sábado, 14 de março de 2020

[Semana da Sexta Feira 13: Dedo no Joystick] Darkstalkers: The Night Warriors (Arcade)

 EMPREITADA NO DESCONHECIDO


Em 1994, os desenhos 2D dominavam os cinemas, com os seus recursos caprichados de animação, já cada vez mais aliados à computação gráfica, para se criar efeitos ainda mais embasbacados que os de décadas anteriores. A Disney foi um grande exemplo disso. Nos games, haviam grandes exemplos: The Lion King, Disney’ s Aladdin, Global Gladiators e outros, a maioria era da Virgin Games, como os citados, e contava com o gênio David Perry por trás na programação, fizeram um grande sucesso nos 16 bits e alguns também tiveram suas versões convertidas para o PC (que também contavam com jogos do estilo). Muitos desses tipos de jogos era usando recursos de animação feitos a mão (e animados como um desenho, e não tradicionalmente por computador diretamente).

A Capcom estava atenta à evolução e ao que estava dominando o interesse comercial. Acreditava-se que não se poderia ir além da sombra de Street Fighter II. O  Super Street Fighter II Turbo era o auge da saga de jogos de luta mais famosa e mais bem sucedida de todos os tempos, mas a Capcom acreditava que pensar só em Street Fighter II não era o suficiente, ela queria um passo à frente. E Darkstalkers se tornou a resposta. Para a imprensa, o projeto foi apresentado oficialmente como  O Substituto de Street Fighter II – como se a motorista  estivesse se cansando de seu carro chefe. 

Era o momento de apresentar novas técnicas de animação em uma era Pós-Final Fight. Traços mais próximos aos desenhos animados cinematográficos e menos humanização – usando e abusando de caras e bocas dos personagens, principalmente em situações que são queimados por um golpe, por exemplo. Trocou lutadores estereotipados por criaturas estereotipadas, dos mais diversos mitos, podendo se jogar com um Conde Dracula contra um Pé Grande. Se você acreditava que Blanka era suficiente, imagina só um exército?








   Evolução na Jogabilidade   
Sai debaixo, Satanás!

Na teoria, Darkstalkers tem um estilo de jogo tradicional em Street Fighter: 6 botões de ataque, 4 botões de movimento, sendo o botão de cima que serve para pulo e a direita ou esquerda para caminhar ou para defesa (com aquela vulnerabilidade a ataques especiais).

Na prática, você encontrará diferenças. Há o famoso passo rápido (ou dash) com dois toques, pra frente ou pra trás, como nos jogos da SNK. Cada personagem possui um estilo diferente, Demitri faz uma espécie de teletransporte enquanto Morrigan voa com  o seu jatinho. Há a recuperação rápida, quando está caído, e a defesa aérea. Além disso, combos mais insanos, ao gosto dos hardcores, podem ser feitos até mesmo no ar, aproveitando as três intensidades de soco ou chute de forma extensiva.  

A barra Special é um reforço para as horas de aperto. Seu funcionamento é mais semelhante à barra SUPER de SSF II T do que os conhecidos Fatais (Danger Movies) dos jogos da SNK, como aquele tipo que o seu personagem precisava tomar-surra-feito-um-condenado, até a barra de energia estar na metade (e rezar para não morrer antes do adversário te detonar). O sistema é mais prático, com limitações diferentes dos antecessores citados.  Pode ser carregada também com ataques comuns, além das técnicas especiais que não dependem de barra. Se o jogador não estiver usando nenhum recurso para alimentá-la, a barra vai diminuindo bruscamente até a estaca zero. Além da possibilidade de se utilizar um especial de barra específico, os especiais comuns, que não dependem de barra, são fortalecidos temporariamente – esse recurso ficou conhecido posteriormente como EX Move.  Cada recurso só pode ser utilizado uma vez a cada momento que o letreiro Special estiver piscando (nota: apenas 1 EX Move a cada carregamento).


  Conheça As Figuras  
Aqui só tem boneco normal.

Nota: cada personagem representa um país (Algo familiar? Oh-não-me-diga!)
Veja quem é quem nessa brincadeira de Halloween com socos e pontapés. 



Muitos elementos familiares, ou já presentes, na saga Street Fighter II, foram realçados. Há a descrição ROUND...FIGHT! enquanto o ROUND é trocado pelo READY, envolto de uma voz sombria  para entrar no clima da empreitada.  O símbolo , famosa descrição que representa uma vitória perfeita, sem perda de energia do jogador, parece até coisa do Batman. A abertura tem aquelas características que já viraram marca de SSF II e SSF II T: trovoadas e trovoadas, surge o protagonista (nas sombras) e logo depois os outros personagens – o diferencial é a maior fluidez da animação, bem mais próxima ao dos personagens em ação no jogo.

Nos efeitos sonoros há também diferenças perceptíveis – as batidas assumem ares mais suaves - apesar de alguma sonoplastia familiar. A trilha é composta de música instrumental, clássicas e contemporâneas (faz uma mixagem entre música eletrônica ou um ritmo pop).


Progresso Notável, Ousadia É Lucro. O Carisma, Vem De Seu Tema.
A empresa acertou em trazer um ambiente característico que faz muito sucesso entre o público, principalmente nos gêneros de terror e filmes B do cinema. A ambição da Capcom, tanto em animação quanto em personagens obscuros, teria rendido um investimento financeiro ainda maior dessa vez. Porém, não envolve tanto quanto o carro chefe (SF 2 – precisa dizer?) ou a mesma notoriedade deste ao redor do mundo, mas ainda assim, carrega apreciadores, principalmente no Japão, e graças às suas conversões caseiras para Playstation e cia, se tornou mais popular. O jogo sofreu do mesmo mal que o veterano Street Fighter, é mais uma série que se iniciou meio torta, mas que foi melhorando em suas sequencias – Night Warriors: Darkstalkers Revenge é um remake muito superior ao original, por exemplo.

Mas será que toda essa empreitada em investir num jogo de luta de clima sombrio não seria uma maneira de abalar a Midway e o seu incrível e genial Mortal Kombat? A resposta é bem provável. Combos hardcores, mais sangue jorrando, finalizações que mais parecem fatalyties, sem contar a lenda dos mortos vivos...


A Capcom não foi a única a investir em um jogo de luta desse estilo. Há 1 ano, a SEGA lançou o seu jogo de luta pra Mega Drive: Eternal Champions. Jogo com uma jogabilidade obscura. 1 ano depois, teve uma continuação para Sega CD (Challenge From The Dark Side – nominho angelical, não?) coincidentemente no mesmo ano em que os nossos amigos Night Warriors deram as caras no fliperama.

Darkstalkers foi feito na mesma placa dos dois últimos Street Fighter II até então, Super Street Fighter II e SSF II T, com 226 Megas de memória contra 190 da versão turbinada do Super Street.



 DEDO NO JOYSTICK 
DARKSTALKERS

 EXTRAS 
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