MR: Desde quando você curte videogames?
B:
Eu comecei a jogar videogames em 1983, com o Atari 2600.
Enduro, River Raid, Wizard of Wor, H.E.R.O., Keystone Kappers, Seaquest foram basicamente o começo da minha infância.
Teve o MSX entre 1985 e 1989 também.
MR: Você acreditava que seria uma competidora em algum momento ? Quando surgiu a vontade de competir ? E em quais jogos você costuma competir?
B:
Em jogos de luta, eu sempre fui competidora. Colocava roupa de homem e ia bater no pessoal no KOF nos fliperamas da cidade, mas não achava que iriamos ter uma cena com streams, fans e todo tipo de modernidade e alcance que temos agora.
Eu voltei a jogar jogos de luta de forma mais séria no final de 2017 e comecei a competir online em 2018. No segundo semestre de 2019 eu finalmente juntei conhecimento e força de vontade suficiente para encarar o offline.
E para minha surpresa, aqui em Curitiba eu fui muito bem recebida e não precisei descer pancada em ninguém para ser respeitada como competidora. Os guris do Treta são top.
Eu costumo competir no SFV e de vez em quando apareço nos mensais e semanais de Tekken para levar 0-2, fazer número e ajudar a comunidade deles.
MR: O que um competidor precisa para ter para ser visado? É muito difícil entrar nesse meio profissional ?
B:
Se uma pessoa que ser visada e conseguir competir de forma profissional, ela precisa ter presença forte online, principalmente no Twitter e saber MUITO como se vender e fazer marketing da sua marca.
Ter resultados bons e consistentes ajuda bastante, mas se você for uma eremita, esqueça. As marcas e os times não vão querer saber de ti.
Aprenda a valorizar e vender a sua persona gamer se você quer ganhar dinheiro nesse meio.
Como eu não pretendo me tornar "pro", eu não me preocupo muito com isso. Só quero mesmo é continuar jogando nos offs, pegando uns top 8 aqui e ali, me divertindo e fazendo novas amizades.
MR: Nesses anos de comunidade gamer, pode nos compartilhar um momento engraçado seu ? Um momento triste? O mais assustador? E o melhor momento ?
B:
Bem, eu usava cabelo curto e vestia roupa de homem para ir jogar KOF nos fliperamas lá pelo final dos anos 90. Acho que esse é o momento engraçado, triste, assustador, etc.
O melhor momento foi o primeiro Fight Like a Girl em 25/01/2020.
Ver tantas gurias vindo jogar, a comunidade recebendo-as de braços abertos, com muito respeito e incentivando elas a jogarem foi lindo demais.
" .. Eu usava cabelo curto e vestia roupa de homem para ir jogar KOF nos fliperamas lá pelo final dos anos 90. "
MR: E pra você, quais são as suas maiores dificuldades ou limitações ? Como você lida com elas?
B:
Eu sou velha. Minhas reações já não rápidas quanto a esse bando de guri amaldiçoado que jogam FGs!
Então eu treino força, resistência mental e planos de jogo para ser full retranca e irritá-los com isso, fazendo com que eles percam a compostura e me permitam matá-los pouco a pouco.
MR: Quem são as suas maiores inspirações ?
B:
Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, André The Giant, Grace Jones, Ted Boy Marino, George Foremann, que voltou a competir quando velho, exatamente o que eu estou fazendo com o SFV, entre outros.
Na cena de jogos de luta, Justin Wong e seu lame play, Ricki Ortiz, Chocoblanka..
MR: O que você gosta de fazer no seu tempo livre?
B: Tricotar, levantar peso
MR: Existe apelação em uma partida ou vale tudo que está no jogo?
B:
Se você não sabe defender o que o oponente está fazendo, nem entender o que está acontecendo, o problema é seu.
Fraquezas são para ser exploradas. Como um homem muito sábio disse nos anos 80: "Se ele sangra, podemos matá-lo".
Então vale tudo. Vai para o lab e aprende a lidar com o que aconteceu que aquilo vai deixar de ser "apelação"
MR: Que mensagem você deixa para as pessoas tóxicas no meio competitivo ? Já chegou a ser atingida por isso ?
B:
Pessoas tóxicas não iriam ouvir qualquer mensagem minha, então não gasto energia com isso. Esse tipo de pessoa não vai mudar apenas com palavras.
E sim, já fui, mas aquilo que não me mata me torna mais forte.
MR: Pode dizer um pouco sobre você além dos games? Tudo o que puder dizer (seria pra usar de introdução ou descrição).
B:
Bem, eu sou uma mulher madura que curte muito filmes do Schwarzenegger, filmes de ação dos anos 80 e 90, revistas de faroeste espaguete, video games, andar, assistir e praticar boxe, tele catch/luta livre.
Não sou muito fã de sair, sou mais doméstica mesmo. E sou solteira convicta. Fiquei para titia e sou feliz por isso.
MR: Se não foi respondida anteriormente, você possui alguma outra habilidade ou especialização além dos games?
B: Eu sou desenvolvedora de software com mais de 20 anos de experiência profissional. E também sei destilar rum.
MR: Tem alguma preferência por algum videogame, títulos de jogos, quadrinhos, séries de TV e filmes? Diga-nos o que você pensa a respeito.
B:
Videogames eu gosto muito de jogos do NES. Já fui muito boa no Mike Tyson's Punch Out, continuo decente no Ghosts 'n Goblins, Adventure Island, Ikari Warriors entre outros jogos fáceis que já terminei.
Quadrinhos eu AMO Tex Willer da Bonelli Comics. Não tem como viver sem quadrinhos do Tex Willer.
Filmes eu já abordei em uma pergunta anterior, mas Conan: O Bárbaro de 1982 é o meu filme favorito de todos os tempos.
MR: Qual o seu maior sonho?
B: Inspirar uma guria a jogar fighting games competitivamente, ver ela crescer no jogo, me superar de forma gritante, vê-la subir nos meus ombros depois de trilhar o caminho que abri para poder ver e alcançar feitos que eu jamais poderia conseguir.
MR: Se a Bea te encontrasse, o que ela díria pra você ?
B: Se a Bea me encontrasse, ia dar ruim. Eu ia achar que ela é uma replicante (de Blade Runner), ela ia achar que eu sou uma replicante e só uma sairia andando do encontro. Ou nenhuma das duas.
MR: Como uma figura pública, o que você jamais faria, nem que seja por R$ 1 milhão ?
B: Qualquer atitude que prejudicasse todo o trabalho feito para valorizar a cena feminina até agora.
MR: Projetos para o futuro?
B:
Me aposentar, voltar a praticar boxe com mais seriedade, puxar ferro muito mais, achar um grupo de wrestling/tele catch para participar enquanto meus joelhos permitirem.
E continuar fazendo o torneio Fight like a Girl e promovendo a cena feminina de jogos de luta até isso não ser mais necessário.
MR: Qual mensagem você deixaria para as jogadoras do mundo ?
B:
Joguem. Treinem. Entrem no lab e descubram os pontos fracos do seu personagem, dos personagens que os seus oponentes usam.
Eles sangram, vocês podem matá-los.
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E à você, muito obrigado por acompanhar até aqui e espero que tenha gostado. Nos ajude espalhar o amor pelas jogadoras de videogame compartilhando este material e curtindo a página Elas Sabem Jogar no Facebook.
Até mais.