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sábado, 21 de dezembro de 2019

[A Marginalização do Nerd] Todo Mundo Odeia o Tiago Leifert - A Arte da Besteira: O Insulto Final

A Marginalização do Nerd é estar à margem do grupo em questão, isolado. Esse isolamento pode servir tanto para quem se afasta do grupo de nicho (dos reais inteligentes) quanto daquele que se afastou do grupo que se corrompeu. 



Em uma transmissão ao vivo recente de uma rede social (não vou citar o canal tampouco o causador do problema para evitar propaganda desnecessária)  se foi comentado um tema preocupante e muito importante: Como construir uma comunidade de jogos de luta pronta para explodir para fora do seu nicho ? Dentre tantos temas dispensáveis para um público geral, aquele certamente foi o tema mais importante da transmissão.

Citaram You Tubers e nomes do público gamer para uma audiência que só tinha na cabeça uma única preocupação: Qual vai ser o próximo jogo que eu vou jogar?  É sério.  Infelizmente uma cambada de maluco que só pensava em jogar, beber e zoar. Quer dizer, beber, até que  não, nem todos, mas bastante infantil e limitada na mentalidade –até os jogadores zoeros e pirralhos de Overwatch são mais aturáveis.  Eu lido com comunidades de jogos de luta há mais de 10 anos. Verdade que hoje o cenário se profissionalizou, a estrutura melhorou, mas parece que a mentalidade ainda continua limitada. Sabe como é pintar a casa e por dentro continuar a mesma coisa ? É isso que acontece com a comunidade. Depois ficam de mimimi pra dizer que o cenário não cresce?  Que ninguém vai aos eventos? Que ninguém ajuda ? SÉRIO QUE VAI CHORAR ?

A comunidade de Jogos de Luta respira por aparelhos, pede ajuda quase pedindo esmola por que a cada geração perde grandes talentos para outros jogos.  Se eu reclamo é por que eu me importo.  A cada jogador que deixa de jogar Street Figher V, eu fico de luto. (Eu mesmo tô pendido arrego. Jamais acreditei que fosse dizer isso, mas é verdade. Tudo parece mais quartel militar, pronto pra próxima guerra, do que família esportiva agora.)

A comunidade só pensa em competir e não de se socializar ou se unir de verdade. Isso na teoria. “-Vamos nos unir para ficar bonito no espetáculo, depois vamos nos separar depois que o espetáculo acabar e vida que segue!” Não é assim.  Para vender uma boa imagem da comunidade, antes de tudo, é preciso que o respeito venha de raiz. Tá foda achar gente que realmente tenha o devido perfil ou comportamento para agir na formalidade do que na molecagem. Os tempos de fliper já passaram, a não ser que continuem vivendo a época do fliperama de bar a vida toda. Melhor então abrir um fliper em casa e chamar os amigos, não venham falar de tornar comunidade de jogos de luta um espetáculo se na verdade está ali para competir. Mas.. competir até pra confrontar riscos? Sabe para o quê essas pessoas competem? Elas mesmas nem se perguntam sobre isso por que só querem ganhar  e não se questionar da derrota. 

É preciso, antes de tudo, para nos tornarmos uma sociedade grande, combater o nosso próprio orgulho. Não é o que está acontecendo. O inimigo está dentro deles, só que ninguém percebe. Na dita transmissão só vejo um certo moderador, que está ali só pra vender seu marketing para manter e ganhar mais audiência no seu canal no You Tube, querendo o tempo todo confrontar ideias com contra argumentos, querendo aparecer para os fiéis seguidores de sua igreja. Botou os pés na janela outro dia e já quer aparecer  como se fosse o maior especialista da cena competitiva de jogos de luta quando eu (duvido) ter sequer pisado os pés em algum campeonato ou  vivido a fundo a comunidade com tantos anos de experiência como eu ou qualquer outro apresentador daquela transmissão (todos os cinco presentes, certamente, eu sei que estão debatendo ali e estão praticamente respirando os campeonatos – uns organizando e outros comentando ou apresentando de fato).  Acho um tremendo erro deixar um cascavel assim entrar como penetra simplesmente por que é popular. Um veneno pra comunidade. E como se não bastasse, envenenou a opinião de outras pessoas sendo repetida por apresentadores da transmissão.   

Virou uma chatice, e sai do chatt sem a transmissão nem chegar na metade. Quando voltei, já estavam falando de coisas técnicas de jogador pro – conteúdo de opinião genérica que dá pra encontrar em qualquer chatt da comunidade no WhatsApp todo santo dia (e mais um pouco). Realmente essa comunidade não tem jeito mesmo.  Antes de querer construir o terreno, vamos cuidar das peças primeiro.

 Sei muito bem que não é de hoje que a comunidade de jogos de luta é bem pequena e simples. Qualquer pessoa pode entrar e arrumar ou enterrar de vez aquela casa. Mas  o medo de se arriscar só cria bloqueios. E ainda ter um “porta voz” na moderação desse evento querendo incitar esse medo é pior ainda. Eu realmente me impressionei com o tanto de bloqueio por parte daqueles seres,  membros da comunidade, enraizada por preconceito.

Numa conversa sobre apresentadores, um nome representante, dentre tantos outros nomes, indiquei o (por que não) Tiago Leifert – pelo seu programa Zero1 da TV Globo. É importante que tenha de haver um estudo de currículo dos profissionais que possam nos representar como comunidade de jogos de luta para fora dessa comunidade – que possa falar para todos os públicos, seja de outros jogos ou seja de quem praticamente não está nem aí pra jogos.

Eu sou homem pra assumir que indiquei Leifert. Porém, eu não acompanho muito o apresentador tampouco sou fã de carteirinha, já logo adianto.  Porém, decorrente a isso, o moderador You Tuber se desesperou de tal forma que parecia que o cara ia tirar ele do posto de futuro apresentador de jogos de luta de algum campeonato. Outros “fãs” puxa-sacos se doeram pra defender logo a surra que o “famosinho virtual” ia levar de mim. Porém, deixei de lado, e preferi sair do chatt da transmissão alguns minutos engolindo sapo depois. Não sei por que ainda aturo essa comunidade, é demais pra mim.

Eu vou dizer a vocês, se eu chego para os meus colegas de trabalho – muitos não jogam mais ou sequer ligam pra jogos embora tenha filhos que gostem – ou pra minha vizinha, acima dos 65 anos de idade, e digo: “-Olha, esse fim de semana eu irei viajar para um graaande campeonato de jogos de luta, sabe ? E lá ele vai ser apresentado por um tal de EternoSeuZédaEsquina, sabe ? Vai ser muito legal, sabe ?” (Duh!) Dá na mesma, óbvio. Diferente de chegar e dizer: “- Ele vai ser apresentado pelo Tiago Leifert! Que apresentou o programa Talentos da TV Globo. ” É outro peso. Até  para aquela gatinha do ponto de ônibus que eu quero desenrolar.  Quem é Seu Eterno Zé da Esquina perto de um Tiago Leifert, meu cumpadi? Ninguém, rapá! Eu te digo.  You Tuber é “pé de chinelo” igual a qualquer um comparado a um apresentador em ascensão na TV para a mente do público comum, de fora, que queremos atrair e mostrar a eles que podemos ser respeitados como qualquer outro esporte.  Do contrário, vai continuar a ser considerado apenas “Joguinho” para toda essa gigantesca população. E quer saber ? Eles não estão mais errados, justamente por que a comunidade que deveria ser unida e defender uns aos outros acaba criando armas para brigar entre si por causa de um cuzão que só se preocupa em fazer seu marketing.

Não importa o quanto de carisma o cara tenha, se não é da TV, se não é da grande mídia ele só será conhecido para um nicho. Chega dessa mentalidade que só subcelebridade tem que estar envolvida pra fazer isso crescer.  Hoje eu vejo muito dessa margem dessa minoria menosprezando caras muito populares. É na hora de torcer o nariz pras grandes ideias que outros acabam pegando e fazendo acontecer e a comunidade de jogos de luta fica aí chupando dedo a vida toda. 200 anos pra aprender? E quando vai aprender? Quando já não tiver mais nenhum jogador?

Por que pelo que parece, a comunidade só se importar em agregar jogador pro pra jogar e visivelmente acaba bloqueando os iniciantes de se motivarem a vir conhecer e se enturmar,  saber que a comunidade não é tão obscura assim. Mas pelo que parece, essa geraçãozinha que sempre se imagina estar jogando no fliper, não sai da década de 90 então fica bem difícil mesmo vender para um nicho que hoje em dia não mais vê graça em ficar se matando em jogo de um contra um por considerar tudo muito underground e difícil de se adaptar.

A comunidade vende os jogos de luta como um gênero impossível de voltar a ativa. Temos que nos readaptar e acreditar nos riscos. Não precisa ser um Tiago Leifert, pode ser um Otávio Mesquita (que também já frequentou eventos de cultura pop), pode ser  um Rodrigo Faro (que já apresentou programas de games) ou um Danilo Gentili (que é um nerd assumido), um Rafinha Bastos (talvez? Apesar das polêmicas) ou até um João Gordo. Infelizmente ninguém entregou ideia melhor do que o Tiago Leifert. Apenas apontou o dedo pra rir ou falar merda a favor do EternoSemSal. Portanto, a minha ideia permanece a melhor coisa dessa “live” aonde deixar em questão a ideia de como tornar a comunidade de jogos de luta um show aberto foi a melhor sugestão de todo o vídeo transmitido ao vivo para todo o país (e fora dele).