Capcom v.s. SNK 2 foi um título definitivo e muito relevante para o começo do século XXI. O último jogo de luta da Capcom para o Dreamcast e o último mais importante da empresa com sprites 2D. Muitos de seus elementos ali encontrados puderem ser revistos em jogos posteriores - como o revolucionário Street Fighter IV.
Desde então, o começo do século marca também com o surgimento da plataforma Mugen - uma evolução de outro software de edição, conhecido como KOF 91. Nesse aplicativo, os usuários poderiam incluir o personagem que quisesse ou até mesmo desenvolver o seu próprio jogo de luta. Essa liberdade infinita (como o próprio nome menciona, se traduzido) fazia o desenvolvedor criar uma série de possibilidades inimagináveis - ou apenas algumas delas na imaginação de cada entusiasta que sonhava com grandes encontros - como é o meu caso, eu imaginei lá em 97 um jogo em que pudesse reunir personagens de vários jogos em jogo estilo Street Fighter II e eis que, anos e anos depois, conheço a internet e o Mugen. Embora eu já tenha testemunhado experiências assim criado por programadores independentes - incluindo Andy e Terry Bogard em um SF II Turbo superior até mesmo a conversão original de SF II da Capcom para PCs.
O site Polyglon tem desenvolvido uma série de reportagens interessantes sobre os bastidores dos jogos de luta. Recentemente, no artigo Capcom v.s. SNK 2: An Oral History, Toyoshiba Tanake, o supervisor de arte de Capcom v.s. SNK 2, que também teria sido chefe diretor de criação em The King of Fighters' 98 disse o seguinte, em entrevista ao site:
" Eu tenho um segredo para te contar, e eu não sei se isso é algo que eu realmente deveria estar dizendo, mas: [...] Dois anos antes de Capcom vs. SNK sair, fizemos King of Fighters '98, e na verdade tivemos um pouco de tempo depois que terminamos o desenvolvimento. Então a equipe acabou fazendo uma construção do jogo com Ryu e Ken nele. Isso não é algo que muitas pessoas sabem - eu acho que só os desenvolvedores sabem sobre isso, e eu nunca disse a ninguém - mas sim, apenas por diversão, antes de Capcom vs. SNK era uma coisa, eu estava jogando como Ryu e Ken em King of Fighters '98. [...]
Eu tenho as minhas dúvidas [uma nota do editor destaca sobre a dúvida de Toyoshiba se essa versão ainda existe em algum lugar]. Fizemos isso no hardware de desenvolvimento, então é claro que nunca foi em um cartucho físico. Além disso, só estou me lembrando disso agora, mas não foi só com Ryu e Ken que acabamos brincando. Nós colocamos personagens de Dragon Ball, como Son Goku, também. "
Graças à plataforma Mugen, hoje tem muitos desenvolvedores independentes que acabam apresentando seus trabalhos criando jogos especiais de marcas conhecidas.
Apesar dessa onda paralela de jogos criados em plataforma de fácil acesso para desenvolvedores sanar todas as nossas expectativas em super encontros (ou até de super-heróis que sequer nunca ganharam um jogo nesses moldes, como o Jaspion) - o que é um movimento indispensável - parece que isso pode ter feito que os produtores do grande mercado de jogos a fazerem uma valsa maior para buscar surpreender a audiência. Ao invés de se concentrar em crossovers como o grande show - eles acabam se tornando uma mera adição a jogos de celular ou até mesmo em divisões de atualização por temporada em títulos homônimos como Tekken 7 e Mortal Kombat 11.