A Revista Programa (Jornal do Brasil) do ano de 1991, cobriu uma grandiosa novidade da melhor década: O Exterminador do Futuro 2 chegava aos cinemas brasileiros surpreendendo os críticos como uma incrível surpresa para a história do cinema de ação. Dando brilhante continuidade ao já consagrado (e quase independente) filme de 84.
Enquanto o primeiro era um misto de ficção e terror, o segundo insere, de forma inédita, uma filosofia mais humana sobre as máquinas e reforça o medo da tecnologia com o fim do mundo. Se no primeiro, a fobia era encontrar uma máquina assassina, aqui o lance é o temor de ser dominado por elas. Mas, é claro, o mais incrível de tudo são os efeitos visuais que transcendem em um impressionante efeito de transformação (morph) através das habilidades de um novo e poderoso inimigo: T 1000 (vilão eternizado por Robert Patrick, tão temível e com raríssimas falas, da mesma maneira que o T 800 do lendário Arnold Scwarzenegger).
Toda (impossível) sequência de uma excelente obra nos tornam incrédulos em dizer mas aqui é seguro afirmar que estivemos diante de algo tão mais grandioso quanto a inquestionável qualidade do original em todos os sentidos da palavra (com orçamento de U$$ 100 milhões contra os modestos U$$ 6.4 milhões do primeiro), se tornou então um dos filmes mais caros daquela década, com embasbacantes cenas de ação - toda essa imersão única é pipoca garantida em uma rara e imperdível experiência do cinema de ação. Do nível em que assistir apenas ao primeiro, tornava a experiência incompleta.
A IMPORTÂNCIA DO VIDEOGAME
Por experiência própria, conheci os filmes graças ao T2: The Arcade Game (o jogo de Mega Drive que era uma adaptação do jogo de tiro dos fliperamas), recebi do meu pai o VHS dos dois filmes alugados e assisti em sequência. Portanto, pensar em um filme único era impossível. O mais engraçado é que ao olhar a contracapa do segundo filme, pensei num filme completamente diferente - pensei que fosse um filme bem mais simples. Muito pelo contrário, eu estava completamente enganado e, felizmente, fui surpreendido por uma continuação de um clássico com uma qualidade que jamais havia visto. Construir uma nova trama com base no primeiro e respeitar a passagem de tempo e o quanto isso mudou e tornou a história ainda maior e melhor, só vi James Cameron fazer.
UMA VERDADEIRA AULA DE FAZER CONTINUAÇÃO
Felizmente, testemunhamos esta aula de fazer sequência na história do cinema de qualidade, com boas histórias, personagens veteranos radicalmente transformados e extremamente aprofundados diante dos eventos que ocorreram ao longo dos anos (num hiato entre os dois clássicos), novos e essenciais personagens e um antagonista que demonstra ser ainda mais aterrorizante, mais ameaçador e ainda mais impossível desafio - algo inacreditável que isso seria pensado - além de reviravoltas que sequências oportunistas e mais baratas de grandes clássicos jamais pensariam ou fariam nos anos 80 ou 90. James Cameron sempre foi único nisso - sempre com orçamentos cada vez mais grandiosos sem se descuidar da história e da forma como seus personagens e cenários evoluem através da trama. Algo que Michael Bay, por exemplo, nunca conseguiu lidar muito bem - apenas descrevendo que, com a cinessérie Transformers, histórias para a molecada não valeria muito à pena se aprofundar. A verdade é que encontrar boas histórias para adolescentes (ou com crianças ou adolescentes como protagonistas) no cinema sempre é um desafio - mas isso acaba sendo história para outro dia.
Só James Cameron (que já era considerado o topo dentre dos maiores diretores dos anos 80 e Aliens: O Resgate foi um trabalho decisório para os críticos considerarem isso) pôde provar que sequências podem ser tão grandiosas ainda que estejam em gêneros bem diferentes em relação a um primeiro longa metragem já estabelecido como um dos melhores filmes da história.
O início faz parecer O Exterminador do Futuro 2 uma mera refilmagem do primeiro, embora mais refinado. Fazendo provar que sequências podem ser necessárias quando existem elementos que podem ser explorados ou até mesmo construir um novo desfecho ainda tão completo quanto o primeiro clássico que estabeleceu esta (já lendária e histórica) duologia. E a qualidade não é só na história como também fazer o espectador testemunhar o quanto a tecnologia pode evoluir - tudo isso através de entretenimento ou, simplesmente, uma experiência cinematográfica que só James Cameron poderia proporcionar para o cinema (como um diretor, produtor e até mesmo inventor). Os frutos de Cameron entre os filmes de ação - reunindo ação e tecnologia e história de qualidade - lhe renderiam grandiosos reconhecimentos adiante pela Academia de Artes & Ciências Cinematográficas (ou, simplesmente, o Oscar). James Cameron é um cineasta completo.
No canal Mestre Ryu, um vídeo (logo abaixo) apresentando esta histórica edição cobrindo através de encartes (apresentando as críticas do Jornal O Globo - o bonequinho aplaude sentado - e a Revista Veja) e uma promoção para assistir ao lançamento de O Exterminador do Futuro 2 nos cinemas brasileiros. Uma viajem a 1991 com Mestre Ryu: Através do Tempo.