O ENCERRAMENTO DE UM CICLO
Num espaço de oito anos antes do Universo
Cinematográfico Marvel surgir, havia o Syngerverso – o universo X-Men do
diretor Bryan Singer iniciada por X-Men: O Filme em 2000. O modelo defendia uma
adaptação fora do gênero super-heróis habitualmente conhecido (num contexto
mais infantil) para seguir um gênero tradicional e mais aberto às grandes
audiências. O jeitão Ficção-Científica foi muito bem sucedido – fugindo das
fantasias coloridas e rostos mascarados como nas HQs – e garantindo uma nova
geração de vigilantes uniformizados.
Embora esta abordagem mais atualizada, que tenha
reinventado a forma de se fazer filmes com personagens da MARVEL, tenha
começado já na caminhada para o fim dos anos 90 com Blade: O Caçador de
Vampiros, era a primeira vez que veio a ocorrer com um supergrupo e de uma
forma tão bem sucedida. Abraçando temas sociais a exemplo das HQs – nascida em
uma era de intolerância racial – esta fórmula caiu muito bem e trouxe
profundidade ao incluir a fantasia.
Entre altos e baixos – embora mais altos que baixos
– a cinessérie X-Men de Bryan Singer lançou grandes astros como Hugh Jackman, inspiraram
grandes obras-primas como Logan e ainda imortalizou mais Patrick Stuard e Ian
McKellen sendo incrivelmente substituídos por James McAvoy e Michael Fassbender
em X-Men:
Primeira Classe. Embora Singer não esteja intimamente
ligado em todos os longas, o universo que ele sugeriu certamente foi importante
para esta guinada aonde as interpretações e a atmosfera valem mais do que os
uniformes. Abordagem madura desde que
foi roteirista do premiado Os Suspeitos de 1995 (o filme que deu o Oscar a
revelação Kevin Spacey). Deixando as polêmicas de lado desses astros de
Hollywood, Singer e Spacey, e focando na importância artística deixada como
legado.
Nos primeiros filmes dirigidos por Singer, ainda
havia aquela resistência pela fantasia - totalmente representada pela frase
autocrítica: - Que você queria, lycra
amarela ? de Ciclops (James Mardsen) para Wolverine (Jackman) no sofisticado
e futurista jato do grupo sobrevoando
Nova York. O uniforme escuro de couro predominou até X-Men: O Confronto Final
(2003) sendo que neste último, características mais fantasiosas e mais
conectadas aos quadrinhos e ao desenho clássico se tornavam intimamente
ligados, agora, nas mãos do diretor
Brett Ratner (A Hora do Rush).
Incompreendido e ousado, O Confronto Final dividiu
opiniões mas trouxe a melhor visão de uma saga da Fênix Negra embutida na
cinessérie até então – brilhantemente conectado com as consequências dramáticas
do filme anterior e expandido o caótico destino (acrescentando acertadamente o
desafio a todos os heróis). Os reflexos impactavam diretamente os eventos
posteriores – como um desfecho melancólico para uma trilogia – como em
Wolverine Imortal (o melhor filme solo depois de Logan
– havia ainda ideias para X-Men Origens: Ciclops, Magneto e Gambit nunca saídas
do papel). A tragédia faz parte das grandes sagas de super-heróis e o Confronto
Final merece ser louvado por tamanha coragem de Retner, mesmo que seja outro
artista metido em polêmicas fora dos holofotes (nesse caso, desconsideramos isso
por hora).
Mostrando tudo o que poderia num desfecho com o
elenco da já velha guarda (talvez
Synger envolvido, poderia amparar algumas arestas que reforçariam os atos
individuais de alguns personagens ou aumentar ainda mais a importância de
Magneto como em Apocalipse ? talvez, jamais saberíamos) o diretor Matthew
Vaughn que veio Quebrando Tudo em Kick-Ass,
assume a direção de uma nova era para os X-Men, sem deixar de manter o
estereótipo de Synger, resolve aderir um retorno ao passado a fim de contar uma
nova história de origem mais densa e com um igual elenco espetacular, com
algumas mudanças de lado dos personagens que incomodam os mais conservadores e fica
suscetível a comparações posteriores. X-Men:
Dias de Um Futuro Esquecido chega como a sequência a fim de
adaptar uma das mais incríveis sagas dos quadrinhos e aproveita para criar um
grande encontro com as duas gerações muito bem estabelecidas no cinema e nas
mãos de Synger, de volta à direção em um período já turbulento no lado
externo.
Mas depois de duas adaptações excelentes,
considerando Logan, vem o declínio cinematográfico do império mutante e dando
margem para as críticas negativas implicitamente contidas com um: –Eu avisei! X-Men fraquejou em Apocalipse
e, pelo jeito, não se tornam felizes quando envolve um clímax da saga com o
supergrupo – Se o injustiçado O Confronto Final dividiu opiniões e Apocalipse
se tornou a maior decepção nas mãos da direção de Bryan Singer (depois de uma
introdução muito boa com X-Men: O Filme e o excelente X-Men 2).
X-Men: Fênix Negra prega amarguradamente, com um
caixão, esta longa e surpreendentemente cultuada cinessérie para um público
novo – mantendo uma cronologia que respeita o elenco do passado (2000-2003) e
presente (2011-2019) nos seus devidos lugares (tirando lógicas e
questionamentos mais aprofundados).
O elenco foi respeitado, como foco nesta versão mais
jovem do supergrupo, portanto, o envolvimento dos espectadores é considerado
ainda que o roteiro e o andar da carruagem – especialmente na metade do filme –
sejam bastante arrastados. Nada de surpreendente acontece, exceto pelo destino
que transforma a família de mutantes. A introdução, especialmente, mantém a
atenção em consequência os conflitos – as cenas de ação continuam empolgantes
com a exploração dos superpoderes e a interação de grupo. Pela primeira vez,
uma história da cinessérie com elementos espaciais, algo verdadeiramente novo e
interessante do ponto de vista fantástico em um ambiente realista montado.
Se o desenvolvimento é frio, diálogos robotizados,
quem carrega nas costas são as boas atuações do elenco – especialmente, Sophie
Turner (Jean Grey/ Fênix) e Michael Fassbender (Magneto) pela grande relação de
seus personagens com a história, sem contar com os demais – James McAvoy
(Xavier) trazendo uma vertente mais seca de seu personagem, destaque também
para essa relação que conflita com Nicholas Hoult (Fera). Até mesmo Jessica
Chastain vale ser destacada pela sua considerável atuação mais sutil na pele
de Smith.
No quesito sonoro, vale destacar que o som é um
ponto forte – valendo uma conferida no formato Xplus
pela poderosa tridimensionalidade – valorizando as composições do lendário Hans
Zimmer (Missão Impossível 2; Batman:
O Cavaleiro das Trevas).
Simon Kinberg, responsável também pelos roteiros de Primeira Classe, Dias de Um Futuro Esquecido, esteve presente na cinessérie desde
2003 (com O Confronto Final) e agora
estreia como diretor (tendo também roteirizado Fênix Negra). Como estreante na direção de Fênix Negra, Kinberg usa interessantes enquadramentos de câmera que trazem um tom sofisticado à narrativa e merecem uma observação mais sensibilizada.
É curioso observar a descrição de Kinberg no
Wikipédia: é conhecido como um dos piores roteiristas e produtores de cinema norte-americano nascido na Inglaterra. Tem por vez produção ou roterizações catastróficas de
alguns filmes da franquia X-Men. A descrição na mais famosa enciclopédia da web é mais autoral que
didática, mas percebe-se que é realmente fruto de amor e ódio entre os fãs dos
quadrinhos. Se acerta com o agrado de alguns títulos (foi produtor de Logan e
Deadpool), erra com outros (produziu e roteirizou X-Men Apocalipse). Fora do
universo dos X-Men, vale lembrar que Kinberg trabalhou com o eterno Homem
de Ferro, Robert Downey Jr.,
como roteirista de Sherlock Holmes (2009).
Se foi proposital essa falta de inspiração para
X-Men: Fênix Negra – aonde algumas coisas acontecem (com uma perda impactante
na trama) mas nada levado como a aparência de um evento grandioso, tudo muito
frio, e nada mais além ou ousado como se espera para refletir depois – devido a
venda da FOX para a Disney (que já planeja recriar a história dos mutantes no
cinema, mais uma vez) provavelmente, jamais saberemos – por segredos
comerciais.
Esse querido Syngerverso pelo público amplo, é até então o maior já feito com personagens MARVEL no cinema - um total de 19 anos (que se completarão agora no dia 19) contra os 10 do novo UCM. X-Men: Fênix Negra não é muito longe de ser o pior
filme da franquia já que, ao menos, consegue ser menos fraco do que o fatídico
(e paralelo) X-Men Origens: Wolverine.
MEMÓRIAS
DA SESSÃO
Mais uma sessão de domingo, consegui ser
recepcionado por uma atendente nota 11 que me desejou um Bom Filme com um
sorriso e, de quebra, quebrou o meu galho com o pôster do Aladdin
que não me deram na sessão anterior (eu havia comprado com o UCI Unique e não
havia recebido). Vi que tinha uma nova remessa de pôsteres e solicitei. Antes dele, o de X-Men: Fênix Negra. A
atendente virou pra mim e expressou um: “-
Shh! Não pode!” e me entregou o pôster do Aladdin quando citei a minha
história dramática (“-Semana passada eu comprei pro Aladdin também e..”). Bendito seja os dois atendentes
anteriores, e um deles o mesmo cara que havia me atendido na sessão de Vingadores:
Ultimato que mal me atendeu e simplesmente fez sinal que não
tinha mais nenhum pôster com aquela cara de pit-bull debochado.
Nesse caso, em especial, jamais vou me esquecer da
atendente que me recepcionou num gesto caloroso e teve coração para me entregar os dois
posters. Enfim, recebi o que paguei (tanto pelo pôster do Aladdin quanto pelo
de X-Men: Fênix Negra). Eu já estava denunciando – se fosse aquele mesmo atendente
que me recepcionou mal me dizendo que não tinha mais pôster. É por essas e
outras, que prefiro, em muitas vezes, ser atendido por mulheres, enquanto tem
homens com aquelas caras de pit-bull que não tem sensibilidade para atender e
trata como relevante.
Como já bem comentado, as luzes se acenderam nos
créditos e pra piorar uma mulher ao fundo – responsável pela recepção dos
óculos 3D – gritou um: “-Não tem cena pós-crédito ! ” tudo bem avisar, é o
direito dela – mas o nosso é mais importante: não podia pelo menos deixar as
pessoas descobrirem ? Achei nada a ver. Logo, 90% da sala estava saindo ficando
algumas pessoas (talvez não tenham ouvido ou fizeram como eu – ignoraram o
aviso para se manter em sua experiência própria). Um grupo de garotas atrás
conversavam ao fim do filme como se fossem You
Tubers – uma delas ainda afirmou: “-O filme é horrível ! ”e continuou
“-Agora entendeu as críticas ? ”
Saindo, disse obrigado, a mulher – colaboradora do
UCI Parkshopping – nem respondeu. Nem era madrugada, eram umas 19:00 de domingo
e a pessoa fica assim, emputecida, por que é de lei o espectador ficar até o
fim da sessão (e a MARVEL Studios, felizmente, ajudou a reeducar isso).
Não havia cena pós-créditos, realmente, mas há umas
vozes ao encerrar os créditos (talvez seja parte da trilha sonora ou
referencias ao filme mesmo). Por essas e outras, mesmo que não tenha nada, se é
fã mesmo de cinema, recomendo que fique até os créditos para não perder nenhuma
mínima experiência que seja. Faço isso desde que me entendo por espectador e
colecionador de filmes – meu pai, em algum momento, percebeu que isso era
importante enquanto gravávamos filmes em VHS na década de 90.
Sessão
Acompanhada: UCI Parkshopping - 17:00 - O 06 –
09/06
Slogans: Uma Fênix Surgirá. Os
X-Men Cairão; A
Fênix Ressurgirá