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quinta-feira, 18 de março de 2021

[Filmes para te Encher de Nobreza] Um Príncipe em Nova Iorque: Duologia - Qual deles é o Melhor ?


Esse é uns da minha geração que só conheci agora - graças ao viral do segundo.

Clássico dos anos 80, da Sessão da Tarde e da coleção herdada do meu pai. Tínhamos mais de 10.000 filmes e acredito que assistimos a uns milhares deles. Acredito que não conseguimos chegar a metade, por mais fã de filmes que éramos. Era impossível, a não ser que ficássemos amarrados o dia inteiro assistindo tudo - e ainda iria faltar. Assistíamos aos fins de semana e a promessa de encerrar o estoque quando a gente se aposentasse nunca veio. Mas valeu a pena, foram mais de uns milhares, tanto da coleção como fora dela também (ou se tornava, se levar em consideração os filmes da TV). O lado bom disso, de conhecer tantos filmes (seja pelo título ou pela sinopse) é o de assistir alguns bons filmes esquecidos ou não comentados pela grande audiência da internet ou até mesmo entre criadores de conteúdo gigantes por aí.

Eu sou fã do Eddie Murphy mas admito que os títulos de seus filmes não me chamavam a atenção. Entre os meus favoritos, estavam alguns que a crítica torcia o nariz. Mas, claramente, nos seus principais filmes, ele arrasa. Ainda fica a pergunta: Por que Eddie Murphy não foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por esse filme? É, pois é. Depois falam que o mundo do entretenimento é justo em distribuir importâncias. Enfim, vocês - ou alguns de vocês - provavelmente saiba do que eu estou realmente falando.

Agora, sobre a questão dos títulos não me chamarem a atenção, eu vou explicar, pode parecer complexo mas é muito simples. "Um Tira da Pesada (da orgulhosa data do meu nascimento, 1984)" por exemplo, me dava a impressão que era mais um filme de comédia bobo de policial (estilo Loucademia de Polícia) quando na verdade.. é um baita filme de ação com comédia despretensiosa.

Um Príncipe em Nova Iorque é um filme muito à frente do seu tempo. Bom, tem os seus miúdos exageros pra uma comédia romântica quase família - com cenas de nudez dignas de uma classificação 16 anos (que é 14, mas tudo bem, Amazon Prime) pra galera de 2021 reclamar. Eu, particularmente falando mesmo, essas coisas não me incomodam nem um pouco - faz parte do universo o qual o filme está retratando (ou vai me dizer que a realeza é realmente tão inocente como nos contos da Disney ? Tá bom, agora senta lá, Cláudia). E isso foi radicalmente amenizado no segundo filme - que parece ter sido feito meio que para não só atualizar, mas as más línguas diriam que ele foi feito para corrigir "erros" do passado e tentar uma nova conciliação com uma nova audiência da geração Y.

Eu comecei pelo segundo filme, apesar de gostado da experiência, me senti mal por isso. Sim, em muitos anos (tirando Robocop) eu não assisto a uma cinessérie de frente para trás. O segundo é praticamente (ou quase isso) um remake do primeiro. Mesmo assim, esse filme, Um Príncipe em Nova Iorque 2 (2021) preencheu um pouco a arte do cavalo. Já, Um Príncipe em Nova Iorque original (direção de John Landis), preencheu completamente a essência do que o segundo estava propondo. Tanto um quanto outro, ambos em questão por aqui, foram filmes que realmente me encheram de nobreza. Um Príncipe em Nova Iorque resgata algo que realmente está perdido na sociedade, o cavalheirismo e a nobreza, de fato.

Mas nas mãos das artes sensíveis da direção de John Landis, se tem algo que eu deveria destacar, são pequenos detalhes que poucos dão atenção, mas eu dou: a personagem Lisa McDowell (Shari Headley) olhando pensativa frente a janela respingada pela chuva em uma decisão crucial da história.

Como uma comédia romântica, surpreende a preocupação em tornar crível algumas situações mais sérias e despertar alguma fragilidade para tornar o personagem mais humano e mais identificável para uma minoria selecionada.

As várias interpretações de Eddie Murphy só podem ter conhecimento de verdade se você ir dar uma pesquisada no Google pois, realmente, está irreconhecível e fidelidade louvável na pele de cada caracterização - misturando aí diversas personalidades: ele é o nobre, o cabelereiro de anos de história e os idosos da eterna clientela que estão sempre presentes nos mesmos lugares. Isso soa até estranho na sequência e soa até mesmo uma paródia clara ao primeiro longa. O que torna o segundo mais um arquétipo de besteirol leve embora não estrague o seu desempenho em se desenvolver.

O que pode deixar o segundo um pouco a desejar em relação ao primeiro é o ritmo muito acelerado. Enquanto o primeiro também contava com um ritmo acelerado de roteiro, havia uma certa preocupação nos detalhes - de uma forma que pudesse se conectar melhor com a nossa realidade e tornar realmente aceitável pelos espectadores e poderem assim se envolverem com algumas leves cenas de comédia dramática e de humor.

Em melhores palavras, Um Príncipe em Nova Iorque procura ser ágil para atrair o interesse da audiência sendo uma carta de amor de uma forma muito sutil. Isso é algo interessante a se observar por parte de Landis, um diretor do conceituado Thriller de Michael Jackson - um videoclipe musical que é praticamente um curta metragem de grande sucesso comercial de crítica e público, além de ser parâmetro de inspiração para a cultura pop mundial até hoje. E videoclipes como esse, revolucionaram a forma de ver música - essa extrema conexão entre música e cinema que são os videoclipes. Um Príncipe em Nova Iorque é quase isso, um belo videoclipe de 117 minutos (o segundo, possui 7 minutos a menos).

Vale destacar também a impressionante maquiagem e a finíssima direção de arte indicadas ao Oscar 89.

Uma característica do segundo longa é estender essa conexão com o pop, tornando tudo muito mais agitado. O que é uma homenagem bem legal por parte da sequência dirigida por Craig Bewer. Retorno triunfal de Eddie Murphy, que não perdeu o ritmo. Para quem quase desistiu de atuar devido as más recepções, está muito em forma e - sem dúvida alguma - isso é mais do que justo.

Em todo caso, prefira ao clássico de 88 e depois assista ao segundo em sequência para fazer uma comparação mais justa.


SESSÃO CRÍTICA
UM PRÍNCIPE EM NOVA IORQUE
Título Original: Coming to America; Coming 2 America
Ano: 1988; 2021 Sessão Acompanhada: 16/03/ 2021 - 01:24 - Amazon Prime