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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

[Direito de Resposta] Mídia de Opinião (ainda) é bom ? Vale a pena 'tancar' ?

Alertando que a publicação à seguir vale só para adultos bem resolvidos.
Se não aguenta, melhor não ler.

Por anos, o padrão de opinião que se costuma ver é sempre: "Joguei no Super Nintendo", "Joguei no Arcade" ou "Joguei no PlayStation". Querendo ou não, pra agradar ou chamar atenção de um nicho de videogame na internet, você precisa ser ou do time da Nintendo ou do Playstation ou do Arcade. Caso contrário, você é um tremendo 'marginal'. Pois, imagina, você um humilde civil comum, com a sua vida normal, vai entrar com a sua experiência seletiva com qualquer outro tipo de marca.. você toma no lombo. É você contra 5 milhões. 

Sem dúvida há um padrão de pensamento numa rede que deveria ser ampla. Mas a minoria que aprecia e tem uma posição ou uma experiência importante com algo fora dessas plataformas é muito pouco expressiva. Em alguns casos, até exageram para chamar atenção e isso só mancha a imagem de quem é identificado como uma minoria quase que 'anti digital'. Sim, por que a maioria esmagadora de uma já minoria, na prática, nem está tão conectada ou é pouco habituada com redes sociais.

Esse povo da Nintendo, do Arcade e do Playstation está toda na internet e sabe de toda notícia faltando 1 milésimo de segundo (ou até antes). E você que é meio fora desse circuito, é condenado por causa de 1 vírgula colocada fora da pista. Chega a ser doença essa obsessão em olhar o que os outros estão fazendo de diferente - chegamos a considerar que são 'Fiscais de (insira qualquer ... por aqui)'. 

O que tipos assim, que costumam geralmente pensar de forma apenas lógica (ou é 0 ou é 1 ou é "sim" ou é "não") preferem ignorar a essência ou o que aquele conteúdo realmente quer dizer. A pessoa pode escrever algo simples, mas estar passando o pensamento certo do que realmente queria apresentar. Mas o cara de 'pensamento lógico' sente raiva disso por que a pessoa escreveu de formas humildes e passou a ideia de uma forma democrática do que ele, o de 'pensamento lógico', que só manifestaria o entendimento de seu 'código morse' para pessoas muito específicas. Mas, se você não é um entusiasta de Nintendo, de Arcade ou de Playstation, a mensagem do pensador lógico não te serve. Logo, o pensador lógico vai rotular essa pessoa de pensamento democrático a uma criança que só vive de memória afetiva. Sendo que são as memórias afetivas que conduzem essa paixão pelos videogames por anos e anos. 

Num resumo da coisa, a internet - que era pra ser a expansão de um nicho - é muito limitada em comunidades de videogame. São sempre as mesmas ideias passadas por rostos ou mídias diferentes.
Tudo a favor de um algoritmo. E por esse problema, todas querem parecer adultas demais para falar de coisas que simplesmente foram feitas para democratizar aquele gênero.

Vejamos o que a consagrada página O Bom do Videogame (10/ 02/ 21) descreveu sobre o jogo Moonwalker

 

O principal destaque vem aqui: "O produto final tinha um visual notável e som espetacular. (...), porém, tinha uma tremenda falha: era entediante e repetitivo." - segundo a página, foram notas de um livro chamado Os Mestres do Jogo (1993) que era o oposto ao livro A Guerra dos Consoles - este exemplar que conta os bastidores da SEGA e da Nintendo, mas muito bem focado na SEGA. Os Mestres do Jogo tinha uma puxada de sardinha para a Nintendo.

Aí uma página popular dessas me mete esse viral para girar. Tudo bem, eu precisaria dar uma resposta. Pois, mexeu com as minhas origens, mexeu comigo.

Se você nasceu para jogar no videogame da SEGA certamente se viu ofendido com essa afirmação fortemente afirmada pela página - que concorda com o autor desse livro de comentário infeliz e repugnante em questão. 

Então é aí que entra a mensagem da introdução deste artigo. O pensador que encara tudo como lógico, generaliza, registra tudo na pressa - sem emoção mas na lógica, como se tudo fosse resumido em retas e círculos ou em cones e cilindros ou em, simplesmente, pura matemática. Mas nem tudo que seja visto (ou lido friamente) sem emoção é razão. Esse aí não para nem pra respirar, quanto mais em sentar e pensar ou sentir aquilo porque não se identifica com coisas simples. Pelo contrário, quer uma descrição totalmente complicada e cheia de detalhes de alguma forma que o faça entender que aquilo tem valor por que é daquele jeito, do jeito que ele pensou e não do jeito que deveria ser. A realidade é que não devemos generalizar, nem tudo tem que ser devidamente complicado e cheio de cálculos. Tem coisas que é melhor deixar para os desenvolvedores de um game. 


Pra quem curte um jogo mais lento, tipo um RPG, você está naquele marasmo de parar e conversar o tempo todo pra saber aonde tu tem que ir.. se tu não se envolve com a história.. aquilo acaba se tornando extremamente repetitivo e entediante da mesma maneira. Qualquer coisa que você não se vê emocionalmente envolvido acaba se tornando "repetitivo e entediante" de qualquer forma. 

Um Super Mario World pode ser lento, longo e cansativo se o jogador não entrar de cabeça naquele mundo que tu tem que resolver enigmas ou charadas para passar rápido de um estágio - como é o caso de Donkey Kong Country também (já vi gente se frustrando em transmissão ao vivo por não passar  de algum lugar jogando pela primeira vez). Um jogo todo dinâmico e cheio de dificuldades diversas pode não ser tão divertido assim. O que não faz Moonwalker deixar de ser desafiante, mas essa não é a sua maior proposta.

A maior charada de Moonwalker é salvar as crianças - e isso não é o tema do filme ? Por que, em sã consciência, os produtores iriam inventar um samba de coisas que nada tem a ver com o jogo só pra agradar aos olhos de algum matemático ? Desculpa, mas isso não faz sentido algum. Quem conhece Michael Jackson sabe que suas obras vem da emoção e é essencial que o jogador tenha essa essência. Quem não possui, apenas tente compreender e deixar quieto. Se você gosta de jogar xadrez, vai lá e joga xadrez, ninguém tá te proibindo. Mas aí vem sempre um jogador de xadrez querendo criar uma narrativa de que a comunidade de videogame não pode se divertir com jogos que não estão buscando por isso mas, sim, as emoções dos jogadores. 

Se até eu, que não conhecia Michael Jackson, conheci pelo videogame (sério mesmo) curtiu o jogo, como que outros jogadores pouco habituados com o rei do pop não iriam gostar de Moonwalker ? Afinal de contas, ver aquele personagem com todos aqueles movimentos era algo único - como se estivéssemos controlando um super-herói mesmo. 

Para mim e para milhares de pessoas que passaram pelo Mega Drive, Moonwalker jamais seria “repetitivo e entediante”. É impressionante como um livro assim tenta afirmar isso com todas as letras sem deixar claro “no meu ponto de vista”. Por que, sério, é preciso ter muito respeito ao falar de um jogo assim ou ter muita coragem pra querer discordar fortemente num mundo em que os jogos precisam ser “só jogo de quebra cabeça”. 


Cada estágio tem um tipo de animação, o personagem é dinâmico, os cenários mudam e os inimigos e alguns obstáculos também. Você pode abrir carros, abrir portas, entrar em passagens secretas, capturar algum segredo (no caso, a estrela cadente) e virar um robô, usar comandos especiais (como se pendurar de um galho de árvore para outra plataforma) e etc, e etc. Como um jogo como esse pode ser considerado repetitivo, meu Deus? 

Então, Moonwalker não é repetitivo. Os inimigos e obstáculos são adequados a cada ambiente, seja de acordo com o filme ou, no mínimo, sugestivos com aquele cenário - nota: zumbis em caverna não tinha no filme, mas, ok, é um ambiente sinistro - estranho seria no esconderijo do Mr. Big embora o mesmo seja um super-vilão sinistro a ponto de permitir monstros circulando no esconderijo dele.

Se você não manja de ser super-herói ou de se fascinar com aqueles passos incríveis do rei do pop mandando seus inimigos para a lua, desculpa, não fale comigo e nem tenha coragem de replicar pois você está errado. 

Uma vez que, mídias digitais são como aqueles malucos chatos à beça que escreviam cartinhas pras revistas de videogame dando as mais absurdas ideias  e agora reclama por que o Frango apareceu na Ação Games ou por que o mundo tá chato (?) desde que o FightCade ganhou a opção de mutar chat. É o momento em que paramos para pensar: sim, mídia de opinião na internet está no nível mais alto da inconveniência. 

O maior erro dessa mídia de opinião é querer encarar tudo como se fosse adulto demais. Sendo que celebrar a Nintendo ou exaltar o quanto a Nintendo foi importante na indústria não é coisa de adulto, é também da memória afetiva. Portanto, um ser que abomina uma obra de luxo como Moonwalker não teve memória afetiva alguma com ser um bom adolescente rebelde e descolado. 

MJ dispensa apresentações, né ? Um astro que marcou gerações e ver ele muito bem representado digitalmente só é entediante para quem não curte boas vibrações. E o jogo permite isso, boas vibrações aos jogadores para que eles se sintam adultos no corpo de uma criança, a possibilidade de transformar todos em super-heróis. E não era assim que o astro sempre o foi e tentou passar esse ambiente para todos através do filme ?


Listado entre os melhores jogos de todos os tempos por diversas mídias - até mesmo as digitais - fica muito complicado simplesmente tancar a opinião de uma única mídia (ainda por cima brasileira) e de alguns seguidores fanáticos por Nintendo por, certamente, terem tido alguma dorzinha de cotovelo por não ter um jogo do Michael Jackson na plataforma deles na infância. Bater assim, fica muito fácil. 


Só essa mídia nutella (de meados dos anos 2000) deu nota baixa pro jogo. Nunca jogaram 1 Mega Drive na vida. 




É muito fácil cair na febre de um velho personagem voltando em trailer como se fosse personagem inédito e nego cair matando pelo viral. Depois de 20 anos, começa um monte de chorão reclamando do quanto aquele jogo era totalmente o contrário do que a imprensa e o público esmagadoramente aprovou. Por isso eu detesto virais. Estou cagando pra Dimitrescu e Resident Evil. E é isso. _1_

Fonte: Moby Games

Essas são as mídias que se devem ouvir, as que saíram no lançamento do jogo e não as que vieram depois - criando narrativa para emporcalhar algoritmo a favor de sua própria imagem ou mídia. O que um jornal desesperado pode fazer - quando tá todo mundo falando bem de Vingadores Ultimato - ela precisa falar mal em meio ao hype ? Ganhar uns milhares de trocados com views, caralho. Afinal de contas, um tema que bomba é você gerar a discórdia.  

Fora que Moonwalker, mesmo no Mega, foi pensado pra ser um jogo de Arcade. Jogos de Arcade são dinâmicos pelo desafio. É quase um minigame, o desafio aumenta a cada fase em que é necessário cumprir um objetivo para avançar para a próxima tela. Ou tu vai me dizer que jogo de navinha é um jogo diferentão ? São todos muito iguais. E a galera ama, venera pelo desafio ou pela memória afetiva (vai falar do áudio e da animação). Enfim. 

Mas o Moonwalker do Arcade jamais será superior ao jogo do Mega. São jogos diferentes e a versão de Mega Drive acaba sendo superior justamente por ser radicalmente diferente. Não é um mero jogo de tiro. MJ salta, dá chute, faz o moonwalk, atira com o dedo no ar com uma de suas famosas poses, atira para as verticais, agacha, gira até dançar e etc, etc. Fora que em um jogo de plataforma ele é muito mais fiel ao filme. Aí eu é que pergunto: '-O jogo do Arcade é diferente do jogo de Mega Drive não sei o por que'. Mas a resposta é fácil e muito simples a ponto de ser difícil pra quem quer ver tudo de forma muito calculada e muito lógica entender. 

Para cada plataforma, o jogo foi projetado de forma diferente para alcançar públicos diferentes de acordo com cada audiência da cada plataforma. Quem curte Arcade, adora um jogo de tiro então jogos de Arcades precisam ser muito mais rápidos. No Mega, que é uma plataforma dedicada a jogos de Arcade, ele também é para uma audiência mais doméstica, para o filho que quer mostrar ao pai (que não joga videogame) o quanto o jogo é parecido com o filme. E deu muito certo. O Mega Drive não é e nunca vai ser uma plataforma de jogos de Arcade, ele é uma plataforma com jogos de Arcade ou que simulem da sua maneira, é bem diferente. 

Era muito legal mostrar pro meu pai o MJ digitalizado fazendo todas aquelas poses que o astro fazia e mais um pouco (como aquela escorregada na escada).  Meu pai era fanático por MJ de carteirinha e isso foi só um pretexto a mais pra vender o jogo pra ele - a gente ficou doido pra comprar esse jogo da locadora, alugamos em 93 e naquela época o jogo já era raro pro Mega, conseguimos bem depois (meados de 95). 


Claro, eu tenho que lidar com aqueles comentários: " -Ain, mas isso é memória afetiva". Mas memória afetiva, por memória afetiva, garanto que 99, 9 % que jogam videogame até hoje é por memória afetiva e tenta colocar isso na mente dos outros como "errado". Se não fosse por isso, garanto que os outros 1% estariam jogando videogame tanto quanto nós mas, não, estão ganhando seu tempo com alguns milhares de reais em algum cargo muito alto de alguma empresa burocrática. Ou cê ainda acha que adulto com mente de adulto realmente tá se importando com videogame ? 

Se fosse ruim ser "repetitivo" é fato que Nintendista não estaria jogando Mario até hoje. Por que os jogos são todos iguais - sem tirar, nem por. E a Nintendo se acomoda com esse modelo pois é o que vende muito. Videogames ainda vendem hoje para adultos, críticos de Facebook, pela memória afetiva. 

Todo jogo tem um padrão de jogo que se repete. Sua rotina se repete, mas não é prazeroso quando no fim você tem uma recompensa no seu contracheque para pagar suas contas ? Então, Moonwalker tem o fator retorno por simplesmente trazer boas vibrações de um artista que é super-herói, com os movimentos digitalizados simulando muito bem o original e as músicas reproduzidas de forma familiar - fora a essência de videoclipe. 

Que mania de dizer que "repetitivo" é um troço chato (menos quando você escuta a sua música trocentas vezes, né ?) ou "entediante" ( ou se é você que tá querendo pagar de adulto demais sobre a ótica de uma fantasia e não aceita a brincadeira ? ) . 

É a velha  frase: na teoria, tu pode pensar o que quiser. Conhecer na prática, é bem diferente. Por isso, a prática é muito importante. Depois reclamam de exigências de currículo gamer  - ou pedir"Gamertag" - por causa dessas coisas. Se não há experiências práticas que tragam alguma emoção a você, esqueça de querer arrumar desculpa para criticar "É bom? ", "Vale a pena ?" sobre algo que já foi bom ontem e continuará sendo hoje e amanhã também.