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quinta-feira, 7 de abril de 2022

[Sessão Crítica] Sonic 2: O Filme (Dublado, Cinesystem, 2D)

 MAIOR E MELHOR

Alguns o estão definindo como O CAVALEIRO DAS TREVAS das adaptações
de videogame. Existem alguns poréns, mas o reconhecimento é merecido.

Pare que foi ontem. Em 2020, às vésperas de uma pandemia, uma das mais exemplares adaptações de videogame chegava aos cinemas. A leitura parecia certa, uma vez que Sonic tem muito da cultura ocidental enraizada em suas origens. Sonic 2 deixa isso mais evidente: numa mistura eventual entre Mickey Mouse e Super-Homem, temos o Super Sonic - nuances disso ficam mais claras como o personagem ser uma caricatura de um ouriço: cabeçudo de olhos grandes (tradicional de um personagem japonês) e luvas; além de seu mundo ser retratado como de um lugar longínquo no espaço e o herói acaba transportado pro nosso planeta para ser criado por humanos e ser caçado pelos mesmos, até mesmo pelas autoridades (dignas de uma história do clássico E.T. O Extraterrestre). 

Este Sonic de Hollywood tem muitas referências ao cinema americano (como a febre dos Super-Heróis) mas há também muito mais participação do ambiente visto nos videogames nesta sequência - o que era esperado. Porém, falta-lhe coragem para se mostrar um verdadeiro filme do Sonic da forma como os fãs dos anos 90 gostariam: o personagem inserido em seu próprio universo. Apesar de termos cenários muito inidentificáveis no decorrer da história. 

De qualquer forma, tivemos muitas reencarnações de Sonic de maneiras muito diferentes em relação ao videogame: seja nos desenhos (desde aos americanos aos japoneses) ou nos quadrinhos. Portanto, essa duologia cinematográfica tenta nos trazer uma nova expansão que procura reunir elementos conhecidos em algo direcionado a novas audiências. A esperança é que ela siga ainda melhor numa cinessérie que define de vez como se fazer uma boa adaptação de videogame. 

Sonic 2: O Filme já nos mostrou para o que veio. Procurando responder alguns elementos do filme anterior, traz uma relação convincente entre Sonic (Ben Scwartz/ Manolo Rey), Tails (Colleen O'Shaughnessey/ Vii Zedek) e Knuckles (Idris Elba/ Ronaldo Júlio). O motivo da existência de uma adaptação não é apenas copiar o que já existe, como um papel carbono, mas também complementar o material de origem. E é por isso que esta obra consegue definir muito bem uma boa adaptação de videogame. Portanto, a relação entre Sonic e Knuckles acaba sendo tão boa quanto o original: Sonic 3 (1994) e Sonic & Knuckles (idem). Explicando até mesmo a questão da lavagem cerebral e a conclusão disso. Tão bom quanto o que já vimos em relação a conflitos entre mocinhos no cinema de super-herói norte americano como: Batman V Superman e Capitão América: Guerra Civil.

Nessas expansão, como uma obra de adaptação, alguns detalhes pequenos que só um bom historiador do personagem poderia lembrar: Sonic dançando break em um dos primeiros comerciais de Sonic em 1991. E como Sonic se sairia dançando um outro estilo musical ? O que se tira um humor natural para os que já são habituados com o universo Sonic. Além de manter o teor bad boy característico de Sonic, o conceito de explorar uma personalidade mais afetuosa ou mais amigável para audiência ocidentais também continua a ser explorada - o que nos traz algumas expressões raras do herói no visual fofinho e identificável que melhor o definiu neste conjunto cinematográfico. Mas há também um certo reconhecimento por parte dos protagonistas humanos - que estão lá mais ou menos para tentar ser o espelho da audiência que procura questionar os personagens fantásticos que estão interagindo na tela: como, por exemplo, destacar a média de idade dos pequenos guerreiros em cena: Sonic é uma criança em aprendizado (cogita-se que Sonic teria uns 13 anos de idade no jogo original em 1994 e Knuckles, 16, segundo o manual de instruções). 

E o melhor de tudo: uma adaptação corajosa. Os responsáveis não se intimidaram com a classificação etária do filme: 10 anos (pelo menos, aqui no Brasil, se refere ao teor violência registrado na trama) contra a classificação 7 anos do videogame (ao menos no cartucho distribuído pela Tec Toy lá nos anos 90). 

Nunca foi muito bem convincente essa relação do universo Sonic e humanos. A não ser Dr. Robonik que havia sim uma justificativa (até mesmo ambiental) do personagem representar ali como o vilão. É certo que em jogos mais atuais da marca Sonic, os humanos acabam sendo até tendo mais participação na história. Porém, nunca foi muito natural essa presença maior desde a fase Sonic Adventure do eterno Dreamcast.

Aqui, Jim Carrey (Tatá Guarnieri) é o perfeito complemento - uma vez que a relação entre Sonic e Knuckles é o forte da trama. Como Robotnik, Carrey consegue nos apresentar um degrau a mais do seu personagem enquanto faz algumas leves referências de cenas do primeiro filme - o ator reconhece muito bem que se repetir é um problema para a carreira e o torna apenas vítimas de rótulos, o que o torna essencial não só para este como em todas as obras em que o seu vilão bigodudo aparecer. Inclusive, o próprio astro não descarta a possibilidade de reviver o personagem como o Dr. Robotnik gordinho que conhecemos no futuro. E é por isso que Jim Carrey é o maior ator da galáxia - o único que Hollywood conhece e perdê-lo seria o fim injusto de uma geração. Jim consegue equilibrar o tom de crueldade do personagem com um tom de caricatura dos desenhos animados de forma perfeita - deixando assim algo nada exagerado enquanto o longa reveza isso, como distração, com os seus leves momentos de emoção, especialmente no climax, na relação que interage a aproximação emocional entre Sonic e Tails. 

Versão Dublada: da mesma forma que no filme O Máskara (em sua exibição nos cinemas brasileiros) a voz de Jim Carrey é dublada por Tatá Guarnieri (simplesmente brilhante). 

Atenção: Fiquem durante os créditos


Memórias da Sessão

Foi quase um culto. Pode perceber famílias inteiras entrando no cinema com camisas personalizadas do Sonic: mães, tias, sobrinhas, sobrinhos e filhos pequenos, fazendo um trenzinho de mãos dadas pelo corredor do cinema até chegarem em seus assentos. Algumas breves conversas entre eles foram ouvidas - um casal ali presente - falando: "-Só adulto veio pra assistir" enquanto falavam de outras animações da temporada: comparando Sonic à outras animações em CG (tão em moda nas últimas décadas). 

Um colaborador do cinema avisou que a sessão atrasaria uns 15 minutos devido a um problema. Um espectador expressou bem alto: - É O QUE ??? se referindo a um viral famoso na internet (sinal que os tempos mudaram: celulares ligados na sessão e até referências modernas, como os memes, sem dúvida uma geração regada a You Tubers). 

 Assim que comprei os ingressos, perguntei pelo pôster e recebi esse presentão do Cinesystem. Pena que ele voltou amassado pois eu não tinha uma proteção decente. 


SESSÃO CRÍTICA

SONIC 2: O FILME

Gênero: Ficção/ Comédia