Era um dia qualquer até que, repentinamente, recebo um
Bat-Chamado do Encardido Thyrso (SoulPlayerZ) pela rede social. Capitão
Ephorion vem de visita à cidade maravilhosa e fui convocado para uma reunião na
casa do amigo Marcio “Synbios” Yukio.
O que parecia uma tarefa simples, virou um embaralho mais
cabeludo que letra de médico. O Encardido Insano (Lincoln Xavier) também estaria presente,
porém, os melhores horários para encontros – até mesmo para jogatinas – são
sempre marcadas em horário comercial durante a semana, o que complica.
Sempre essa divergência de dias e horários com o grupo foram
fatores cruciais para a minha ausência justificada (ao menos pra mim) das
reuniões para saguão em jogos (principalmente Street Fighter V) mas nunca
deixamos de nos comunicarmos ou realizar eventuais encontros – como os
memoráveis dias de Barzinga.
Do encontro com um amigo em comemoração ao seu aniversário,
virou um louco trajeto para um show de Rock. Insano ! O Encardido sugeriu, por
divergências de dias e horários, que Thyrso e Ephorion marcassem um encontro em
sua casa. A localidade, inclusive, me remeteu às minhas origens e por um
momento me emocionei no chatt. Hoje, vivo muito longe da minha terrinha – ainda
que aqui seja bom, sinto saudades de ter os meus locais de lazer próximos como
sempre foram (Norte Shopping e Nova América, quando será que seremos vizinhos
novamente ?).
No meio da conversa, Thyrso e Ephorion revelaram que
estariam no Beer Reversal no Sábado – enquanto que nesse mesmo dia eu estava a
combinar anteriormente com Marcio a possibilidade de ir pela primeira vez ao
Circuito Fight in Rio depois de 3 anos de tentativas – é pra deixar qualquer
Brolynho bufando e de cabelo em pé. Mais uma vez, a ida ao CFIR foi adiada.
Trocando o trajeto da casa do Insano para o show de Rock em
um bairro próximo já após o expediente, por um triz eu não vou até a casa de
Thyrso – inicialmente programado – para a reunião após um convite reforçado por
Ephorion. A ideia então era que todos fossem ao Beer Reversal no Sábado. Então
o trio Encardido clássico: Mestre Ryu, Thyrso e Ephorion, botam o pé na marcha
e na estrada.
Da casa do Marcio, da casa do Thyrso, da casa do Insano ao
show de Rock.. eram quase umas duas horas andando pelas ruas noturnas do centro
em busca de achar uma condução para o último destino confirmado. Pra variar,
uma baita chuva caía no meio do passeio frustrado e lá vamos nós se enrolar no
guarda-chuva e nos pedregulhos cheios de água nas ruas da grande cidade.
Quando então percebi que todo o itinerário havia mudado – e
o próprio centro da cidade também. Estava esteticamente bonito as reformulações
do túnel - via bem de longe um ônibus que levaria para a minha antiga terrinha
aonde Insano e os outros Encardidos estariam – mas o número estava diferente:
443 – Olaria (“ - 443 ? “ Pensei ! ). Anteriormente, encontrei um 484 passando
em alguma rua, próximo às barcas de Niterói, depois aguardei por um outro que
não vinha nunca. Aproveitei pra comprar
umas batatas artesanais no caminho – prometidas há um tempo e pra buscar manter
a sobrevivência no trajeto – eram bem carinhas, mas compensadoras.
Nesse caminho, me recordei dos trajetos que fazia para pegar
o ônibus 350 e vi o quanto o local estava
abandonado e cheio de entulho de lixo. Na época que fazia o longo
trajeto do Centro, passando pela Lapa e chegando ao fim do bairro da Gloria,
aquele ponto sempre estava com umas consideráveis filas. O itinerário mudou de
tal forma a ponto de não ver mais os ônibus – Deus quis assim para eu não me
recordar de algumas lembranças ruins, que me fizeram sair de lá, de onde eu
morei e, em alguma parte, nasci. Ainda no meio desse trajeto, pela Cinelândia,
senti de fundo a baita tristeza de ver a Livraria Cultura fechada – era o maior
estabelecimento do gênero no Centro.
Nesse trajeto, um estrangeiro acompanhado de seus familiares
(mulher e filhas adolescentes) me pergunta aonde fica a Lapa – com aquele
sotaque misturando português e seu idioma. Como eu não sabia como comunicar na
mesma língua – levantei as mãos e apontei o dedo tentando explicar em inglês e
fazendo círculos: “ – Lapa is out it there ! “ ( Lapa é tudo isso aí na frente!
). “ – Obrigado! “ O estrangeiro
agradeceu em português.
Prestes a desistir, ainda que com convites motivadores de
Ephorion seguidas pro Thyrso, uma luz surgiu quando entre um show de números de
ônibus apresentadas pelo Insano, um
deles batia com o ônibus que eu iria pegar – como já estava tarde demais para
voltar à estação de trem. VLT pra Central não passava de jeito nenhum, eram
umas 22:22 e a estação fechava às 23:00. Somado a um monte de gente lerda e
maluco na rua atrapalhando o trajeto, seria arriscado voltar e dar de cara no
portão e depois sair de lá pra ir até ao terminal driblando um monte de mal
encarados da Central do Brasil. Então peguei o ônibus direto no terminal.
Numa caminhada longa, acompanhava o chatt e fazia o pequeno
lanche de sobrevivência – regada a batata artesanal de requeijão, cebola e
alho; com água mineral (pra suavizar). Passando por alguns lugares há muito
tempo não frequentados pelos trajetos da Av. Brasil (imediatamente me recordava
dos anos de trajeto sempre que ia e saía do centro para a Zona Norte) imaginei
que, após um tempo, eu já teria passado do local. Então pensei: “ -O jeito é
seguir para casa! ” tentando não se lamentar pela falta. Até que: “-17 ” Thyrso
dizia no chatt: “-Eu posso ver daqui, é passarela 17! “ eu achava que era
brincadeira, mas o ônibus passava pela passarela 17 e estava visível. Como
estava tudo embaçado pela chuva e escuro na estrada, só pude ver o número pela
janela aonde estava sentado e não o que estava a frente, na direção do
motorista.
Puxei o sinal e desci uns passos à frente. Aquele silêncio
de expectativa pairava no caminho, só a corrida pelas escadarias até o local (Thyrso
fez piada com isso: “-Ele vai descrever a situação de como saltou depois da
passarela 17! ” pois é).
Entrando pela rua, depois de atravessar umas calçadas cheias
de matagais, encontro um bar boêmio – mas nada a ver com as características que
eu imaginaria (estava mais para reunião de pagodeiros). Segui mais em frente
até que finalmente encontro um pequeno espaço escuro com umas pessoas vestidas
de preto e umas luzes coloridas: “-Ah, só pode ser aqui!” chegando de
guarda-chuva por lá, toquei o Thyrso sentado, ao lado de Ephorion e Insano.
Muita nostalgia pairava nas apresentações da banda
independente de rock, Paradigma, animando os presentes. Um dos integrantes estava com
aluguel atrasado e então sempre iam a pé de Olaria para Brás de Pina realizar
apresentações no bar Subúrbio Alternativo, revelava o apresentador que também é dono do barzinho de
rua.
Thyrso mostra então a sua recente aquisição, Double Dragon
II e um Top Game, exatamente o Nintendinho de sua infância, procurando seguir
uma carreira de colecionismo particular. Quando ele disse que seu irmão possuía
um Panasonic 3DO, fiquei bastante impressionado e me recordei do meu primeiro campeonato de Street Fighter em 1995.
A vocalista mandava bem. Insano tentava encontrar alguma
desafinação mas não encontrava, os outros Encardidos concordaram. No final,
tentamos deixar os números de sorteio com um amigo de Insano, o amigo devolveu
a Insano que ficou com vários números de sorteio (conseguidos depois de apoiar
a banda através de doações depositadas num chapéu que era passado entre os
clientes do bar). “-Agora não tem mais como perder!” disseram. Insano ficou com
“cara de perdido” já que ele preferia ter deixado ao amigo.
Insano ficaria, Thyrso concedeu a cortesia de levar-nos e
então eu passaria a conhecer o novo
quartel general do SouPlayerZ. Todos muito acabados, apagamos e bem cedo
acordamos para uma maratona de jogatinas, desta vez, no Tekken 7. Possível
transição do Street Fighter V num período aonde muitos jogadores estão deixando
de jogar o jogo e transferindo sua dedicação a outros jogos. Eu estive jogando
muitos outros – e revivendo e redescobrindo os antigos – enquanto Thyrso,
Ephorion e alguns dos demais Encardidos se dedicando a Tekken 7 mais à
fundo.
No novo quartel SoulPlayerZ, Thyrso me apresentou a casa e
as gororobas que ele comprou especialmente para nós. Combinei a minha refeição
reforçada favorita com dois mistos recheados e Iogurte. Na manhã de Sábado,
seguimos como prometido em uma transmissão ao vivo direto da casa do Thyrso,
partidas de Tekken 7 Pré-Beer Reversal. Pela primeira vez, pude colocar a
careta direito na transmissão e interagir com os visitantes. Sempre achei isso
muito difícil. Primeiro por que eu não conseguia visualizar o chatt enquanto
estava jogando e a outra é manter o pique. Mas Thyrsão deu algumas dicas e
mostrou como monta sua transmissão. Pude ter novas ideias.
Em momentos descontraídos de intervalos, a natureza invadia
a cena, com alguns macaquinhos subindo as árvores próximos à janela. Eram uns
três. Sem esperar uma resposta séria, perguntei de qualquer forma: “-Que raça
eles devem ser?”, “-Fox e Steve !” brincaram. O homem invadia o habitat dos
bichos: “-Aqui era tudo mar, antes de vir os prédios ! “ explicava Thyrso sobre
sua região. Sendo assim, estes animais estão soltos por aí, até não se sabe
quando.
Através do campeonato, pude sentir o quanto Tekken 7 é
realmente pesado para se dedicar. Ainda me sinto como se estivesse quando
comecei a jogar Street Fighter quando aprendi os golpes especiais, sei focar em
outras propriedades como hoje. O Check-In do evento estava favorável, entre
14:00 e 15:00. Dava pra dormir horrores. Melhor horário contra outros eventos
que costuma ser sempre de manhã – do tipo: “- Só pra quem serviu ”.
A grande surpresa do evento foi Capcom v.s. SNK 2. Quando os
amigos Encardidos disseram: “- Vai ter Capcom v.s. SNK 2 também ! “. Nem
acreditei. Pedi para que Thyrso pudesse me inscrever – como eu não poderia
realizar a tempo. No fim, a inscrição
para Tekken 7 e Capcom v.s. SNK 2 foi realizada presencialmente com toda a
cortesia do nosso maior cavaleiro do grupo. Da recepcionista ao jardineiro do
jardim do evento, Thyrso é cortês com todos ao seu redor. Já se torna um dos
mais queridos da FGC carioca. E eu fico grato por isso, de ter sido parte
disso, ao lhe apresentar a esse mundo e pela sua evolução e destaque.
Olhando se havia alguma TV com CVS 2, eu não encontrava –
apenas os principais da Line Up do evento. Encontrei Luke
Thomas (Luciano Coelho), sempre muito cortês, me apresentou aos amigos como o “Melhor jogadorde Street Fighter” eu sei que a concorrência é grande mas
fiquei profundamente honrado pelo reconhecimento do monge do Tekken 7. Então o apresentei a Thyrso e Ephorion. Um
pouco antes, Ace chegava, na correria, para realizar os comentários na
transmissão.
Depois de um tempo, colocam CVS 2 e mais à frente, Garou
Mark of The Wolves. Me despedi do Luke para tentar acompanhar as partidas do
jogo e me “desmagnetizar” dos treinos frustrados em Street III 3rd Strike – com
receio de não acompanhar o ritmo no torneio querendo confundir CVS 2 com SF III
e criar uma confusão.
Ali nas partidas livres (freeplays para os íntimos) de CVS 2
estavam dois jogadores que entravam para jogar e mais um ali esperando. Eu
havia marcado o meu lugar anteriormente pra entrar na fila (tecnicamente eu
seria o primeiro) mas alguém entrou, de repente, no lugar. Optei por aguardar
mais um pouco. Rafael, um participante, chega
para dizer que estava para colocar Rival Schools de Playstation I mas acabou
ficando por ali acompanhando as partidas de CVS 2.
Eis que chega a minha vez e mesmo observando as partidas com
uma sensação inesperada de performance, me surpreendo com um jogo bem técnico
do outro jogador, ele usava Chun-Li, Geese E O MEU VEGAAA!!! Isso por que nunca
vi ou lembrei ninguém jogar com o Vegão ao vivo, em algum versus, usando minhas
habilidades com o "Barcelona" (as famosas investidas voadoras). Só tive azar de não estar com um bom D-Pad. Então
tomei todas as cercadas do boneco. Depois de 3 partidas, acirrada no final,
sou chamado para a partida de Tekken 7 no campeonato, minha primeira partida –
“-Termina essa luta e depois vai!” alguém diz, mas opto por entregar no
finalzinho e corro pra partida. Felizmente, as minhas duas partidas de Tekken 7
foram transmitidas com dois jogadores muito carrascos: Yorezord (Thales Silva) na primeira partida e MdT General ELL (Estevão Lima) na segunda – de qualquer forma,
valeu a experiência.
E por me envolver tão profundamente em “provas” como essa,
acabei confundindo o ritmo entre Tekken 7 e CVS 2 – trocando o entendimento
entre 4 e os 6 botões, respectivamente, de um jogo e outro. Por esse motivo,
penso, se não seria mais interessante participar de um campeonato por vez.
Voltando pra CVS 2,
tento um contato maior com o jogador técnico e pergunto se ele joga online pelo
FightCade. Quando me apresento, ele olha com olhar de estranhamento: “-Acho que
já joguei com você!” daí eu fico esperando: “-Espero que não seja nenhum
‘hater’ online“ Aparentemente? Um careca
moreno, óculos de grau e altura intimidadora. Usava um controle Arcade Hori
Hapi4 como a que Keoma usava no começo de Street Fighter V – controle que eu
estava cobiçando mas percebi que eu não me adapto bem ao D-Pad de formato Balltop
salvo raros casos. Thyrso e Ephorion o chamaram de "Keoma Jr.".
“-Frame Boy” se apresentava Franklin, o jogador
intelectual. Observava atentamente todas
as partidas ali no canto (enquanto eu era jogado pela multidão que saia e
chegava pro local e outros do espaço Game of Boards). Seu estilo técnico causou
impacto, e acabei eliminado das winners por 2x1. Ainda nas freeplays, ele
causava canseira. Seu trio: Chun-li, Geese e Vega (principalmente o último, com
suas variações aéreas – ele contava com ótima execução e não errava). Seu combo
com Chun-li era interessante, lembrando sequências de Street III 3rd Strike
(pulo com soco duplo após o Super Lighting Kick).
Durante esse espaço de CVS 2, quem me reconhece é Nicholas
Barcelos – nos conhecemos em alguma comunidade no Facebook e seu rosto não me
era estranho. Thyrso dizia que ele tinha aparência semelhante ao de Bill Gates
– comentava tudo com muito detalhe. É a primeira vez que nos vimos
pessoalmente, muito receptivo e dominava bem os combos – inclusive, me surpreendi
com suas execuções com o Terry, chute fraco agachado 2x, chute fraco em pé +
Burning Knuckle (especial de barra). Sua
habilidade era inesperada –se foi ele quem joguei em algum campeonato de Super
Nintendo, em CVS 2 jogando em controle Arcade ele estava em casa.
Thyrso pediu dicas do CVS 2 e se animou para a inscrição.
Inesperadamente, Thyrso e Ephorion já estavam no campeonato e outros novos
talentos. Ainda no grupo de jogadores de CVS 2, encontrei alguns rostos
conhecidos e outros que, possivelmente, desconfiaram se me conheceram em algum
momento.
Lo-Fi (Fabricio Anciães Pereira), Yorezord (jogador top de Tekken) e FIR/HOH-Lider (Marcelo Senna) um dos jogadores mais conhecidos do FIR,
estiveram na disputa. Lo-Fi surpreendeu nas partidas do SF III 3rd Strike
quando jogamos no Barzinga. E jogamos mais algumas vezes online. Incrivelmente,
era a primeira vez que vejo um jogador usar um controle Arcade Hit Box (feito
especialmente para quem é acostumado a jogar no teclado do PC). Ele costuma
sempre explicar tudo através das terminologias – me via perdido – mas então, ao
explicar a forma como fazer pião do Zangief (aonde o botão de pulo fica a baixo
dos botões de ataque) parecia uma coisa simples, ao menos na teoria.
No fim, consegui ter minha revanche contra Lo-Fi (pelo
Street III 3rd Strike), Yorezord (pelas minhas participações relâmpago no
torneio Tekken 7) e Frame Boy (pela primeira partida no torneio CVS 2). Entre
partidas que pareciam levar 10 horas – “-Demora pra caraca!” dizia Koopão
enquanto anotava os resultados e eu concordei - chegava então a hora de encontrar
.. um dos icônicos jogadores da FGC RJ: Lider: “-Se eu conseguir o Top 3, eu estarei
feliz” comentou. Ele também jogava de
Vega no time. Outra surpresa. Numa das partidas, ele então sente uma coisa incomum
– “-Peraí, você trocou o Ratio do boneco x” entrou em questão que eu não
poderia trocar o Ratio do boneco x se eu estava ganhando. Uma regra que costuma
ter em torneios, manter sempre as opções como se não tivesse como trocar de
personagem mesmo no modo versus. Eu então fiquei na dúvida se realmente havia
trocado o Ratio do Vega para o Blanka – quando na verdade eu havia deixado o Ratio
mais forte para o Blanka nas últimas partidas. Houveram aí mais de meia hora de
discussão, mas no fim resolvemos resetar a partida e deu tudo certo.
Entre jogadores muito fortes, Ephorion elogiou a minha
evolução nas partidas – Thyrso também reconheceu. De Terry, Vega e Maki/
Hibiki, comecei a me lembrar do trio o qual eu conseguia render melhor (ainda
que Maki e Hibiki estejam em treinamento), observei o grande organizador do
torneio (que eu vi passar como de um dos staffs do Fight in Rio a um membro do
time esportivo N3T de Cabelo3000 entre 2016 e 2017, nesses anos dourados de SFV)
Koopão (Thyago Teles) jogando de Blanka e então vi o quanto ele era perturbador em todos os
jogos mas não me recordava se chegava a jogar com ele (afinal, jogar à sério
versus mesmo nesse game ficou lá em 2004 – em 2006, na Avex, jogando em
controle Arcade com D-Pad que eu não uso e ainda ficava dançando na mão, nem
conta). Mesmo assim, decidi trocar Terry por Blanka no campeonato. Então ficou:
Blanka, Honda e Vega. Um risco que deu certo.
Numa mudança de estratégia, durante as partidas seguintes, troquei
de Blanka pra minha carta na manga: Morrigan. As fireballs de curta recuperação
contribuíram para manter a distância. Koopão analisava de fundo o meu Vega.
Frame Boy continuava a dominar o seu Vega no ar e eu sofria para confirmar tudo precisamente no Hori FC4
justamente pelo D-Pad bizarro – um dos piores que já pude usar em toda a minha
vida. Parecia aqueles joysticks genéricos de R$ 15,00 que eu comprava no começo
de jogatinas no PC – quando na verdade um joystick Hori desses custou uns R$
160,00 pra ter essa dificuldade toda. Contra o SLS / Saturn USB oficial da SEGA
que custou uns R$ 80,00 durou 7 anos e foi o melhor josytick pra jogar no PC
desde o Mega Drive e o próprio Sega Saturn.
O D-Pad do Dreamcast não era ruim o problema eram os botões
L e R serem atrás o que era péssimo pra jogar jogos de luta com 6 botões. Como os consoles da SONY só aceitam joystick
compatível com Playstation 4, eu tive que me ver forçado a usar o HORI FC4 para
jogar nos campeonatos (99,9% da minha dificuldade em mostrar minhas habilidades
reais nas competições de Street V é justamente por isso). CVS 2 do torneio
rodava num Play 2.
Comentei com mais detalhes ao Thyrso -enquanto ouvia e repetia as palavras,
reflexivo - que o grande problema do HORI FC4 era a falta de sensibilidade em
sentir o D-Pad, logo se perdia a precisão do diagonal. “-Falta de
sensibilidade” Thyrso refletia, compreendendo. Isso era notável no vídeo do
campeonato enquanto jogava CVS 2 a minha luta para tentar entender a precisão
do D-Pad - esfregava os dedos com muita
violência – eu me vendo nem me imaginava assim que a expressão era grande. “-Dá
pra ver você apertando os botões” bem que o Ephorion dizia. Tá complicado
disfarçar sem entender a sua precisão. Desafio de anos com controles de
Playstation. Um jogador top de SFV já me comentou que há uma diferença do
tamanho de chips na mecânica de um D-Pad, o que influencia essa sensibilidade.
Acabou que não pude usar bem todo o recurso de E.Honda –
sumô que podia funcionar mais (pelo seu ataque vir por cima e cair com ataque
para baixo) mas não arrisquei muito com receio de levar contra ataque pesado
nas falhas devido a falta de precisão.
“-Esse Honra é muito chato” dizia Koopão olhando a partida.
Com dicas de Nicholas e Lo-Fi, percebi que a barra K tirava
praticamente 90% da vida e por esse motivo percebi o por quê perdia tão rápido
assim que tomava alguns especiais das mãos habilidosas do Frame Boy. Procurei
me atentar melhor a isso.
Thyrso e Ephorion gostaram da brincadeira do CVS 2 e tiveram
participações surpreendentes. Thyrso, jogando pela primeira vez, ficou meio
perdido nos recursos mas conseguiu encontrar grande persistência com seu Akuma
– distribuiu Shun Goku Satsu pra todo mundo. Ephorion dominou com o seu Kim,
mantendo precisão nos facões e especiais aéreos com a barra C.
Durante a competição, senti que a minha barra era a N, pulo
curto e corrida. Era assim que eu jogava. E ainda adaptei algumas propriedades
adquiridas nos jogos de luta com as dicas de jogadores profissionais e
veteranos em versus desse campo, ainda em tempos de SFV.
Fiquei surpreso, no fim, em ver que Koopão declarou: “-Eu
soube dominar o E.Honda mas não sabia o que fazer contra o Vega e a Morrigan”. Eu avancei mas não
esperava que estava causando impressões nesse ponto. Ficou 2x3 para o BIG BOSS
icônico do evento – quase um reset histórico na bracket e assim sair da Winners
Finals para Losers Finals.
Para nenhuma surpresa, não sinto a sensibilidade do D-Pad da
Hori FC4 e perco a oportunidade de mandar um Super Combo Nível 3 Barra N com o Vega
(aonde causaria um dano grande ou então uma vitória se atingisse). Mesmo não acertando, ficaria satisfeito por
saber que o controle respeitou minha forma de jogar.
Thyrsão lembrou de um jogador jovem ali no evento que eu
havia observado mas não percebido um detalhe bem curioso. Era um jovem de
cabelos castanhos claros de tamanho médio, camisa meio desabotoada e trajes
jeans – os maus olhares pensariam que ele seria um jogador “nutella”
interessado apenas em games mais suaves, mas estava lá encarando a bateria de
partidas longas de um game das antigas, CVS 2. Suas mãos tremiam por ser a
primeira vez em que Katheus Mordula (Matheus Guimarães) participava de um campeonato. Lembrou eu nas primeiras
vezes lá em 1995. Mas o nervosismo sempre bate às vezes.
Era noite e bateu aquela chuva. Thyrso se despediu de todos do evento com
aquela cortesia de abraçar o mundo e voltamos ao Uber. Todos estavam muito cansados e famintos. Após várias
tentativas pelo I Food de nosso
anfitrião Encardido – 00:00 e vários estabelecimentos fechados pelo aplicativo
– por pouco trocamos a pizza pelo Yakisoba, no fim, acabou em pizza. Tivemos
que aguardar uma hora para a recepção da única pizzaria aberta na madrugada.
A esperada última transmissão ao vivo não rolou – todos
estavam só o pó e eu me sentindo bem
mendigo naquele fim de semana. Sugeri uma partida de KOF 2002 UM, tentamos
KOF 98 UM pela STEAM. Thyrso se
emputeceu por não conseguir configurar o controle pelo Dual Shock – tentou
jogar no Arcade anteriormente mas não sentiu firmeza no D-Pad. “-Joga aí
vocês!” Thyrso sai de cena e Ephorion treina uns golpes com o Ryo. Percebemos
algo curioso: “-Olha, o Ryo quando agacha faz barulho!” disse. Ephorion
estranhou mas depois percebeu. Depois de um tempo, tentando ressuscitar uma
possível partida de KOF 98 UM, pedi um tempo ao Ephorion para baixar o
aplicativo que poderia ajudar na configuração entre o controle e joystick. “-O
quê? [...] Não vai por vírus no PC do Thyrso !!! “ Ephorion deu uma martelada mas era só o Joy2key, um
programinha simples baixado no site oficial. Tentei configurar e associar os
botões mas sem sucesso. Logo, percebi que o problema era simples, bastava dar
um Enter no teclado para configurar pelo joystick da maneira adequada à
preferencia. Fomos recepcionados por 2 pizzas gigantes. Aproveitei pra mostrar
a configuração: “-Não era assim que você queria ?” apresentei. Mas Thyrso pediu
pra esquecer e irmos pro rango. No final, acabou não rolando também a partida e
fiquei naquela expectativa de cachorro sem dono. A Moral da História é: jogadores de console preferem a mordomia de
ligar e jogar, não tem muita paciência para a burocracia de configurar o
computador pra jogar.
Ephorion ligou o som e ficamos curtindo uns shows de rock no
You Tube enquanto reabastecíamos o nosso life piscando no “Rage”. Depois de todos irem para a cama, rolou um FIGHT! Extra:
Mestre Ryu v.s. O Ventilador. O desafio
era: tentar posicionar o outro ventilador Arno sem acordar ninguém na
escuridão. Foi uma situação frustrante
por que o vento não seguia pra posição correta até que consegui deixar no ponto
certo, depois de 20 minutos – o FIGHT! Extra na escuridão do dia anterior era
contra o celular. O desafio era resolver entre deixar o celular no outro quarto
ou na sala para não esquecer nada antes de sair.
Da madrugada de Sábado pra Domingo,
nunca imaginei que fosse dormir tanto. Até que Thyrso acorda geral. “-Galera,
sabe que horas são? 12:00! ” eu fiquei boquiaberto com o tanto de tempo que
dormi igual a uma pedra. Tivemos que
correr pra levar o Ephorion para a estação.
No meio do caminho, Thyrso aponta
pra uma limousine saindo de algum galpão. Percebo algumas mulheres ao fundo.
Todos caem na gargalhada da situação sobre o que poderia ter acontecido. Daí eu me lembro que não vejo uma limousine
desde 2012 – quando estava indo de taxi assistir 007 Operação Skyfall na Barra
da Tijuca – o veículo estava pela Av. das Américas próximo ao UCI New York City
Center em um período das 17:00. Limousine é que nem estrela cadente. Assim como
esses momentos bacanas de reunião entre os Encardidos.
Daí, Ephorion lembra: “-Hoje
(16/03/2019) faz 1 ano que nos encontramos pela primeira vez no Barzinga”. Faz
1 ano que conheço pessoalmente Ephorion. No grupo temporário criado por Thyrso
no WhatsApp, o título celebrava o feito: EPHORON NO RIO. Em mais um fim de semana
incrível (como dizia o Luciano Nininho nas transmissões do Barzinga) – que já traz
saudades. E no lugar de Kiddo (que
também conheci pessoalmente naquela noite de Barzinga), encontramos Insano
(este que eu já conhecia desde o Fight in Rio daquele ano).
Esse foi o meu primeiro Beer
Reversal e já está no coração. Um dos melhores ou se não o melhor momento do
ano. Reencontrar Ephorion, Thyrso e
Insano. E se ainda encontrássemos Marcio Yukio, teríamos a nossa missão mais do
que concluída. É nessas horas que a gente torce para que o dia se tornar 72
horas.
SÃO MOMENTOS ASSIM QUE FAZ OS MEUS DIAS
VALEREM À PENA
EM DEDICAÇÃO AOS AMIGOS
Thyrso
Ephorion
Insano
Marcio
Yukio
(NÃO
EXATAMENTE NESSA ORDEM)
Memórias do Evento
Da esquerda pra direita: Rafael Silva (o visitante que trouxe Rival School de Playstation I pra jogar) observando, GB (Nicholas Barcelos) o garoto "Bill Gates" e Ephorion (Luis Henrique Verissimo) o "Capitão dos Encardidos" no campeonato Capcom v.s. SNK 2 - Beer Reversal #2 (2019).
Lo-Fi e a sua lendária Hit Box
Da esquerda pra direita: Koopão (no desespero - caras & bocas são as suas principais características nos eventos) e Frame Boy (Franklin).
Minha maravilhosa medalha de 2º Lugar - Beer Reversal#2 - Capcom vs SNK 2
Memórias do Evento
Da esquerda pra direita: Rafael Silva (o visitante que trouxe Rival School de Playstation I pra jogar) observando, GB (Nicholas Barcelos) o garoto "Bill Gates" e Ephorion (Luis Henrique Verissimo) o "Capitão dos Encardidos" no campeonato Capcom v.s. SNK 2 - Beer Reversal #2 (2019).
Lo-Fi e a sua lendária Hit Box
Da esquerda pra direita: Koopão (no desespero - caras & bocas são as suas principais características nos eventos) e Frame Boy (Franklin).
Minha maravilhosa medalha de 2º Lugar - Beer Reversal#2 - Capcom vs SNK 2
Ao visitar os comentários do Twitch, pude testemunhar os comentários hilários dos Encardidos: Aruzaum e White Hound (Adriano Verissimo - sim, o irmão, igualmente talentoso artista e programador, do Ephorion - que, inclusive, não é só competidor mas também é o criador do super-herói Brasileiro Felino Selvagem).
O trio Encardido na transmissão Pré-Reversal
Momento Pós-Evento
E os
dias foram tão bons que no fim (mesmo com aquele clássico aviso: “-Vejam se não
esqueceram nada!”) esqueci meu guarda – chuva.
E
essa coincidência também bate com o primeiro dia de Barzinga (que também era um
dia de chuva). Porém, lá eu perdi mesmo (o nosso amigo Encardido, Kiddo,
aparentemente, também).
Portanto,
1 ano de reencontro e (mais) 1 ano de volta para casa (feliz) sem guarda-chuva