Feira (2) às 12:00 (Horário de Brasília) nas lojas STEAM. Também ganhou versões para consoles. O jogo saiu para a plataforma digital de PCs por cerca de R$ 169, 22 (com descontos em cupons de apenas R$ 6,00).
Há quem diga que "vale a pena apoiar" esse assalto e condenar quem luta para não passar fome. Com a desculpa mais virada que corrimão: " - Fulano gastaria muito mais em cerveja e cigarro" quando na verdade está generalizando a própria comunidade - lutando contra os próprios irmãos de batalha. É por isso que eu não apoio de forma alguma essa geração Twitter de IPHONE (se piorar, nem tem IPHONE, apenas estão sendo verdadeiros puxa-sacos - ou militonto - de empresas multimilionárias). Nunca vi nenhum deles levantar um A contra o valor ou as poucas opções de um determinado produto se não fazer um tipo de protesto que fica apenas entre eles em alguma parceria esquecida nas resenhas de vloggs ou podcasts que ninguém mais vai lembrar daqui há 1 mês.
Videogame é tecnologia e tecnologia sempre foi para poucos, não é mesmo ? Assim como toda tecnologia que, se for pensar num conceito técnico ou comercial, são facilmente descartáveis. Um jogo se torna descartável por tais consumidores - puxa-sacos de carteirinha - logo que todas as suas conquistas são feitas e o mesmo, ao invés de embarcar numa outra história ou conhecer (ou revisitar) outros jogos, prefere ficar gritando: "-Que façam um número 2", "-Que façam um número 3" e assim sucessivamente. Eles não sentem, só consomem. Por esse tipo de coisa que videogame não é cultura, apenas um produto descartável. E condenam, por exemplo, quem está jogando o mesmo jogo há mais de 30 anos (ou até menos) por considerar que todos sejam uns (coloque aqui todo tipo de xingamento) que nunca saem da zona de conforto para abraçar o novo (e descartável) - quando na verdade, muitos até tentam mas veem que é melhor se manter naquilo que eles sempre gostaram. Especialmente os jogadores mais românticos e não os competitivos apenas. E isso não é só em videogame, é em qualquer outra tribo - principalmente música (a guerra entre grupos de fãs musicais é tão clássica quanto fãs de cinema ou de ficção científica).
Portanto, quem se mantém por mais tempo nesses jogos, sem pensar no tempo em que foram lançados, e estão sempre jogando, descobrindo e se reinventando nele, é o verdadeiro sinal que esses jogadores não veem as coisas como descartáveis também pois conseguem valorizar os pequenos detalhes e, o mais importante de tudo, são pessoas que, no fundo, no fundo, são simples e acessíveis.
Agora, quem acredita que só o que é atual merece atenção, percebe-se o quão digital é uma vez que só o automático o molda. Não basta apenas acreditar que é uma entidade incorrigível, é necessário equilibrar informações nos dias atuais para compreender todos os lados e, sendo assim, manter os pés no chão. Vivemos uma realidade e ela não é de primeiro mundo.
E essas são as primeiras impressões, depois das primeiras três horas e oito minutos conferindo os pontos centrais do acervo em questão.
Pontos negativos:
Primeiramente, o preço. Uma coletânea tão interessante mas com um preço tão inacessível para atrair uma audiência maior. É uma pena. Resultado: tipo de produto que se você não adquirir no lançamento vai ficar chupando dedo e ficar esperando por horas no saguão (lobby) a fim de poder jogar online jogos incríveis que marcaram a infância de muitos entre os anos 80 e 90.
Eu que estive na expectativa de testar o online de Tournament Fighters*, não consegui, simplesmente por que não obtive no lançamento. Apenas Turtles in Time e os demais jogos de Arcade dava pra encontrar alguém em lobby pra jogar. Uma pena. Resultado que, embora seja uma grande coletânea, podemos ver que muitos desses jogos foram populares apenas no seu lançamento (nesse caso, as versões caseiras).
*Valendo lembrar que só há somente 3 jogos com possibilidade de se jogar online. A STEAM não esclarece na sinopse mas somente o Tournament Fighters de SNES está disponível para se jogar online (um grande atraso, uma vez que é possível jogar online qualquer um desses jogos - até mesmo a versão Tournament Fighters de Mega Drive em diversas outras plataformas, sem o suporte oficial - mas ainda assim, muito digna e que melhora cada vez mais: FightCade e GOTVG estão entre eles).
Longe de mim querer criar uma guerra civil - entre projetos feitos pela comunidade de jogadores e as empresas que desenvolveram esses jogos - ou destilar o ódio no suporte oficial, mas é necessário dizer que o trabalho independente da comunidade acaba ficando à frente das empresas.
E é justamente por esse motivo que quem é fã de verdade vai ter que cobrar a KONAMI de criar atualizações que possam até mesmo fazer um crossplay (que é o futuro) entre todas as versões dessa coletânea - para que o online cresça e reúna ainda mais jogadores de todos os sistemas lançados (PC / STEAM, Nintendo Switch, PlayStation 5, X-Box Series S e por aí vai) além de, é claro, ter o online ativo para todos os jogos que ainda não possui ou até mesmo criar rank para jogos de apenas 1 jogador ou pro single player e além de você poder ter a opção de aguardar alguém entrar online com você enquanto você joga sozinho. Há muita coisa que precisa ser feita para que o produto fique mesmo com cara de um produto oficial de referência (pois eles pedem muito dinheiro para um produto que te oferece algo bom mas não tão bom o suficiente para o que o consumidor precisa).
Pontos positivos:
Apesar dos pesares, eu consigo ver que as softhouses tem corrido atrás do prejuízo trazendo alguns extras bem legais para esses jogos clássicos nas distribuições digitais (extras exclusivos de produção dos jogos podem ser vistos aqui o que agrada a todo grande colecionador).
Vale a pena ?
Apesar de valer, o preço não compensa para quem só quer entrar e jogar (por uma questão muito óbvia: a brincadeira pode sair caro). Mas para quem investe em conteúdo, já garantiu o seu antecipado. O lance é esperar a boa vontade de alguma promoção (se houver ou quando houver - podem ser daqui há 5 anos ou 10 anos.. ou 20 anos.. nunca se sabe o que se passa na cabeça dessas empresas).
Só esperamos que a própria Konami ou algum representante realmente preste atenção nessas queixas para que possamos ter pelo menos uma comunidade mais fiel às iniciativas que as suas softhouses propõem para essa onda retrô.