CORAJOSO E REPRESENTATIVO
Planejado por alguns anos, já durante o UCM, o primeiro
projeto para levar Capitã Marvel aos cinemas surgiu em 2013 ainda intitulado como Miss Marvel. Agora, prestes a encerrar um ciclo de 10 anos no cinema de
Marvel Studios, a personagem finalmente é apresentada com o título em questão.
Com uma história de origem que busca não se repetir
em comparação a filmes como Thor
e Homem
de Ferro – que seguem um desenvolvimento que remete a um
retorno ao passado para conter o início – a trajetória já coloca a heroína em
ação para então explorar vestígios no decorrer de sua passagem a fim aguçar a
curiosidade do espectador.
Os mais detalhistas não sentirão problema algum em
seguir nesse embarque que busca não ter pressa para se desenvolver. Esse é o
grande triunfo de sucesso da Marvel Studios, não agir por impulso sem antes um
planejamento de toda a atmosfera e seguimento de seus personagens. A DC, concorrente representada pela Warner
Bros., sentiu o perigoso destino e agora quer correr atrás do prejuízo.
Diante de boicotes e condenações em volta da atriz
Brie Larson, Capitã Marvel naufragou por cima de todos os atos de ódio e
conseguiu se tornar um recente e significado sucesso – sendo então a segunda
melhor abertura de um filme de Super-Herói.
A assistência da Disney pode ter, de alguma forma,
fortalecido o sentimento familiar na história – a pequena Akira Akbar (Mônica
Rambeau) é destaque importante. A conexão entre Super-Herói e crianças atende
às raízes pelas quais estes personagens surgiram – como um ato crítico contra o
mal do mundo em favor de distrair as crianças (Super-Homem)
já que Capitã Marvel é derivada dessas origens que posteriormente trouxe à vida
Shazam! (personagem anteriormente conhecido como Capitão Marvel) e causou
conflitos judiciais entre Marvel v.s. DC (Capitão Marvel, da DC, figura
parodiada do Super-Homem, então, teve que mudar seu nome para Shazam! A fim de
não tretar com sua rival).
Capitão Marvel – nome atribuído a vários tipos de
heróis da Marvel – se tornou mentor de uma nova heroína: Capitã Marvel.
Personagem que se tornou então símbolo do feminismo para a Marvel,
representatividade feminina de raiz que valoriza a força e independência da
mulher guerreira em suas revistas. Se DC tinha Mulher-Maravilha,
MARVEL contava com a sua Capitã Marvel.
Em tempos de grande conflito social, Capitã Marvel é
uma voz forte e até mesmo controversa na briga entre as comunidades do mundo do
entretenimento. Porém, não veio com a aparente intenção de levantar bandeiras
políticas ou sociais de apenas um lado – mesmo demonstrando personalidade forte
em determinadas atitudes, suas características humanas são identificáveis com os
demais super-heróis. E o mais importante: ela não dispensa cavalheirismo.
O longa metragem se mostra versátil como origem –
montando uma boa dinâmica entre a protagonista e seus coadjuvantes. Buscando moderação
considerável da heroína até o momento certo de apresentar sua forma
arrebatadora de agir.
Alternando entre aventura espacial e climão
nostálgico noventista – década atualmente bem forte na moda retrô – a mistura
acaba nos fazendo comparar (entusiastas dos anos 90) com filmes de invasões
alienígenas da época, como Independence Day (inclusive, a trama se passa em
1995, 1 ano antes do lançamento deste) blockbuster
que contava especialmente com cenas de ação entre naves – alguns até comparados
com os de Star
Wars.
Não é exagero, parece mesmo, mas de uma forma mais autêntica em comparação a
tecnologia dos efeitos especiais atuais e a vantagem de ter uma super-heroína
de forma luminosa que voa e atira raios pelas mãos – uma mistura romântica de Superman
de 78 com Independence Day – e uma pitadinha de Star Wars - para os poucos
habituados.
É um bom título para se comemorar, não é todo dia
que se vê uma mulher e um negro representando o protagonismo em um filme de
Super-Heróis. Os tempos estão mudando e é preciso que a sociedade aprenda a se
acostumar ao invés de se manter no Século XIX condenando tudo o que é fora do
costume tradicional.
Brie Larson sugeriu alguns detalhes mais
conservadores para a construção da personagem – de humor contido e trajes
discretos – mostrou uma vertente vigorosa e madura como nunca se viu em um
longa da Marvel Studios. Características os quais espectadores, cansados de
piadas de efeito, exigiam para uma personagem desse naipe. Portanto, houve esse
respeito, de alguma forma.
É também compreensível, aos mais atentos, a ideia
pela qual a personagem se tornou sóbria – quase uma outra pessoa – de acordo
com as transformações apresentadas no decorrer do filme. As expressões mais
contidas são justificadas brilhantemente. Os xiitas (ainda que tenham assistido) jamais
entenderão uma das mensagens mais sensíveis e espirituosas da história.
Como
Nick Fury, Samuel L. Jackson nunca teve uma presença tão ativa na cinessérie –
resumindo-se apenas ao estrategista atrás de seu senso de liderança. Cria um
laço de união muito bom com Larson na trama.
O
resgate aos incríveis elementos dos anos 90 é poético. Além das guerras de
nave, confrontos em instituições e perseguição em trem também se tornam
elementos identificáveis com alguns longas policiais da década de 90. Mas a
cereja do bolo está na trilha sonora. Capitã Marvel delicia-se com alguns dos
maiores hits musicais do rock pop feminino americano das rádios e esquecidos de
sua época, deixando prevalecer um tom meio rebelde em conjunto com as palavras
( “ I’m Just a Girl ” de Gwen Stefani e os No Doubt descrevem), identidade bem
identificável com a então transformada Carol Danvers de Larson. Em uma situação
em específico, parece pretensioso a presença de música do gênero com a
apresentação de sua amiga Maria Rambeau (Lashana Lynch), em todo caso, nos
deixamo-nos embalar brevemente pela cena.
O cenário atual
também não deixa de estar presente nesse resgate ao passado – interligando
pontos a fim de nos convencer que tudo sempre se manteve presente independente
de sua época. A visão pessimista de futuro e da atualidade, ainda que
subliminarmente, são usadas como base na trama – guerra entre raças (Kree x
Skrulls é Israel x Palestina), chips que controlam humanos e uma sociedade que
são entendidas como lagartos (soa menos estranho e mais pé no chão para o
espectador comum) capaz de assumir a identidade de outras pessoas (introdução
aos Skrulls, presença premeditada desde Os
Vingadores – The Avengers).
[Spoiler] O processo de
humanização desse novo tipo de cenário e sociedade a ser apresentado prossegue
bem nas mãos de Ben Middelson (Talos), mesmo caracterizado como o General dos
Skrulls. [/Spoiler]
Como filme de
origem, Capitã Marvel é tão divertido e mais interessante quanto Capitão
América: O Primeiro Vingador. Constrói um encaixe bem equilibrado para apresentar uma personagem de
presença no Universo Cinematográfico Marvel e que pode surpreender muito.
3D Xplus Legendado:
A cópia traduz perfeitamente a referência à série Frensh Prince of Bell-Air para Um Maluco no Pedaço (já por ser bem
popular no Brasil) e adapta o sobrenome de Maria – de Rambeau para Rambo.
ATENÇÃO: FIQUEM ATÉ DEPOIS DOS CRÉDITOS
MEMÓRIAS
DA SESSÃO
Na expectativa
durante a semana toda, o tempo passou como um furacão luminoso no Sábado. Mal
pude aproveitar o espaço de tempo e tive que sair às pressas pra sessão – ainda
que já estivesse com a confiança de chegar bem cedo. Porém, encarei um trânsito
danado na passagem pro shopping. E chegando lá, uma fila quilométrica pra
entrar. Resultado ? uns 20 minutos de atraso. Perdi um grosso da introdução e
fiquei super ultra chateado a ponto de querer sair do cinema.
A sessão teve
interação com a trama na parte do humor – inclusive raras – mas no final o UCI
Parkshopping continuou com a tradicional falta de respeito de ligar as luzes
antes do fim dos créditos. Resultado disso? Tirou a beleza das artes em 3D dos
créditos aonde toda a sessão – já ciente das cenas pós-créditos – aguardou toda
sentada enquanto tinha uma turma já na ponta da saída. Ninguém tirou os óculos
3D – só quero ver se o shopping arcaria com indenização caso algo ocorresse.
Antes de se levantar, eu vi que estava realmente no número certo da cadeira antes de trocado com o casal. No final, consegui
pegar o cartaz promocional do filme. Felizmente, não precisei me matar pra
pegar o conteúdo na data da pré-estreia. Estava muito bonito o fundo da recepção para ingressos com todo o temático com os baldes da Capitã Marvel em degraus.
SESSÃO CRÍTICA
Sessão Acompanhada:
UCI Parkshopping - 18:45 – P 17 – 9/03/ 2019