A FGC, uma terminologia universal associada a Fighting Game Community (Comunidade de Jogos de Luta), tem fetiches esquisitos tanto em copiar a personalidade arrogante de seus vilões e antagonistas dos jogos eletrônicos como também conta com uma iniciativa legal de engrandecer a palavra de um dos primeiros gêneros dos videogames. Vamos conferir alguns.
1 - Rivalidades entre amigos
Há quem diga que essa é a "rivalidade saudável". A verdade é que, entre amigos, nunca há rivalidade. Mas.. esse tipo de rivalidade entre amigos em jogos até existe, porém, é mais divertido de assistir do que realmente participar dela. Sem dúvida garante um bom divertimento no You Tube.
2 - Papo de baixo nível (Trash Talk)
" - Fulano é fraco.", " - Você é lixo. ": frases " amigáveis " dentro da comunidade com aquela herança de "cultura de fliperama" (que custa a morrer) - em que rebaixar o outro em favor do próprio ego é parte de um jogo de desmoralização a fim de destruir o psicológico daquele que ele acredita ser o seu rival imbatível ("como se fosse de verdade") e o agressor se manter no topo antes de, enfim, jogar a dita partida ou durante a tal partida. É uma tentativa de golpe baixo ? SIM! Na cena profissional, isso é levado tão a sério que chega a expulsão e perda de patrocínio, como alguns casos que ocorreram pelo mundo. Agora, no cenário casual, clandestino ou underground como é 100% da comunidade de jogos de luta brasileira, isso se torna algo tão frequente que chega a ser normal: apenas um entretenimento bizarro para terceiros nas redes sociais.
Felizmente, ocorrem melhoras eventuais na comunidade quando o cenário esportivo está mais presente. Sem a presença desse cenário, sobram os papos de baixo nível, é inacreditável que isso (o "papo lixo" que tanto vemos nas frases de vitória dos jogos) existe de verdade. E a culpa é toda da internet e a sua comunidade de "otakus" geradora de textos instantâneos, completamente caricata, que acham que pode moldar o mundo como um animê, que acham que saíram de um episódio de Naruto (ou uma versão bem NaruTARD de algum videogame) ou é algum personagem do Dragon Ball Z (esse é para os barbados que já passaram dos 30. Não é possível que tu se identifique mais com os NaruTARDs com essa cara fechada para parecer responsável e durão, homem de família com 40 anos de idade - tentando parecer um militar responsável como o Guile mas curte um Narutinho ? Tem vergonha ser tão infatilizado não ? ). Mais lixo que isso, é saber que tais figuras acabam trazendo isso para fora do computador.
Parece mentira, mas realmente existe. E é muito, mas muito pior mesmo que rivalidade masculina. O ódio mortal vaza de criar faíscas nos olhos e à ponto de assustar até quem levanta a bandeira da torcida para as duas competidoras enquanto as mesmas se digladiam no chat da stream por coisas extremamente fúteis.
4 - Apostas em dinheiro (Money Match)
Essa é polêmica. Isso pode tornar a rivalidade viva para o palco. Os quadrinhos brasileiros do Street Fighter tentavam associar os eventos de Super Street Fighter II do videogame a um torneio de apostas clandestinas alimentadas pelo temível Mister Bison e a sua organização Shadaloo. No videogame, realmente não sabemos como ela é feita (ou evidências disso dentro do jogo) mas a forma como o enredo dos quadrinhos preencheu essa ideia faz, sim, muito sentido.
Ainda não temos evidências sobre apostas regidas por um temível ditador (será que no Vietnã ou numa Arábia Saudita chegou a ocorrer casos assim?) mas não é muito difícil pensar que realmente podem ocorrer apostas absurdas envolvendo competições de videogame - como num jogo de cartas - em que o desafiante aposta a mulher e o carro (já vimos isso em algum filme). Se em algum momento jamais tivemos conhecimento sobre absurdos assim, se tem coisas de valor na jogada, não vai demorar muito pra conhecermos.
5 - Conflito de Gerações
Quem aí não conhece os grandes eventos que ocorrem nos jogos que partiu simbolicamente com a mais famosa entre elas: The King of Fighters - as maiores estrelas da SNK (das personalidades famosas às obscuras no mundo todo) se unem numa competição de artes marciais. Depois disso, vieram os grandes encontros (crossovers) entre universos radicalmente distintos: unindo videogames e quadrinhos com a série de jogos Marvel v.s. Capcom.
Também associamos o Ultimate Fighting Championship como uma certa influência de Street Fighter e Mortal Kombat, por reunir vários competidores em modalidades diferentes de luta. O primeiro UFC surgiu em 1993 e contou com sete participantes (OPA! Sete lutadores em Mortal Kombat. Soa familiar ?). Ainda não existia Tekken, mas já ocorreram evidências de participantes se inspirando em golpes do videogame já nos anos 2000 e até uma entusiasta fã de Street Fighter fazendo cosplay dos personagens em suas apresentações.
Falando em estrelas, até a Jamie Lee Curtis curte um Street Fighter: a união direta entre duas comunidades - cinema e videogame. Duas gerações e comunidades com pensamentos muito distintos sobre arte - o cinema já se entende como arte desde sempre mas os videogames, bem, costumam ser vistos apenas como sucata descartável por culpa da própria comunidade (são poucos os que o veem como verdadeira arte e o quanto determinados títulos foram importantes para a construção das gerações de jogos posteriores).
Se formos comparar ao universo eletrônico de KOF (ou Marvel v.s. Capcom 2), os eventos de competição ocorrem através de inciativas em eventos oficiais e pela própria comunidade quanto a torneios entre equipes. Já tivemos de Street Fighter V e até Mortal Kombat 11 com vagas para competir na EVO: o maior torneio de jogos de luta do mundo.
Claro que esse conceito de formar times já existe no esporte - os jogos de luta só reproduziram isso e (em automático) alguns torneios especiais de competição na vida real. Temos outros exemplos de jogos de luta: de tiro e de multijogador (League of Legends - este que também deve ganhar a sua edição jogo de luta em breve).
Esses grandes eventos, sempre tem alguém grandão por trás, com muita grana (ou apenas com muita força da comunidade e dos patrocinadores). Nos jogos de luta, de gênero Ação (não os de Esporte, vale lembrar), há sempre um grande guerreiro do mal por trás. Claro, vale lembrar os mais famosos mesmo.
Voltando para a nossa realidade, já ocorreram queixas de organizações de eventos terem ligações até mesmo com lavagem de dinheiro (É BRASIL). Estamos falando de eventos com ENORME ESTRUTURA, portanto, tudo pode acontecer. Imagine encontrarmos um empresário do mal de gênio super poderoso para te desafiar para um duelo final no Guilty Gear ? E daí, vocês dois estariam jogando enquanto toda a estrutura está explodindo de tanta energia concentrada no lugar ? Isso tudo parece muito engraçado, como casos bem bizarros aí fora dos jogos que a audiência leva como um conto de fadas (prefiro não citar nomes, mas vocês sabem do que eu tô falando sim, não sejam sonsos - e é essa mesma comunidade otaku associando tudo a termos como "fanfic" e "fanservice"). Mas estamos falando de teorias e o quanto é perigoso lidar com muito poder.
Por fora, é só uma teoria, já que o que o espectador assiste é um entretenimento inocente e por dentro de toda a razão que conduz aquela estrutura, tem uma história muito sinistra. Tem coisas que a gente acaba procurando não saber para não estragar algumas experiências da nossa memória afetiva.
Em tempo: SNK é a grande empresa de jogos que apoia a comunidade de torneios como ninguém mas há a polêmica em volta de quem tem os direitos dela agora. Será que, em tese, teríamos uma personificação daquela figura maligna por trás de todos esses maravilhosos eventos ?
numa competição narrada pelo Galvão Bueno ?
De qualquer forma, teve uma inciativa muito bacana que reuniu os maiores streamers da Twitch completamente novatos em jogos de luta. As maiores estrelas falando com a sua gigantesca comunidade com um gênero clássico que desafiou limitações tecnológicas, inclusive, de sua geração - talvez o mais relevante e que categoriza, sem dúvida, a infância daquela geração que tentava se divertir com as dificuldades de execução desses jogos, ou os via como um desafio a ser abatido ou simplesmente sequer dar atenção a isso e apenas apertar botões.
Então há aí um conflito de gerações (é como vemos em KOF, quando se ganham novas sagas): a nova geração de streamers da geração Freefire não suportam a dificuldade desses jogos de luta. E a velha guarda da comunidade de videogames, bem mais hardcore, tirando sarro deles através de criação de conteúdo digital. É curioso e interessante esse conflito de gerações exatamente como vemos nos jogos e (nós jogadores) somos as peças fundamentais para mexer essas peças no tabuleiro.
E aí, o que vocês já viram por aí, quanto aos tipos de comportamento e experiências que vocês achavam que só existia na ficção e hoje podem ser comparados com os videogames que vocês jogam ?
Muitas vezes.