O GRANDE TESOURO DO ANO
Por falta de
visão mais ambiciosa, a maioria dos jogos baseados em filme nascem fadados ao
fracasso no mundo do cinema hollywoodiano. Se não desperta grande expectativa
do público, da crítica especializada é bem menos.
Embora
tenhamos algumas decepções, Pokémon se tornou mais uma obra nipônica
ocidentalizada graças ao sucesso do primeiro desenho de 1997 e, posteriormente,
lançado no Brasil nos anos 2000. Foi aquele sucesso. Para os fãs de game, o
título já era bem conhecido, desde seu lançamento em 1996.
A primeira
grande referencia que podemos ter por aqui e no mundo inteiro sobre a animação
é daquela polêmica do episódio que causou epilepsia em diversas crianças no
Japão. O episódio foi proibido e o sucesso grandioso – que reservam temporadas
até hoje – apagou em definitivo essa gafe.
Estreou
nesse dia 9, às vésperas do dia das mães, Detetive Pikachu. Mais uma adaptação
do videogame de sucesso, só que agora com um misto de atores em carne e osso e
computação gráfica – combinação tão em moda hoje em dia. Ao menos, no universo
Pokémon, isso faz mais sentido.
Apesar de
ser uma visão obscura para a grande audiência de Pokémon, Detetive Pikachu
procura trazer o público não familiarizado a uma conexão divina com o primeiro
longa metragem animado – o grande sucesso, Pokémon: O Filme. Os entusiastas irão reconhecer.
Desenvolver
uma boa história adaptada do videogame Pokémon, já bem miscigenado na cultura pop, parece não ser difícil para os
ocidentais. A versão Americana fez uma bela adaptação de Pokémon: O Filme – tanto a
dublagem americana quanto a trilha sonora cativam (M2M no comando). Eles compreenderam e deixaram sua marca com o sentimento autêntico e próximo das origens. Esta base acertada coincide com a produção em questão.
Atualmente, a série de TV já ultrapassa os 1.000 episódios - um recorde entre os desenhos japoneses - além da sua bem alimentada raiz, com os inúmeros jogos – como o recente aplicativo Pokémon GO! Que virou
febre – mantém Pikachu e companhia em ascensão, com muita familiaridade
histórica para contar. E, possivelmente, a cautela com que a Nintendo começa a
supervisionar suas adaptações – se ainda não tivemos um novo filme de Super Mario Bros. Isso quer dizer que Detetive
Pikachu deve ter passado por um processo rígido para manter a melhor fidelidade
possível.
Detetive
Pikachu foi a grande surpresa dos últimos anos, realmente inesperado uma
adaptação do game de Nintendo 3DS já que ligeiramente se comentava apenas de
uma animação em computação gráfica de Super Mario.
Como o
próprio título sugere, a história segue elementos de um filme policial envolto de elementos de aventura (aonde a
fórmula Uma Cilada para Roger Rabbit encontra, de alguma forma, Pokémon no
Século XXI). A forma como a direção de Rob Letterman explora ambientes durante
as andanças de Tim (Justice Smith) é visualmente caprichosa. Todo o jogo de
cores, num ambiente imaginativo e pé no chão – uma direção de arte equilibrada
(não aquela aberração que foi Speed Racer, mas aí é outra vibe). Letterman –
que já dirigiu a animação O Espanta Tubarões - mais uma vez defende aqui a sua
experiência em trabalhar com filmes infanto-juvenis.
Pikachu
agindo com voz de adulto soa estranho para os padrões “Pika Pika” de qualidade,
mas Ryan Reynolds na voz de Philipe Maia
(versão dublada) convence. Os diálogos não perdem o sentido e tornam o filme agradabilíssimo
até para os adultos – com umas pegadas a
la Deadpool que, embora abusados, poderão
agradar os jovens.
Como se
percebe, Detetive Pikachu não é um Teletubbies, não é uma adaptação ingênua –
Reinolds como Pikachu (na voz dublada de Maia) rouba a cena - mas a dupla, Justice
Smith (Tim Goodman) e Kathyn Newton (Lucy Stevens) também convence como os
heróis, a história de ambos os personagens encaixa dramaticamente bem e a
química segura o tranco, enquanto os Pokémons ficam segundos fora de cena.
O personagem
Tim conta com elementos sobre laços familiares pouco explorados em filmes
dedicados ao mesmo público, seus problemas acabam bem espelhados com os
elementos conflitantes em obras de animação japonesa, por exemplo (aonde o
drama de separação familiar é mais explorado do que a comédia). E a graciosa
Lucy precisa lidar com as dificuldades de início de carreira profissional em um
ambiente duro e competitivo. Essa relação magnética com que os heróis humanos
possuem com os espectadores e a forma como é interessante ver a dupla em ação
encobre qualquer tipo de situação – de alguma forma - pretensiosa em cena (essas leves derrapagens
não atrapalham muito por, felizmente, não se desenvolver em excessos e criar
algo claramente superficial).
E essa
grande interação dos Pokémons, ainda que muitos apareçam em pontas com os
atores, enriquece e colore o universo com a fofurice que os espectadores
aguardam.
Memória Pós-Crítica: O filme é uma adaptação do jogo
Great Detective Pikachu, lançado em 2016 (apenas 3 anos antes do filme) para
Nintendo 3DS. O longa metragem obteve a melhor abertura de uma adaptação de um
jogo de videogame em live-action. É o
filme do gênero com melhor avaliação dos críticos até agora segundo o Rotten
Tomatoes (66% durante a produção deste artigo e atualmente está com 64%).
MEMÓRIAS
DA SESSÃO
Em pleno domingo comemorativo – pra mim, desde algum
tempo, Dia das Mães passou a ser todo dia mesmo - resolvo encarar uma sessão de Detetive
Pikachu, ainda exausto de toda a preparação para Vingadores:
Ultimato há uma semana.
Vejo uma galera indo com a mãe. Ora uma família grande ou apenas mãe e filho tirando autorretrato (selfe como dizem) em supermercado. Já na fila, a entrada para o cinema demora um pouco. Alguém diz que tem uma pessoa passando mal em alguma sala com o ar condicionado excessivo e uma mãe fica marcando hora, com os filhos e outros parentes na entrada, e me passa a informação como se não estivesse na mesma sessão: “-Vai assistir Detetive Pikachu?” eu perguntei e a senhora: “-Acho que já entrou, pergunta lá que a gente guarda seu lugar aqui na fila ! ” já sacando que não havia liberado a entrada, fui perguntar assim mesmo para o segurança lá no alto. Uma grande enrolação. Mas deu tudo certo.
Vejo uma galera indo com a mãe. Ora uma família grande ou apenas mãe e filho tirando autorretrato (selfe como dizem) em supermercado. Já na fila, a entrada para o cinema demora um pouco. Alguém diz que tem uma pessoa passando mal em alguma sala com o ar condicionado excessivo e uma mãe fica marcando hora, com os filhos e outros parentes na entrada, e me passa a informação como se não estivesse na mesma sessão: “-Vai assistir Detetive Pikachu?” eu perguntei e a senhora: “-Acho que já entrou, pergunta lá que a gente guarda seu lugar aqui na fila ! ” já sacando que não havia liberado a entrada, fui perguntar assim mesmo para o segurança lá no alto. Uma grande enrolação. Mas deu tudo certo.
Já ia triste por achar que não ia conseguir os
brindes do UCI Unique, mas consegui o chaveirinho do Pikachu. Desta vez, não
saíram distribuindo brindes como fizeram com os cartazes de Vingadores:
Ultimato que acabou antes de conseguir. Afinal, o certo seria para distribuir
apenas para quem é cadastrado no programa – a não ser que tivesse milhares de
cadastrados, aí eu desculpo.
O público estava diversificado – por pouco achei que
só iria crianças, mas havia alguns marmanjos, marmanjas e, geralmente, uma família
composta por tios, tias, sobrinhos, primos, filhos e mães. O inicio da sessão
foi bem irritante, várias cabeças com celular ligado – um senhor ainda chamou
atenção de uma garota a frente que enrolava para desligar e mais um outro
senhor do meu lado também pedindo – fora outro sentado ao meu lado - até me
arrependi de trocar de lugar com ele mas era melhor assim do que ficar na
conversa cruzada entre tio e sobrinha pequena. O tio, assim que chegou pra
sentar do meu lado, uma de suas parentes disse: “-Vai ficar aí longe?” e ele:
“-É, né, fazer o quê?” (Comprei uma poltrona pra ficar no meio pra evitar
braçada mas não adiantou nada) daí decidi perguntar se queria trocar de lugar e
ele: “-Pô se der eu agradeço!” Beleza, aí o cara me atira com uma pistola de
sola (aquela forma de sentar com a perna sobre o joelho bem do meu lado, outra
coisa irritante). Mas, beleza, isso não durou muito tempo (Ufa!).
No final, um leve aplauso, eu tentei puxar
silenciosamente. Até uma certa parte dos créditos o UCI manteve as luzes
apagadas. O público ficou um tempo na sessão mas acabaram saindo a maior parte
e alguns últimos saindo depois – não sobraram corajosos para o fim dos
créditos.
Fui obrigado a assistir dublado, já que os cinemas
da cidade, em sua maioria, acredita que seria um título que despertaria mais o
interesse das crianças. Na Zona Sul e na Barra, aonde se tem um público mais
diversificado, pode se encontrar a versão legendada. De qualquer forma, não
reclamo, a dublagem nacional está muito boa.
S E S S Ã O C R Í T I C A
Sessão Acompanhada: UCI Parkshopping - 12/ 05/ 2019 - P
17 – 17:40