PlayGame foi a grande arma tecnológica do SBT para combater o Xou da Xuxa
Um Programa Onde Não Há Limites
entre o Real e o Imaginário
MEU DEUS, HÁ QUANTO TEMPO QUE EU NÃO ESCUTO ISSO.
É muito incrível como a percepção de nossa expectativa (ou realidade reimaginada de nossa infância) muda ao rever agora adulto. O Dr. Robotinik que eu me lembrava era gigantão, com detalhes fieis aos games, e com uma voz mais sarcástica. Eu havia recém conhecido Sonic e achei o Dr. Robotinik amedrontador do mesmo jeito (especialmente quando menciona o valor de pontos que o participante deve fazer). Outra curiosidade em sua aparição é que tocava a música do primeiro Sonic (e isso eu me recordo muito bem).
Também não me lembrava de nada além da fase mais esperada: o da realidade virtual (aonde os participantes eram levados para dentro do videogame). Agora, eu pude ver o quanto o programa tem muito do espírito dos programas de videogame - que era colocar os participantes para também jogar. E, apesar de uma certa atrapalhada ali, eu via que os jogadores jogavam até melhor que em outros programas. Gugu entendia o nome (mais ou menos) de acordo com o som que entendia, algo como: "-O que você mais gosta de jogar ?" o garoto respondia: "-Istritof Rage" Gugu confirmava: "-Ah, você gosta de Istritof Range!" . Gugu teria citado o nome do game umas duas vezes diferente no programa: Istritof Range e Istritof Game - na fala rápida, entendemos que ele se refere Street como "Istritof". E se fosse Street of Game, na tradução, seria Rua do Jogo? E Street of Range? Rua da Alcance, na tradução ? E eu que chamava Street Fighter de Stritit Figeti ? Essa inocência da TV com os games nos anos 90 ainda é fascinante. A descoberta de um tesouro. Mas a locutora dava um show ao falar ' Mega Drive ' no mais fino inglês.
E PlayGame é esse tesouro perdido recuperado pelo SBT. Obrigado, SBT.
É muito incrível rever Gugu jovem, já com uma certa influência na telinha, com um programa de
videogames que explorava a realidade virtual - algo até então inédito na TV. Esse, certamente, foi a sua única e grande empreitada com o universo dos baixinhos (crianças e adolescentes de 8 a 12 anos) concorrendo com a rainha Xuxa e em concordância com uma, então, nova geração já globalizada.
O joystick presente na mesa dos participantes se similava muito com o do clássico Atari (grande referência dos games em seus primórdios - e os games só estavam em sua quarta geração)
Tênis voador garante 50 pontos à dupla participante
Os balõezinhos tiravam uma gozação no programa.
Quem estava indo mal nas provas, tomava uma bomba. Bem cartunesco.
É possível também ver que o episódio liberado é bem familiar, com cenas bastante aproveitadas nas divulgações do programa tanto pela internet quanto pelas revistas e veículos da época. O programa teve o patrocínio da Tec Toy e produzido pelo SBT (em um orçamento estimado de U$$ 150 mil) como parte da série de atrações do Programa Silvio Santos. Curiosamente, inspirado no formato do Nick Arcade - um programa americano de games pelo canal pago Nickleodeon (uma emissora dos EUA considerada referência entre crianças e adolescentes e tem, ninguém mais e ninguém menos que, a MTV como proprietária).
O programa Nick Arcade é bastante comparado ao PlayGame. Será que os milionários de TVA assistiram isso legendado? |
Assim como no Nick Arcade, no PlayGame, os participantes também respondiam perguntas sobre variedades. Os efeitos sonoros encontrados para simular a jogada de dados ( ou seja, a caminhada de Sonic, mesmo que não sincronizada em tela, para seguir com o jogo) são familiares com outros programas de perguntas e respostas (quiz) da emissora.
Entre os jogos disponíveis: Quackshot, Moonwalker, Streets of Rage 2 e Sonic the Hedgehog 2. Naquela época, (como o programa foi exibido entre maio e agosto de 1993) Moonwalker já estava, aparentemente, entrando para a lista dos jogos raros. Era impossível encontrar algum lugar para venda, acredito que pela sua alta venda em comparação às poucas remessas e falta de reposição do cartucho no mercado. Mas, felizmente, eu conheci o jogo através da locadora (alugando e jogando em casa - foi o ano em que também conheci Michael Jackson). A passagem de alguns jogos de sucesso, no acervo do Mega Drive, era curta no catálogo da Tec Toy.
Os prêmios do programa são apetitosos até hoje.
E como tudo que é bom dura pouco, o programa exibido aos domingos durou apenas três meses, entre 9 de maio e agosto de 1993 às 14:30, da mesma forma que veio como uma surpresa imediata e encantou as minhas tardes de domingo, desapareceu sem mais nem menos da grade de programação e num fim de semana seguinte já estreava o Domingo Legal. Eu fiquei a ver navios, por anos, esperando um dia o Gugu voltar com o PlayGame. Um sonho, como bem sabemos, impossível.
Porém, no mesmo ano de 93, no começo de uma tarde de sábado, zapeando pela Gazeta, surgia uma tela de encerramento - créditos rolando com cenas do Sonic 2 na tela - meu fim de semana de atrações na televisão estava sendo resgatado - #saudades de você, 1993, dessa programação premeditada pela febre do videogame.
Já se fazia 1 ano sem Jiban na Rede Manchete. No fim de 92, os games me salvavam do hiato emocional com o Mega Drive II e o Sonic The Hedgehog. Com o Sonic, iniciei a minha devoção definitiva ao mundo dos games. Em 93, conheci a máquina arcade Final Fight em uma loja de doces dentro de um clube de festas da escola. A mudança de percepção que eu senti ao rever o PlayGame na íntegra foi o mesmo com Jiban - mais de 10 anos depois, ao ter conhecimento de seu resgate pelos fãs com o fórum e site Tokusatsu Brasil (em meados de 2004). Com toda a malicia dos 30 anos, fica impossível observar a genialidade de suas criações em sua época. Olhar com os olhos de hoje, jamais reimaginaria melhor o meu eu criança em 1993 ou em 1992. Mas se eu apagar o horror da atualidade, eu consigo.
É de profundo agradecimento e ao mesmo tempo profundo pesar pelo quanto de tempo que o SBT levou para disponibilizar, pelo menos um episódio do programa, na integra no ar. Agora, é aguardar o SBT disponibilizar toda a série de programas completo ou deixar que os criadores entusiastas se motivem a fazê-lo, sem que os mesmos sejam penalizados.
Bem, eu acredito num mundo perfeito. Como era com o Dreamcast.
Confira esse presente de Natal na íntegra
SBT, DISPONIBILIZA OS OUTROS EPISÓDIOS,
NUNCA TE PEDI NADA.
Ou deixa os criadores de conteúdo disponibilizar sem penalizá-los. Por favor!
( Notem que a foto de chamada não é a mesma do episódio. Portanto, há uma esperança de que o SBT, em algum momento, reprise todos os programas do PlayGame, da mesma forma presente, por completo ? )
O programa Nick Arcade (Copilação do desafio interativo)