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sábado, 9 de março de 2019

[História dos Videogames] Museu do Videogame Itinerante 2019: Shopping Nova América - O Elemento Surpresa




O dia mais aguardado da virada havia chegado, abençoadamente, pelo terceiro ano consecutivo. O Museu do Videogame Itinerante – Parte 3, no Rio de Janeiro.  Eu estava de férias e vi uma certa divergência de informação na web em relação aos dias de evento no Shopping Nova América. Desta vez, O Museu não estará em mais de um shopping no RJ como no ano passado – aonde a segunda viagem foi em Nova Iguaçu, do mesmo grupo do Nova América. Houve um grande azar no Shopping Nova Iguaçu, faltaram as luzes, um blecaute justamente no mesmo dia em que eu estava prestes a encarar as Oitavas de Final no campeonato Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting do Super Nintendo. Eu estava confiante de chegar às finais.

Passou-se um ano. Desta vez, o Museu anunciava diversos torneios – contando com jogos atuais, entre eles Marvel v.s. Capcom Infinite – uma surpresa, ele havia passado pela preferência em relação ao Street Fighter V (que desta vez, nem estava entre os jogos do espaço do Playstation 4).
Escreveram certo o título do Street Fighter que iria fazer parte do campeonato no Super Nintendo, após dois anos apresentando como Street Fighter II (ficava a dúvida qual versão seria).

O terceiro ano do Museu me pareceu um pouco menos agitado desta vez, talvez pelo dia e horário em que estive. Ensaiando para ir ao Museu ainda nas férias, fiquei indisposto totalmente mesmo que durante o período de férias, tive uma crise de alergia prestes a entrar em febre e preferi ficar em casa. Minha vizinha me salvou nesse período. Com um suco poderoso batido com alho e limão e, acredite, ficou delicioso (ela dizia que bastava tomar direto sem respirar e mesmo não tomando direto foi saboroso apesar de forte).  Santa vizinha. Foi nesse período que ela se mudou e deixou um vazio, sem os vasos de planta e as roupas no varal, naquela pequena vila aonde só morava eu, na primeira casa, e ela, na casa ao lado. Ventou forte e fez uma certa chuva que inaugurou após dias de sol forte.

O dia do campeonato Tekken 7,  foi então o dia que escolhi para inaugurar a minha ida ao Museu 2019. Dia maravilhoso, conheci novos amigos e revi rostos conhecidos. Alguns outros rostos de grupos do jogo o qual frequento. Surpreendente – e até esperado – a presença de algumas jogadoras que se arriscaram no campeonato. Tekken é, de alguma forma, popular também entre algumas garotas gamers, até mais que Street Fighter.  

Durante a final do campeonato, eis que surge de surpresa o Jorge, KyoX, também esposo de uma grande amiga de escola – esta que foi a primeira otaku oficial que conheci neste ambiente cotidiano era tão raro que se tornaram dias mágicos de muito passeio, jogatina, eventos e, principalmente, animês. Jorge estava voltando do trabalho, aparentemente cansado, e consegui pará-lo por algum tempo para assistirmos a final juntos. Enquanto eu gravava com uma mão toda a competição, nós conversávamos. Depois, ele se despediu para comer alguma coisa e perguntou se eu iria ficar mais tempo pois a Mi (Miaka/ Michele, a amiga) estava chegando passando por lá. Ambos passam por lá normalmente pois como moram perto, é natural encontrar o evento em atividade todos os dias. Eu estaria babando, mas é compreensível toda a queixa referente à grande importância dada ao Just Dance.

A segunda ida foi no dia do cosplay. Alguns velhos rostos conhecidos e eventos, Marcelo Vingaard, agora residente em São Paulo, lidera a Cosplay Art – principal organização do campeonato cosplay do evento – ele estava conversando com alguém e assim que ele me viu na expectativa de cumprimentá-lo ele já estendeu a mão enquanto se despedia do contato.

Em algum momento, confundi uma garota alta com a Angel Stephan – A Garota Canalha – era muito parecida (lembrou a confusão que fiz com a Bianca Fonseca no primeiro Museu – só que com menos encanto). Ela estava entre alguns amigos. A grande surpresa foi encontrar Annie Seixas estreando seu cosplay de Kolin. Sempre muito simpática, pedi para que sua mãe me ajudasse a tirar foto com ela. Ela tirou duas (percebeu o problema com a lente). Um pouco depois ela parou para falar com alguns fotógrafos. Mais tarde, no caminho para a saída ela andava no meio da multidão e eu olhei, ela acenou sorrindo se despedindo. Então aproveitei para tirar mais uma foto de seu cosplay.

O terceiro e derradeiro dia oficial foi no campeonato Street Fighter II  Turbo de SNES. Felizmente, a organização fez o certo e colocou o evento para o Sábado. Nos dois anos anteriores, os campeonatos ocorriam nos dias de semana e nos piores horários (só pirralho podia jogar). Agora o evento era às 19:00 de Sábado. Melhor dia e horário não há. Corria o risco ainda do Leandro ( o bicampeão com Dhalsim ) não participar se fosse na Sexta como descrevia na informação na web. Na programação física no evento os dias e horários estavam corretos.

No grande dia do Street Fighter,  Capcom v.s. SNK 2 esteve presente desta vez no Playstation 2. Então pude testar e sofrer com  a minha “incompetência” em não dominar o direcional (horrível pra jogos de luta) do Dual Shock. Quem eu joguei também estava pra competir no campeonato. Ao fundo vi Vittin Cyber Yagami  já treinando no SF II.  Assim que ele se aproximou (meio parecido com o Anderson Deco) ocupando espaço de zoação, nos cumprimentamos, ia perguntar sobre Cristiane – agora sua esposa, antes noiva – na atenção na partida acabei não perguntando e eis que ela surge repentinamente e me dá uma chamada, eu distraído, olho e lá está ela – já nos saudamos. Chaplin BR, o sogro que joga de R.Mika no SFV também esteve presente e iria participar do campeonato. O time Magalhães Castro estava lá, encabeçada pelo Roberto Rebello e Jonatham Góis, representando o grupo SNESCOMBO do Facebook.

Ari, um dos administradores do time Magalhães, me puxa juntamente com os outros assim que anuncia a chamada pra se inscrever no campeonato que já mudava de lugar. Por um triz, que perderíamos a nossa vez de se inscrever e a turma toda do Just Dance invadiria. Como aconteceu no torneio Marvel v.s. Capcom Infinite, segundo relatos.  Se isso acontecesse, perderia a viagem e 1 ano de campeonato no limbo.

Durante a contagem regressiva para o início do torneio, eu acompanho a galera toda da Magalhães para um passeio pelo shopping e um bate-papo nostálgico sobre recordes de jogos numa lanchonete ali. Roberto aproveita pra avisar que precisa se ausentar para ir ao Hotel, aonde estaria sua namorada. Depois que o torneio começa a chamada, se tornou minutos de tensão aonde ficávamos preocupados se Roberto chegaria à tempo para o check in. Então ele chegou, bem ofegante de correr e meio suado, mas deu tudo certo. E começou o torneio.

Memorável jogar com um participante famoso por sua Chun-li e jogador de Just Dance. Simpático e divertido, ele também tinha um espírito competitivo muito forte. Sacava das manhas nervosas de crossup (a joelhada que ela cai nas costas) mas como eu já treinava Chun-li há um tempo me atentei a isso.

A partida entre Leandro e Cyber Yagami foi tensa. Ficávamos perdidos pra saber quem era quem.  Era Vega vs Bison. Leandro se consagra vencedor sem seu personagem principal, Dhalsim.
Durante as finais, uma reunião para transformar as partidas em melhor de 3. Felizmente, todos concordaram. Era assim que deveria ser embora os campeonatos eram todos eliminatórios até as semi-finais. 

Tivemos que lidar com os controles ruins do evento – diferente do ano anterior que era possível trocar o controle. Mas pra quem podia usar o controle de casa, era mais vantagem.  Tive muita dificuldade, mas felizmente a dificuldade foi a mesma para os dois lados. Uns mais e outros menos.  Leandro foi habilidoso e me eliminou facilmente nas partidas casuais antes do campeonato.  Roberto conseguiu se sair bem com seu controle e quase senti o pesadelo da derrota do ano anterior. Ele mesmo disse: “-Vai me ganhar fácil!” nas não foi.

E eis que chega a grande final, o momento que esperava desde o primeiro evento (o que não pude participar). Era eu e o bicampeão Leandro. A primeira partida foi um mirror match Ryu vs Ryu. Estava bem confiante mas ao mesmo tempo nervoso – então tive que respirar fundo como em todas as partidas. Consegui ganhar sofridamente e então Leandro disse: “-Vai ter que ser ele. Desculpa!” Leandro, paciente como Dhalsim, escolheu o seu personagem principal.

Lembro que foi traumático a derrota para o seu Dhalsim no Street II Special Champion Edition na Magalhães Castro – o jogo estava no Modo Champion/ Normal – o que adere, de certa forma, os personagens do Champion Edition.  O que muita gente não sabe é que mesmo no modo Champion o jogo permanece com a jogabilidade ajustada do Hyper Fighting (assim como o jogo do SNES – Street II Turbo) porém, é escolhido sempre o modo Normal/ Champion Edition no jogo de SNES para manter a velocidade enquanto seria mais interessante estar no modo Hyper sem estrelas de velocidade. A diferença é que os personagens estariam mais equilibrados com os seus novos golpes (Ryu & Ken fazendo helicóptero aéreo, Dhalsim usando teleporte e Chun-li mando magia). Mesmo o Modo estando no Champion, a jogabilidade ainda é do Hyper Fighting, só que sem os novos golpes. Eu tentei explicar isso mais foi complexo demais para todos entenderem.  P.S. isso sem contar os reajustes próprios de cada personagem para as versões console 16 Bits. A reprogramação mescla vestígios do Street Fighter II The World Warrior - basta conferir a força que Chun-li  (no alcance da voadora) e E.Honda (com a pressão dos agarrões) possuem e o enfraquecimento de Dhalsim (a rasteira fraca seguida de agarrão é mais lenta).

As regras diziam que o jogo deveria ser jogado no modo Hyper Fighting mas todos optaram por jogar no modo Champion Edition. Preferi não me intrometer – mas a explicação já foi realizada anteriormente. Houve uma situação aonde Cyber avisou que o jogo estava rodando sem tempo na partida. Cheguei rápido pra avisar e deram o Reset.  Alguém na torcida exclamou com ironia “-Olha a marmelada aí!”.

Era o Ryu de Campo Grande e o Dhalsim de Cachambi pela primeira vez na grande final do Museu do Videogame Itinerante. Tive meu primeiro grande encontro com Leandro e a primeira grande vitória no pequeno campeonato Magalhães Castro com a Chun-li no jogo Super Street Fighter II de Mega Drive – 23 anos depois de chegar às oitavas de final no meu primeiro campeonato na versão de Super Nintendo em um evento promovido pela Super Game Power e apoio da Romstar do Brasil.
Leandro então aguardava pelo retorno da minha Chun-li mas naquela versão “Modo Champion” era impossível. Pra mim, Chun-li só com magia. Então optei pra me manter no clássico, Ryu. O lutador se consagrou forte pra mim desde que joguei versus com ele em todas as partidas do Museu desde 2017.

Tentei me manter ao máximo na concentração e consegui ultrapassar a tensão realizando um final bem equilibrado e satisfatório. Conquistei meu primeiro prêmio do Museu do Videogame Itinerante e estreando em 1º Lugar. Foi inesquecível e emocionante, no meu jogo favorito e no evento que mais amo.

Leandro, sempre com espírito esportivo, ficou feliz por mim por saber o quanto amo esse jogo. Sempre que amamos algo, gera também crises – é como um casamento. Por Street Fighter é sempre amor e ódio.

Numa conversa, Claudio Lima, um dos realizadores do Museu, explicava todo o processo de escolha dos campeonatos e da estrutura do evento. Quem realmente trabalhava nessas montagens é o próprio shopping. Apenas o shopping, que contrata o evento, decide como o evento deverá ser. E por esse motivo ficou explicado pra nós por que o Just Dance se torna a principal atração do evento. Em algumas outras regiões os campeonatos de videogame são transmitidos em telão –  é o que esperávamos desde 2017. Tem shopping de determinada região que nem sequer tem interesse em campeonatos. Outros ainda se incomodam com o barulho, o que acabou por fazer o próprio Museu descartar o contrato pra nunca mais. Portanto, ficamos então ciente de que a culpa não é da organização do Museu todas as regras do evento.

Troféu e muitos brindes brindaram essa vitória. Foi mais que um campeonato regional, um campeonato de um evento reconhecido mundialmente – com prêmio em Paris por criatividade.
A volta pra casa gerou um vazio logo naquele silêncio descendo as escadarias do metrô.  Pensei: “-Ganhei o troféu que sempre sonhei, de um grande evento, aguardei por 3 anos! Mas os dias de Museu chegaram ao fim, ao menos pra mim, que vai agora distante daqueles amigos, daquelas pessoas alegres. Voltamos ao tempo normal. ” Eu me sentia satisfeito, meio como Ryu, vagando solitariamente. Por isso que eu me identifico com ele. Seria radical demais não estar presente na cerimônia. Afinal, é uma lembrança que vai ficar pra minha história.

Porém, os melhores dias de Museu me aguardavam pela frente. Era então na web. Surpreendentemente, compartilhei o post acreditando que ninguém iria curtir ou comentar. Assim que chego em casa, tomo um susto. Um belo susto. Aquele sorriso preenche o pequeno quarto da minha casinha. Mais de 200 curtidas e mais um pouco somando a curtidas de outros grupos e compartilhamento orgulhoso da Mi em sua véspera de aniversário. Incrível ! Incrível! Incrível !

Tantos amigos e ídolos curtiram a postagem, com corações e até mesmo contatos que eu acreditava que jamais iria curtir algo meu.  Vi o quanto as pessoas dão realmente valor Às minhas conquistas, de me verem bem. Muitos comentários de parabéns. Foi como se eu tivesse feito aniversário pela segunda vez consecutiva no mesmo ano. Respondi um por um. Até mesmo colegas de escola que não via há anos comentou na publicação oficial da página. Foram dias inesquecíveis e posso então me consagrar campeão e ser embalado por essa vitória em 2019. Abrir 2019 com uma vitória é excelente.


DEUS, MUITO OBRIGADO PELO MEU SEGUNDO ANIVERSÁRIO !!!


 UM AGRADECIMENTO PROFUNDO AO CYBER YAGAMI (POR REGISTRAR MARAVILHOSAMENTE AS MINHAS MELHORES PARTIDAS EM CADA DETALHE -  VERSUS CHUN-LI E VERSUS FINAL) E AO JONATHAN GÓIS (POR REGISTRAR A FINAL DO INÍCIO AO FIM). OBRIGADO, AMIGOS, POR TODO O CARINHO.