ONDE
OS FRACOS NÃO TEM VEZ
Finalmente fizeram o que foi certo. Implorei muito
para que fizessem uma adaptação decente deste evento que me trouxe para os
quadrinhos de Super-Heróis na década de 90. É a melhor adaptação já realizada até hoje,
desbancando com folga a animação de 2007, e dando continuidade ao universo de
adaptações da série de HQs Os Novos 52.
Apocalipse sempre foi um vilão subestimado em todas
as suas reencarnações, sejam elas nas animações quanto na adaptação
cinematográfica homônima Batman v.s. Superman: A Origem da Justiça. Seja a
tentativa pífia em lhe dar inteligência à forçar, de alguma forma, uma conexão
com Lex Luthor, o mega vilão humano de toda a história do Superman.
A verdade é que Apocalipse é burro, sim, burro. Esqueçam
a demência da criatura que fala: “- Matar o Superman ! ” da série Liga da Justiça –
por mais cultuada que seja, não trouxe aquilo que realmente era pra ser visto.
Apocalipse é um monstro irracional que não tem um inimigo em específico. Seu
principal objetivo faz jus ao seu nome de referência bíblica, ele busca apenas
a destruição, apenas espalha ódio e o Superman, seu verdadeiro oposto, foi o
último inimigo que ele encontrou em seu caminho.
Uma honra, finalmente, acertarem em trazer o maior
inimigo que o azulão já enfrentou em suas histórias em um visual atualizado e
adequado, respeitando as suas verdadeiras origens e reconhecido pelos
verdadeiros fãs das HQs ainda que existam certas liberdades criativas de adaptação
- Apocalipse é pura força bruta sem raios lasers, a não ser que ele tivesse o
poder de neutralizar a força e a rebatesse de volta em seu favor (o que faria
bem mais sentido ao fortalecer a qualidade de suas vantagens).
Nesse trabalho que une a direção de um artista chinês
americano (Sam Liu) e um norte-americano (Jake Castorena, da elogiada adaptação
animada A Piada Mortal) na co-direção, uma observação – na verdade, está mais
para um puxão de orelha: é a animação seguir toda essa febre em imitar
visualmente o físico das animações japonesas quanto a forma de recriar cada
personagem, só que de uma forma mais simplificada (ou econômica ?) o que torna
bem visível na forma como a animação reage durante as cenas de ação – nesse
ponto, o sangue foi indispensavelmente importante, para causar choque, mas há
pouco detalhe de impacto físico valorizado, deixando de lado a profundidade
mais realista das HQs dos anos 90, embora compensado, de alguma forma, pela
maneira como o ambiente se expressa visualmente.
A tensão crescente da HQ de origem é notavelmente
convertida para elementos de terror. Apocalipse é irracional sim, mas uma criatura
irracional que transpõe medo, imponência, e a animação busca com grande acerto
nisso, calando a boca de muitos que vilão que dá medo tem que ser só
inteligente usando palavras de efeito. Inteligência é adaptar com louvor uma
criatura que causa pânico só de mostrar presença. Finalmente entenderam como se
adapta uma história do Superman.
E falando em Superman, o herói aqui se apresenta tão
claro e tão importante quanto aquele que vimos no sofrível, porém divertido, O Homem de Aço, mostrando que ele ainda é tão bom como desenho do que em carne e
osso. De tão perfeito, o herói ainda é um desafio absoluto para continuar sendo
bem adaptado e bem aceito nos cinemas desde o formidável Christopher Reeve.
Realmente, um super-herói bondoso como esse parece um sonho. Aqui, Superman é
confiante de suas ações, realizando o que se colocou predestinado a fazer com
verdadeira determinação.
E nem por isso, os outros super-heróis são deixados
para escanteio, como se fossem jogados na tela sem alguma importância. Até
mesmo Batman, que parecia um frouxo no Universo Cinematográfico DC, demonstra
seu valor aqui e sendo poupando do massacre da forma como deveria ser. Porém, a
história vacila um pouco ao não deixar tudo isso ainda mais caótico, com todos
os Super-Heróis tendo os seus corpos espalhados pelos rastros da destruição. E
mesmo com uma visão astronômica do campo de batalha, é sentida também a falta dos
militares no meio de toda essa confusão interferindo e atirando com raios lasers.
Portanto, a HQ ainda ganha ao manter o clima de
sensação caótica, atendendo à todos os pontos da ação do ponto de vista real.
Pra compensar a falta disso, entra Lex Luthor na briga para, pelo menos, trazer
alguma importância ainda mais emocional à trama.
No jogo de fotografia, entre brilhos e sombras, é
também notável a forma como a mudança de tempo é valorizada para contar o clima
da história. Como se fosse mais um aparente dia, o confronto já começa durante
a manhã e depois de um tempo é percebido o cair do dia para a tarde, o clima de
céu avermelhado, e fazendo jus ao dia que pareceria curto para uma missão de
salvar a cidade mas que se torna longo e seguindo para o anoitecer.
Fizeram o certo e não cansarei de escrever aqui. A
Morte do Superman é a primeira parte da saga e, finalmente, trarão a adaptação
da saga O Retorno do Superman. A história finaliza com grande expectativa para o
próximo lançamento em 2019.
Título
Original: The Death of Superman
Gênero: Ação (Desenho)
Duração: 60 Minutos
Data de Lançamento: 20 de julho de 2018 (Mundial)
País: E.U.A.
Duração: 60 Minutos
Data de Lançamento: 20 de julho de 2018 (Mundial)
País: E.U.A.