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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

[Sessão Crítica] A Morte do Superman (2018)


ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ



Finalmente fizeram o que foi certo. Implorei muito para que fizessem uma adaptação decente deste evento que me trouxe para os quadrinhos de Super-Heróis na década de 90. É a melhor adaptação já realizada até hoje, desbancando com folga a animação de 2007, e dando continuidade ao universo de adaptações da série de HQs Os Novos 52.

Apocalipse sempre foi um vilão subestimado em todas as suas reencarnações, sejam elas nas animações quanto na adaptação cinematográfica homônima Batman v.s. Superman: A Origem da Justiça. Seja a tentativa pífia em lhe dar inteligência à forçar, de alguma forma, uma conexão com Lex Luthor, o mega vilão humano de toda a história do Superman.

A verdade é que Apocalipse é burro, sim, burro. Esqueçam a demência da criatura que fala: “- Matar o Superman ! ” da série Liga da Justiça – por mais cultuada que seja, não trouxe aquilo que realmente era pra ser visto. Apocalipse é um monstro irracional que não tem um inimigo em específico. Seu principal objetivo faz jus ao seu nome de referência bíblica, ele busca apenas a destruição, apenas espalha ódio e o Superman, seu verdadeiro oposto, foi o último inimigo que ele encontrou em seu caminho.

Uma honra, finalmente, acertarem em trazer o maior inimigo que o azulão já enfrentou em suas histórias em um visual atualizado e adequado, respeitando as suas verdadeiras origens e reconhecido pelos verdadeiros fãs das HQs ainda que existam certas liberdades criativas de adaptação - Apocalipse é pura força bruta sem raios lasers, a não ser que ele tivesse o poder de neutralizar a força e a rebatesse de volta em seu favor (o que faria bem mais sentido ao fortalecer a qualidade de suas vantagens).   

Nesse trabalho que une a direção de um artista chinês americano (Sam Liu) e um norte-americano (Jake Castorena, da elogiada adaptação animada A Piada Mortal) na co-direção, uma observação – na verdade, está mais para um puxão de orelha: é a animação seguir toda essa febre em imitar visualmente o físico das animações japonesas quanto a forma de recriar cada personagem, só que de uma forma mais simplificada (ou econômica ?) o que torna bem visível na forma como a animação reage durante as cenas de ação – nesse ponto, o sangue foi indispensavelmente importante, para causar choque, mas há pouco detalhe de impacto físico valorizado, deixando de lado a profundidade mais realista das HQs dos anos 90, embora compensado, de alguma forma, pela maneira como o ambiente se expressa visualmente.

A tensão crescente da HQ de origem é notavelmente convertida para elementos de terror. Apocalipse é irracional sim, mas uma criatura irracional que transpõe medo, imponência, e a animação busca com grande acerto nisso, calando a boca de muitos que vilão que dá medo tem que ser só inteligente usando palavras de efeito. Inteligência é adaptar com louvor uma criatura que causa pânico só de mostrar presença. Finalmente entenderam como se adapta uma história do Superman.

E falando em Superman, o herói aqui se apresenta tão claro e tão importante quanto aquele que vimos no sofrível, porém divertido, O Homem de Aço, mostrando que ele ainda é tão bom como desenho do que em carne e osso. De tão perfeito, o herói ainda é um desafio absoluto para continuar sendo bem adaptado e bem aceito nos cinemas desde o formidável Christopher Reeve. Realmente, um super-herói bondoso como esse parece um sonho. Aqui, Superman é confiante de suas ações, realizando o que se colocou predestinado a fazer com verdadeira determinação.

E nem por isso, os outros super-heróis são deixados para escanteio, como se fossem jogados na tela sem alguma importância. Até mesmo Batman, que parecia um frouxo no Universo Cinematográfico DC, demonstra seu valor aqui e sendo poupando do massacre da forma como deveria ser. Porém, a história vacila um pouco ao não deixar tudo isso ainda mais caótico, com todos os Super-Heróis tendo os seus corpos espalhados pelos rastros da destruição. E mesmo com uma visão astronômica do campo de batalha, é sentida também a falta dos militares no meio de toda essa confusão interferindo e atirando com raios lasers.

Portanto, a HQ ainda ganha ao manter o clima de sensação caótica, atendendo à todos os pontos da ação do ponto de vista real. Pra compensar a falta disso, entra Lex Luthor na briga para, pelo menos, trazer alguma importância ainda mais emocional à trama.

No jogo de fotografia, entre brilhos e sombras, é também notável a forma como a mudança de tempo é valorizada para contar o clima da história. Como se fosse mais um aparente dia, o confronto já começa durante a manhã e depois de um tempo é percebido o cair do dia para a tarde, o clima de céu avermelhado, e fazendo jus ao dia que pareceria curto para uma missão de salvar a cidade mas que se torna longo e seguindo para o anoitecer.  

Fizeram o certo e não cansarei de escrever aqui. A Morte do Superman é a primeira parte da saga e, finalmente, trarão a adaptação da saga O Retorno do Superman. A história finaliza com grande expectativa para o próximo lançamento em 2019.



SESSÃO CRÍTICAA MORTE DO SUPERMAN
Título Original: The Death of Superman
Gênero: Ação (Desenho)
Duração: 60 Minutos
Data de Lançamento: 20 de julho de 2018 (Mundial)
País: E.U.A.