domingo, 24 de março de 2019

[História dos Videogames] Beer Reversal, Guarda-Chuvas & Rock N’ Roll



Era um dia qualquer até que, repentinamente, recebo um Bat-Chamado do Encardido Thyrso (SoulPlayerZ) pela rede social. Capitão Ephorion vem de visita à cidade maravilhosa e fui convocado para uma reunião na casa do amigo Marcio “Synbios” Yukio.

O que parecia uma tarefa simples, virou um embaralho mais cabeludo que letra de médico. O Encardido Insano (Lincoln Xavier) também estaria presente, porém, os melhores horários para encontros – até mesmo para jogatinas – são sempre marcadas em horário comercial durante a semana, o que complica.
Sempre essa divergência de dias e horários com o grupo foram fatores cruciais para a minha ausência justificada (ao menos pra mim) das reuniões para saguão em jogos (principalmente Street Fighter V) mas nunca deixamos de nos comunicarmos ou realizar eventuais encontros – como os memoráveis dias de Barzinga.

Do encontro com um amigo em comemoração ao seu aniversário, virou um louco trajeto para um show de Rock. Insano ! O Encardido sugeriu, por divergências de dias e horários, que Thyrso e Ephorion marcassem um encontro em sua casa. A localidade, inclusive, me remeteu às minhas origens e por um momento me emocionei no chatt. Hoje, vivo muito longe da minha terrinha – ainda que aqui seja bom, sinto saudades de ter os meus locais de lazer próximos como sempre foram (Norte Shopping e Nova América, quando será que seremos vizinhos novamente ?).

No meio da conversa, Thyrso e Ephorion revelaram que estariam no Beer Reversal no Sábado – enquanto que nesse mesmo dia eu estava a combinar anteriormente com Marcio a possibilidade de ir pela primeira vez ao Circuito Fight in Rio depois de 3 anos de tentativas – é pra deixar qualquer Brolynho bufando e de cabelo em pé. Mais uma vez, a ida ao CFIR foi adiada.

Trocando o trajeto da casa do Insano para o show de Rock em um bairro próximo já após o expediente, por um triz eu não vou até a casa de Thyrso – inicialmente programado – para a reunião após um convite reforçado por Ephorion. A ideia então era que todos fossem ao Beer Reversal no Sábado. Então o trio Encardido clássico: Mestre Ryu, Thyrso e Ephorion, botam o pé na marcha e na estrada.

Da casa do Marcio, da casa do Thyrso, da casa do Insano ao show de Rock.. eram quase umas duas horas andando pelas ruas noturnas do centro em busca de achar uma condução para o último destino confirmado. Pra variar, uma baita chuva caía no meio do passeio frustrado e lá vamos nós se enrolar no guarda-chuva e nos pedregulhos cheios de água nas ruas da grande cidade.

Quando então percebi que todo o itinerário havia mudado – e o próprio centro da cidade também. Estava esteticamente bonito as reformulações do túnel - via bem de longe um ônibus que levaria para a minha antiga terrinha aonde Insano e os outros Encardidos estariam – mas o número estava diferente: 443 – Olaria (“ - 443 ? “ Pensei ! ). Anteriormente, encontrei um 484 passando em alguma rua, próximo às barcas de Niterói, depois aguardei por um outro que não vinha nunca.  Aproveitei pra comprar umas batatas artesanais no caminho – prometidas há um tempo e pra buscar manter a sobrevivência no trajeto – eram bem carinhas, mas compensadoras.  

Nesse caminho, me recordei dos trajetos que fazia para pegar o ônibus 350 e vi o quanto o local estava  abandonado e cheio de entulho de lixo. Na época que fazia o longo trajeto do Centro, passando pela Lapa e chegando ao fim do bairro da Gloria, aquele ponto sempre estava com umas consideráveis filas. O itinerário mudou de tal forma a ponto de não ver mais os ônibus – Deus quis assim para eu não me recordar de algumas lembranças ruins, que me fizeram sair de lá, de onde eu morei e, em alguma parte, nasci. Ainda no meio desse trajeto, pela Cinelândia, senti de fundo a baita tristeza de ver a Livraria Cultura fechada – era o maior estabelecimento do gênero no Centro.
Nesse trajeto, um estrangeiro acompanhado de seus familiares (mulher e filhas adolescentes) me pergunta aonde fica a Lapa – com aquele sotaque misturando português e seu idioma. Como eu não sabia como comunicar na mesma língua – levantei as mãos e apontei o dedo tentando explicar em inglês e fazendo círculos: “ – Lapa is out it there ! “ ( Lapa é tudo isso aí na frente!  ). “ – Obrigado! “ O estrangeiro agradeceu em português.

Prestes a desistir, ainda que com convites motivadores de Ephorion seguidas pro Thyrso, uma luz surgiu quando entre um show de números de ônibus  apresentadas pelo Insano, um deles batia com o ônibus que eu iria pegar – como já estava tarde demais para voltar à estação de trem. VLT pra Central não passava de jeito nenhum, eram umas 22:22 e a estação fechava às 23:00. Somado a um monte de gente lerda e maluco na rua atrapalhando o trajeto, seria arriscado voltar e dar de cara no portão e depois sair de lá pra ir até ao terminal driblando um monte de mal encarados da Central do Brasil. Então peguei o ônibus direto no terminal.

Numa caminhada longa, acompanhava o chatt e fazia o pequeno lanche de sobrevivência – regada a batata artesanal de requeijão, cebola e alho; com água mineral (pra suavizar). Passando por alguns lugares há muito tempo não frequentados pelos trajetos da Av. Brasil (imediatamente me recordava dos anos de trajeto sempre que ia e saía do centro para a Zona Norte) imaginei que, após um tempo, eu já teria passado do local. Então pensei: “ -O jeito é seguir para casa! ” tentando não se lamentar pela falta. Até que: “-17 ” Thyrso dizia no chatt: “-Eu posso ver daqui, é passarela 17! “ eu achava que era brincadeira, mas o ônibus passava pela passarela 17 e estava visível. Como estava tudo embaçado pela chuva e escuro na estrada, só pude ver o número pela janela aonde estava sentado e não o que estava a frente, na direção do motorista.

Puxei o sinal e desci uns passos à frente. Aquele silêncio de expectativa pairava no caminho, só a corrida pelas escadarias até o local (Thyrso fez piada com isso: “-Ele vai descrever a situação de como saltou depois da passarela 17! ” pois é). 

Entrando pela rua, depois de atravessar umas calçadas cheias de matagais, encontro um bar boêmio – mas nada a ver com as características que eu imaginaria (estava mais para reunião de pagodeiros). Segui mais em frente até que finalmente encontro um pequeno espaço escuro com umas pessoas vestidas de preto e umas luzes coloridas: “-Ah, só pode ser aqui!” chegando de guarda-chuva por lá, toquei o Thyrso sentado, ao lado de Ephorion e Insano.

Muita nostalgia pairava nas apresentações da banda independente de rock, Paradigma, animando os presentes. Um dos integrantes estava com aluguel atrasado e então sempre iam a pé de Olaria para Brás de Pina realizar apresentações no bar Subúrbio Alternativo, revelava o apresentador que também é dono do barzinho de rua.

Thyrso mostra então a sua recente aquisição, Double Dragon II e um Top Game, exatamente o Nintendinho de sua infância, procurando seguir uma carreira de colecionismo particular. Quando ele disse que seu irmão possuía um Panasonic 3DO, fiquei bastante impressionado e me recordei do meu primeiro campeonato de Street Fighter em 1995.

A vocalista mandava bem. Insano tentava encontrar alguma desafinação mas não encontrava, os outros Encardidos concordaram. No final, tentamos deixar os números de sorteio com um amigo de Insano, o amigo devolveu a Insano que ficou com vários números de sorteio (conseguidos depois de apoiar a banda através de doações depositadas num chapéu que era passado entre os clientes do bar). “-Agora não tem mais como perder!” disseram. Insano ficou com “cara de perdido” já que ele preferia ter deixado ao amigo.

Insano ficaria, Thyrso concedeu a cortesia de levar-nos e então eu passaria a conhecer  o novo quartel general do SouPlayerZ. Todos muito acabados, apagamos e bem cedo acordamos para uma maratona de jogatinas, desta vez, no Tekken 7. Possível transição do Street Fighter V num período aonde muitos jogadores estão deixando de jogar o jogo e transferindo sua dedicação a outros jogos. Eu estive jogando muitos outros – e revivendo e redescobrindo os antigos – enquanto Thyrso, Ephorion e alguns dos demais Encardidos se dedicando a Tekken 7 mais à fundo. 

No novo quartel SoulPlayerZ, Thyrso me apresentou a casa e as gororobas que ele comprou especialmente para nós. Combinei a minha refeição reforçada favorita com dois mistos recheados e Iogurte. Na manhã de Sábado, seguimos como prometido em uma transmissão ao vivo direto da casa do Thyrso, partidas de Tekken 7 Pré-Beer Reversal. Pela primeira vez, pude colocar a careta direito na transmissão e interagir com os visitantes. Sempre achei isso muito difícil. Primeiro por que eu não conseguia visualizar o chatt enquanto estava jogando e a outra é manter o pique. Mas Thyrsão deu algumas dicas e mostrou como monta sua transmissão. Pude ter novas ideias.

Em momentos descontraídos de intervalos, a natureza invadia a cena, com alguns macaquinhos subindo as árvores próximos à janela. Eram uns três. Sem esperar uma resposta séria, perguntei de qualquer forma: “-Que raça eles devem ser?”, “-Fox e Steve !” brincaram. O homem invadia o habitat dos bichos: “-Aqui era tudo mar, antes de vir os prédios ! “ explicava Thyrso sobre sua região. Sendo assim, estes animais estão soltos por aí, até não se sabe quando.
 
Através do campeonato, pude sentir o quanto Tekken 7 é realmente pesado para se dedicar. Ainda me sinto como se estivesse quando comecei a jogar Street Fighter quando aprendi os golpes especiais, sei focar em outras propriedades como hoje. O Check-In do evento estava favorável, entre 14:00 e 15:00. Dava pra dormir horrores. Melhor horário contra outros eventos que costuma ser sempre de manhã – do tipo: “- Só pra quem serviu ”.


A grande surpresa do evento foi Capcom v.s. SNK 2. Quando os amigos Encardidos disseram: “- Vai ter Capcom v.s. SNK 2 também ! “. Nem acreditei. Pedi para que Thyrso pudesse me inscrever – como eu não poderia realizar a tempo.  No fim, a inscrição para Tekken 7 e Capcom v.s. SNK 2 foi realizada presencialmente com toda a cortesia do nosso maior cavaleiro do grupo. Da recepcionista ao jardineiro do jardim do evento, Thyrso é cortês com todos ao seu redor. Já se torna um dos mais queridos da FGC carioca. E eu fico grato por isso, de ter sido parte disso, ao lhe apresentar a esse mundo e pela sua evolução e destaque.

Olhando se havia alguma TV com CVS 2, eu não encontrava – apenas os principais da Line Up do evento. Encontrei Luke Thomas (Luciano Coelho), sempre muito cortês, me apresentou aos amigos como o “Melhor jogadorde Street Fighter” eu sei que a concorrência é grande mas fiquei profundamente honrado pelo reconhecimento do monge do Tekken 7.  Então o apresentei a Thyrso e Ephorion. Um pouco antes, Ace chegava, na correria, para realizar os comentários na transmissão.  

Depois de um tempo, colocam CVS 2 e mais à frente, Garou Mark of The Wolves. Me despedi do Luke para tentar acompanhar as partidas do jogo e me “desmagnetizar” dos treinos frustrados em Street III 3rd Strike – com receio de não acompanhar o ritmo no torneio querendo confundir CVS 2 com SF III e criar uma confusão. 

Ali nas partidas livres (freeplays para os íntimos) de CVS 2 estavam dois jogadores que entravam para jogar e mais um ali esperando. Eu havia marcado o meu lugar anteriormente pra entrar na fila (tecnicamente eu seria o primeiro) mas alguém entrou, de repente, no lugar. Optei por aguardar mais um pouco.  Rafael, um participante, chega para dizer que estava para colocar Rival Schools de Playstation I mas acabou ficando por ali acompanhando as partidas de CVS 2.

Eis que chega a minha vez e mesmo observando as partidas com uma sensação inesperada de performance, me surpreendo com um jogo bem técnico do outro jogador, ele usava Chun-Li, Geese E O MEU VEGAAA!!! Isso por que nunca vi ou lembrei ninguém jogar com o Vegão ao vivo, em algum versus, usando minhas habilidades com o "Barcelona" (as famosas investidas voadoras). Só tive azar de não estar com um bom D-Pad. Então tomei todas as cercadas do boneco. Depois de 3 partidas, acirrada no final, sou chamado para a partida de Tekken 7 no campeonato, minha primeira partida – “-Termina essa luta e depois vai!” alguém diz, mas opto por entregar no finalzinho e corro pra partida. Felizmente, as minhas duas partidas de Tekken 7 foram transmitidas com dois jogadores muito carrascos: Yorezord (Thales Silva) na primeira partida  e MdT General ELL (Estevão Lima) na segunda – de qualquer forma, valeu a experiência.  

E por me envolver tão profundamente em “provas” como essa, acabei confundindo o ritmo entre Tekken 7 e CVS 2 – trocando o entendimento entre 4 e os 6 botões, respectivamente, de um jogo e outro. Por esse motivo, penso, se não seria mais interessante participar de um campeonato por vez.

Voltando  pra CVS 2, tento um contato maior com o jogador técnico e pergunto se ele joga online pelo FightCade. Quando me apresento, ele olha com olhar de estranhamento: “-Acho que já joguei com você!” daí eu fico esperando: “-Espero que não seja nenhum ‘hater’ online“ Aparentemente?  Um careca moreno, óculos de grau e altura intimidadora. Usava um controle Arcade Hori Hapi4 como a que Keoma usava no começo de Street Fighter V – controle que eu estava cobiçando mas percebi que eu não me adapto bem ao D-Pad de formato Balltop salvo raros casos. Thyrso e Ephorion o chamaram de "Keoma Jr.". 

“-Frame Boy” se apresentava Franklin, o jogador intelectual.  Observava atentamente todas as partidas ali no canto (enquanto eu era jogado pela multidão que saia e chegava pro local e outros do espaço Game of Boards). Seu estilo técnico causou impacto, e acabei eliminado das winners por 2x1. Ainda nas freeplays, ele causava canseira. Seu trio: Chun-li, Geese e Vega (principalmente o último, com suas variações aéreas – ele contava com ótima execução e não errava). Seu combo com Chun-li era interessante, lembrando sequências de Street III 3rd Strike (pulo com soco duplo após o Super Lighting Kick).

Durante esse espaço de CVS 2, quem me reconhece é Nicholas Barcelos – nos conhecemos em alguma comunidade no Facebook e seu rosto não me era estranho. Thyrso dizia que ele tinha aparência semelhante ao de Bill Gates – comentava tudo com muito detalhe. É a primeira vez que nos vimos pessoalmente, muito receptivo e dominava bem os combos – inclusive, me surpreendi com suas execuções com o Terry, chute fraco agachado 2x, chute fraco em pé + Burning Knuckle (especial de barra).  Sua habilidade era inesperada –se foi ele quem joguei em algum campeonato de Super Nintendo, em CVS 2 jogando em controle Arcade ele estava em casa.

Thyrso pediu dicas do CVS 2 e se animou para a inscrição. Inesperadamente, Thyrso e Ephorion já estavam no campeonato e outros novos talentos. Ainda no grupo de jogadores de CVS 2, encontrei alguns rostos conhecidos e outros que, possivelmente, desconfiaram se me conheceram em algum momento.

Lo-Fi (Fabricio Anciães Pereira), Yorezord (jogador top de Tekken)  e FIR/HOH-Lider (Marcelo Senna) um dos jogadores mais conhecidos do FIR, estiveram na disputa. Lo-Fi surpreendeu nas partidas do SF III 3rd Strike quando jogamos no Barzinga. E jogamos mais algumas vezes online. Incrivelmente, era a primeira vez que vejo um jogador usar um controle Arcade Hit Box (feito especialmente para quem é acostumado a jogar no teclado do PC). Ele costuma sempre explicar tudo através das terminologias – me via perdido – mas então, ao explicar a forma como fazer pião do Zangief (aonde o botão de pulo fica a baixo dos botões de ataque) parecia uma coisa simples, ao menos na teoria.

No fim, consegui ter minha revanche contra Lo-Fi (pelo Street III 3rd Strike), Yorezord (pelas minhas participações relâmpago no torneio Tekken 7) e Frame Boy (pela primeira partida no torneio CVS 2). Entre partidas que pareciam levar 10 horas – “-Demora pra caraca!” dizia Koopão enquanto anotava os resultados e eu concordei - chegava então a hora de encontrar .. um dos icônicos jogadores da FGC RJ: Lider: “-Se eu conseguir o Top 3, eu estarei feliz” comentou.  Ele também jogava de Vega no time. Outra surpresa. Numa das partidas, ele então sente uma coisa incomum – “-Peraí, você trocou o Ratio do boneco x” entrou em questão que eu não poderia trocar o Ratio do boneco x se eu estava ganhando. Uma regra que costuma ter em torneios, manter sempre as opções como se não tivesse como trocar de personagem mesmo no modo versus. Eu então fiquei na dúvida se realmente havia trocado o Ratio do Vega para o Blanka – quando na verdade eu havia deixado o Ratio mais forte para o Blanka nas últimas partidas. Houveram aí mais de meia hora de discussão, mas no fim resolvemos resetar a partida e deu tudo certo.

Entre jogadores muito fortes, Ephorion elogiou a minha evolução nas partidas – Thyrso também reconheceu. De Terry, Vega e Maki/ Hibiki, comecei a me lembrar do trio o qual eu conseguia render melhor (ainda que Maki e Hibiki estejam em treinamento), observei o grande organizador do torneio (que eu vi passar como de um dos staffs do Fight in Rio a um membro do time esportivo N3T de Cabelo3000 entre 2016 e 2017, nesses anos dourados de SFV) Koopão (Thyago Teles) jogando de Blanka e então vi o quanto ele era perturbador em todos os jogos mas não me recordava se chegava a jogar com ele (afinal, jogar à sério versus mesmo nesse game ficou lá em 2004 – em 2006, na Avex, jogando em controle Arcade com D-Pad que eu não uso e ainda ficava dançando na mão, nem conta). Mesmo assim, decidi trocar Terry por Blanka no campeonato. Então ficou: Blanka, Honda e Vega. Um risco que deu certo.

Numa mudança de estratégia, durante as partidas seguintes, troquei de Blanka pra minha carta na manga: Morrigan. As fireballs de curta recuperação contribuíram para manter a distância. Koopão analisava de fundo o meu Vega. Frame Boy continuava a dominar o seu Vega no ar e eu sofria  para confirmar tudo precisamente no Hori FC4 justamente pelo D-Pad bizarro – um dos piores que já pude usar em toda a minha vida. Parecia aqueles joysticks genéricos de R$ 15,00 que eu comprava no começo de jogatinas no PC – quando na verdade um joystick Hori desses custou uns R$ 160,00 pra ter essa dificuldade toda. Contra o SLS / Saturn USB oficial da SEGA que custou uns R$ 80,00 durou 7 anos e foi o melhor josytick pra jogar no PC desde o Mega Drive e o próprio Sega Saturn.

O D-Pad do Dreamcast não era ruim o problema eram os botões L e R serem atrás o que era péssimo pra jogar jogos de luta com 6 botões.  Como os consoles da SONY só aceitam joystick compatível com Playstation 4, eu tive que me ver forçado a usar o HORI FC4 para jogar nos campeonatos (99,9% da minha dificuldade em mostrar minhas habilidades reais nas competições de Street V é justamente por isso). CVS 2 do torneio rodava num Play 2.

Comentei com mais detalhes ao Thyrso  -enquanto ouvia e repetia as palavras, reflexivo - que o grande problema do HORI FC4 era a falta de sensibilidade em sentir o D-Pad, logo se perdia a precisão do diagonal. “-Falta de sensibilidade” Thyrso refletia, compreendendo. Isso era notável no vídeo do campeonato enquanto jogava CVS 2 a minha luta para tentar entender a precisão do D-Pad  - esfregava os dedos com muita violência – eu me vendo nem me imaginava assim que a expressão era grande. “-Dá pra ver você apertando os botões” bem que o Ephorion dizia. Tá complicado disfarçar sem entender a sua precisão. Desafio de anos com controles de Playstation. Um jogador top de SFV já me comentou que há uma diferença do tamanho de chips na mecânica de um D-Pad, o que influencia essa sensibilidade.

Acabou que não pude usar bem todo o recurso de E.Honda – sumô que podia funcionar mais (pelo seu ataque vir por cima e cair com ataque para baixo) mas não arrisquei muito com receio de levar contra ataque pesado nas falhas devido a falta de precisão.  “-Esse Honra é muito chato” dizia Koopão olhando a partida.

Com dicas de Nicholas e Lo-Fi, percebi que a barra K tirava praticamente 90% da vida e por esse motivo percebi o por quê perdia tão rápido assim que tomava alguns especiais das mãos habilidosas do Frame Boy. Procurei me atentar melhor a isso.

Thyrso e Ephorion gostaram da brincadeira do CVS 2 e tiveram participações surpreendentes. Thyrso, jogando pela primeira vez, ficou meio perdido nos recursos mas conseguiu encontrar grande persistência com seu Akuma – distribuiu Shun Goku Satsu pra todo mundo. Ephorion dominou com o seu Kim, mantendo precisão nos facões e especiais aéreos com a barra C.

Durante a competição, senti que a minha barra era a N, pulo curto e corrida. Era assim que eu jogava. E ainda adaptei algumas propriedades adquiridas nos jogos de luta com as dicas de jogadores profissionais e veteranos em versus desse campo, ainda em tempos de SFV.

Fiquei surpreso, no fim, em ver que Koopão declarou: “-Eu soube dominar o E.Honda mas não sabia o que fazer contra  o Vega e a Morrigan”. Eu avancei mas não esperava que estava causando impressões nesse ponto. Ficou 2x3 para o BIG BOSS icônico do evento – quase um reset histórico na bracket e assim sair da Winners Finals para Losers Finals.

Para nenhuma surpresa, não sinto a sensibilidade do D-Pad da Hori FC4 e perco a oportunidade de mandar um Super Combo Nível 3 Barra N com o Vega (aonde causaria um dano grande ou então uma vitória se atingisse).  Mesmo não acertando, ficaria satisfeito por saber que o controle respeitou minha forma de jogar.

Thyrsão lembrou de um jogador jovem ali no evento que eu havia observado mas não percebido um detalhe bem curioso. Era um jovem de cabelos castanhos claros de tamanho médio, camisa meio desabotoada e trajes jeans – os maus olhares pensariam que ele seria um jogador “nutella” interessado apenas em games mais suaves, mas estava lá encarando a bateria de partidas longas de um game das antigas, CVS 2. Suas mãos tremiam por ser a primeira vez em que Katheus Mordula (Matheus Guimarães) participava de um campeonato. Lembrou eu nas primeiras vezes lá em 1995. Mas o nervosismo sempre bate às vezes.

Era noite e bateu aquela chuva.  Thyrso se despediu de todos do evento com aquela cortesia de abraçar o mundo e voltamos ao Uber. Todos estavam muito cansados e famintos. Após várias tentativas pelo I Food  de nosso anfitrião Encardido – 00:00 e vários estabelecimentos fechados pelo aplicativo – por pouco trocamos a pizza pelo Yakisoba, no fim, acabou em pizza. Tivemos que aguardar uma hora para a recepção da única pizzaria aberta na madrugada.

A esperada última transmissão ao vivo não rolou – todos estavam só o pó e eu me sentindo bem mendigo naquele fim de semana. Sugeri uma partida de KOF 2002 UM, tentamos KOF 98 UM pela STEAM.  Thyrso se emputeceu por não conseguir configurar o controle pelo Dual Shock – tentou jogar no Arcade anteriormente mas não sentiu firmeza no D-Pad. “-Joga aí vocês!” Thyrso sai de cena e Ephorion treina uns golpes com o Ryo. Percebemos algo curioso: “-Olha, o Ryo quando agacha faz barulho!” disse. Ephorion estranhou mas depois percebeu. Depois de um tempo, tentando ressuscitar uma possível partida de KOF 98 UM, pedi um tempo ao Ephorion para baixar o aplicativo que poderia ajudar na configuração entre o controle e joystick. “-O quê? [...] Não vai por vírus no PC do Thyrso !!! “ Ephorion deu uma martelada mas era só o Joy2key, um programinha simples baixado no site oficial. Tentei configurar e associar os botões mas sem sucesso. Logo, percebi que o problema era simples, bastava dar um Enter no teclado para configurar pelo joystick da maneira adequada à preferencia. Fomos recepcionados por 2 pizzas gigantes. Aproveitei pra mostrar a configuração: “-Não era assim que você queria ?” apresentei. Mas Thyrso pediu pra esquecer e irmos pro rango. No final, acabou não rolando também a partida e fiquei naquela expectativa de cachorro sem dono. A Moral da História é:  jogadores de console preferem a mordomia de ligar e jogar, não tem muita paciência para a burocracia de configurar o computador pra jogar. 

Ephorion ligou o som e ficamos curtindo uns shows de rock no You Tube enquanto reabastecíamos o nosso life piscando no “Rage”.  Depois de todos  irem para a cama, rolou um FIGHT! Extra: Mestre Ryu v.s. O Ventilador.  O desafio era: tentar posicionar o outro ventilador Arno sem acordar ninguém na escuridão.  Foi uma situação frustrante por que o vento não seguia pra posição correta até que consegui deixar no ponto certo, depois de 20 minutos – o FIGHT! Extra na escuridão do dia anterior era contra o celular. O desafio era resolver entre deixar o celular no outro quarto ou na sala para não esquecer nada antes de sair.

Da madrugada de Sábado pra Domingo, nunca imaginei que fosse dormir tanto. Até que Thyrso acorda geral. “-Galera, sabe que horas são? 12:00! ” eu fiquei boquiaberto com o tanto de tempo que dormi igual a uma pedra.  Tivemos que correr pra levar o Ephorion para a estação.

No meio do caminho, Thyrso aponta pra uma limousine saindo de algum galpão. Percebo algumas mulheres ao fundo. Todos caem na gargalhada da situação sobre o que poderia ter acontecido.  Daí eu me lembro que não vejo uma limousine desde 2012 – quando estava indo de taxi assistir 007 Operação Skyfall na Barra da Tijuca – o veículo estava pela Av. das Américas próximo ao UCI New York City Center em um período das 17:00. Limousine é que nem estrela cadente. Assim como esses momentos bacanas de reunião entre os Encardidos.

Daí, Ephorion lembra: “-Hoje (16/03/2019) faz 1 ano que nos encontramos pela primeira vez no Barzinga”. Faz 1 ano que conheço pessoalmente Ephorion. No grupo temporário criado por Thyrso no WhatsApp, o título celebrava o feito: EPHORON NO RIO. Em mais um fim de semana incrível (como dizia o Luciano Nininho nas transmissões do Barzinga) – que já traz saudades.  E no lugar de Kiddo (que também conheci pessoalmente naquela noite de Barzinga), encontramos Insano (este que eu já conhecia desde o Fight in Rio daquele ano).

Esse foi o meu primeiro Beer Reversal e já está no coração. Um dos melhores ou se não o melhor momento do ano.  Reencontrar Ephorion, Thyrso e Insano. E se ainda encontrássemos Marcio Yukio, teríamos a nossa missão mais do que concluída. É nessas horas que a gente torce para que o dia se tornar 72 horas.
SÃO MOMENTOS ASSIM QUE FAZ OS MEUS DIAS VALEREM À PENA

EM DEDICAÇÃO AOS AMIGOS
Thyrso
Ephorion
Insano
Marcio Yukio
(NÃO EXATAMENTE NESSA ORDEM)


Memórias do Evento

Da esquerda pra direita: Rafael Silva (o visitante que trouxe Rival School de Playstation I pra jogar)  observando, GB (Nicholas Barcelos) o garoto "Bill Gates" e Ephorion (Luis Henrique Verissimo) o "Capitão dos Encardidos" no campeonato Capcom v.s. SNK 2 - Beer Reversal #2 (2019).

Lo-Fi e a sua lendária Hit Box

Da esquerda pra direita: Koopão (no desespero - caras & bocas são as suas principais características nos eventos) e Frame Boy (Franklin).

Minha maravilhosa medalha de 2º Lugar - Beer Reversal#2 - Capcom vs SNK 2

Ao visitar os comentários do Twitch, pude testemunhar os comentários hilários dos Encardidos: Aruzaum e White Hound (Adriano Verissimo - sim, o irmão, igualmente talentoso artista e programador, do Ephorion - que, inclusive, não é só competidor mas também é o criador do super-herói Brasileiro Felino Selvagem).

O trio Encardido na transmissão Pré-Reversal


Momento Pós-Evento

E os dias foram tão bons que no fim (mesmo com aquele clássico aviso: “-Vejam se não esqueceram nada!”) esqueci meu guarda – chuva.

E essa coincidência também bate com o primeiro dia de Barzinga (que também era um dia de chuva). Porém, lá eu perdi mesmo (o nosso amigo Encardido, Kiddo, aparentemente, também). 

Portanto, 1 ano de reencontro e (mais) 1 ano de volta para casa (feliz) sem guarda-chuva

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