O Programa Game TV e Eu
O fim de uma saga se aproxima
Tudo começou em um grupo de jogatinas. Este é o trecho do vídeo Jogatinas na Casa do Eduardo - o anfitrião e a pessoa mais importante que pôde fazer o nosso nostálgico e expedicionário projeto acontecer
Caro assinante, seguidor, amigo do Santuário, se você me acompanha desde o começo de nossa saga inciada em A Década do Tetra, pôde perceber feitos incrivelmente inesperados e milagrosos em volta da nossa busca em recuperar a história deste programa. Esta atração que surgiu em 1992 na TV Gazeta/ CNT, mas muito dos registros encontrados são de 1993 - programas exibidos pela CNT/ Gazeta.
Devo agradecer imensamente ao Eduardo R. Marcelino, dono do Street Fighter Game (Yahoo! Grupos). Se não fosse por ele, toda essa história aqui jamais teria acontecido. Neste grupo, Eduardo organizava encontros pelos arredores de São Paulo afim de disputar jogos de luta entre amigos - especialmente marcados pelas partidas de Capcom v.s. SNK 2 em que a expressão dos jogadores (agindo em seus controles Arcade) era o principal centro da atenção nos vídeos gravados - ainda uma novidade aquele conteúdo para as redes sociais no ano de 2006, mas compartilhados internamente em arquivos de download do grupo. Ao observar os e-mails antigos, vi que eramos constantemente ativos com muitos conteúdos de jogos de luta sendo trocados entre nós (uma delas, até divulguei o evento Avex). Até que um belo dia, Eduardo compartilha o maior presente que já tivemos no grupo (pra mim, o maior presente que já recebi na web): gravações do antigo Programa Game TV. Com o consentimento de Eduardo e do grupo, pedi permissão para compartilhar as gravações no antigo site Ultracombos. Posteriormente, eles foram migrados para o canal Mestre Ryu no You Tube, em 2009.
O Yahoo! Grupos, inclusive, é uma rede social que está prestes a ser extinta pelo Yahoo. Isso nos faz sentir como o tempo passou. Assim como também passou a acontecer com a importância que esses programas de videogame, raros na TV aberta, acabaram ficando para trás com a popularização dos vloggers em meados de 2012. Essas relíquias que marcavam a história das dicas, novidades e cobertura de videogame na TV acabavam então obsoletas, ficando pra trás. Talvez, a própria televisão esteja ficando extinta?
Por ainda ser uma novidade, e pela popularidade esmagadora de Street Fighter II, o vídeo do Game TV mais assistido até hoje no You Tube é o trecho aonde a esbelta e jovem apresentadora Liz Reis (no auge dos seus 16 anos) ensinava aos jogadores os golpes do Street Fighter II Turbo Hyper Fighting, que acabava de ser laçado no Super Nintendo lá no Japão (inclusive, os nomes eram apresentados diretamente pelo nome original dos personagens no país nipônico). E como naquela época não existia internet, as informações vinham das revistas e do boca a boca sobre os jogos. Ou seja, o negócio era tudo feito na raça, na cara e na coragem - sem todo o entendimento fácil e mecânico das obras digitais de hoje em dia. Por isso essa fase, dos programas de videogame na TV, eram tão fascinantes em sua completa reprodução monumental da época.
Vários veículos como o blog Girls of War e o Canal 90 (mesmo sem ter creditado) chegaram a citar fantásticos e históricos trechos do programa - respectivamente: os golpes do Street Fighter (com o link do vídeo numa matéria) e uma das visitas à videolocadora PlayGames (usadas como um curto trecho para explicar a febre de Mortal Kombat).
Posteriormente, outros canais como o Reise Durch Die Zeit e Ricardo Fabretti, por exemplo, se motivaram a disponibilizar suas gravações na plataforma You Tube. Posteriormente, eu e Ricardo fechamos uma parceria voluntária a favor de recuperar a memória do programa (Ricardo, logo gentilmente, me enviou versões melhoradas de sua gravação para o projeto).
Numa época aonde os rumores (generalizado pelo termo fake news hoje em dia) eram fáceis de se propagar, parecia uma fantasia se tornando realidade, mas estava lá. O programa Game TV era como um milagre, olhar na televisão e ver aquele jogo em movimento em horário nobre sem que você precise estar jogando - acompanhar com aquela linguagem jornalística que, até então, só podia ser acompanhada nas revistas semanais ou mensais. 1993 foi também o ano que comecei a ler revistas de games - tudo coincidiu numa das melhores épocas dos videogames e da minha vida.
Hoje em dia, essas overdoses de projetos das mídias digitais por criadores de conteúdo, de canais com transmissão ao vivo ou até de videogame, soam claramente mais comerciais do que passionais (há mais quantidade do que variedade). Vamos combinar, por mais que tenham as informações específicas diretamente na mão, sem muito esforço, tudo é muito linear, muito igual, sem muito romance, muito com visão comercial mas pouca ambição sentimental - ainda que seja natural de toda obra (essa busca pela audiência), fica cada vez mais visível a relação superficial com o espectador, o que cai para o previsível, pro convencional. Os jogos, portanto, parecem seguir essa linha de pensamento (se você é o que você come..você é o que você joga). Na televisão analógica dos anos 90, não era bem assim. tudo era muito mais difícil. E o alto custo de produzir, certamente se tornou o ponto mais complexo para se manter um programa com esse tipo de alta produção na TV. Ainda mais para uma produção totalmente pequena e independente.
Esta é só uma prévia do que seria o melhor post da saga Especial Game TV no Santuário do Mestre Ryu. Sim, após quase 10 anos.. a saga em busca das memórias Game TV pode ter seu capítulo conclusivo. Mas as memórias continuarão a ser resgatadas no You Tube e, se for possível, em outras parcerias e mídias (estamos preparando coisas boas para quem curte história da televisão).
A série "Cronologia Game TV" chega ainda esse mês.