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domingo, 15 de julho de 2018

[História do Cinema] A Essencial Trilogia Missão: Impossível - Acompanhe Antes do 'Efeito Fallout'


Durante a década de 90, o cinema passou a estar envolvido com muita ação e tecnologia em meio a um cenário pós-globalização. Esperava – se então que um certo superespião reformulado da década de 60 trouxesse consigo uma grande influência para o que viria a seguir.

E no ano de 1996, veio a grande surpresa. Tom Cruise, galã marcado por Top Gun: Ases Indomáveis nos anos 80 e, durante os anos 90, por longas de suspense e drama, como A Firma (1993) e Questão de Honra (1992), surpreende a todos ao estrelar seu primeiro grande filme de ação aonde teríamos um personagem viril a altura de grandes astros do gênero que iam de Arnold Schwarzenegger a Bruce Wills.


Ao olhar pela capa do título, toda estilizada, envolta em redes que contornavam o seu transparente rosto de perfil, a grande crença é de que estaríamos diante de um grande rival de James Bond ou de um longa que vai nos trazer o dobro de ação com grande estilo - a exemplo do trabalho visto com James Cameron em True Lies, no ano de 1994 (longa que, inclusive, fez com que a produção de 007 contra GoldenEye a mudarem os rumos de seu roteiro pela tamanha semelhança).   

Missão: Impossível se infiltra em uma fase aonde podemos ver um lado mais vulnerável de um super agente.  A injeção do drama psicológico do mestre do suspense dos anos 80, Brian de Palma, trouxe um surpreende toque de realismo no meio da fantasia. Porém, não era o tipo de filme que se esperava como um filme de ação de grande sucesso. 

Para um longa que é considerado como o melhor filme da temporada  daquele período, M:I deixa a desejar no ritmo (há pelo menos umas três cenas de ação no decorrer dos seus 110 minutos) e tem roteiro confuso (provavelmente favorecido por seus inúmeros cortes).  Em vídeos e imagens de divulgação, era possível testemunhar cenas que não estão no filme, uma delas até divulgadas por uma edição da Revista Herói aqui no Brasil. 

Interessante, apesar dessas baixas, existirem elementos dentro deles que se tornam inspiradores para uma história que certamente deveria ser revista e reformulada com tudo no seu devido lugar.
Provavelmente, a visão de De Palma teria ficado confusa entre se focar num suspense psicológico ou se atentar a uma história de ação de explodir quarteirões. Talvez a falta de experiência do diretor em lidar com esse tipo de situação ou o próprio orçamento não auxiliar nisso – lembrando que no ótimo Os Intocáveis (1987), cenas de ação explosivas e suspense se acertaram perfeitamente ainda que tenha faltado uma caótica sequência aonde haveria um desastre de trem.  Em um filme de gênero policial como esse, isso seria tão impactante quanto ele foi para a época em que foi lançado. 

Mas em Missão: Impossível, parece que Brian de Palma não teve a mesma sorte em equilibrar ritmo como ocorreu no seu clássico policial de 87. Porém, as poucas cenas de ação são grandiosas, somada a um tipo de quebra-cabeça, praticamente um filme de espionagem que não foge a sua raiz ainda que desperdice o potencial grandioso que Tom Cruise poderia provar como astro de ação.  

A série que deu origem ao longa, foi exibida entre  66-73 e outra em 88-90, ambas estreladas por Peter Graves na pele de Jim Phelps.

Disquete e computadores: Peças da tecnologia atual que servem de cenário para acompanhar a história é uma das características da cinessérie.


No campo trilha sonora, M:I I trouxe uma bela releitura do tema original da série de TV com Adam Clayton & Larry Mullen do fenômeno U2. Toda a trilha com os vários artistas é de arrasar. E tão bom quanto acaba sendo o trabalho de Danny Elfman, acompanhando muito bem espionagem e ação com bastante entusiasmo – trazendo um perfeito clima de perigo aos momentos de drama e algum heroísmo.

John Voigh é uma das grandes surpresas do elenco na pele do veterano Jim Phelps. Isso mesmo, Voigh interpreta o mesmo protagonista da série de TV. É a principal peça da controversa e intrigante trama.


E no ano de 2000, chegava Missão: Impossível II. O astro Tom Cruise e Ving Rhames são os únicos a retornarem do filme original. Haviam conceitos de pré-produção aonde  Oliver Stone seria o diretor. Mas quem assumiu o posto foi o renomado chinês John Woo.

Considerado o mestre do cinema de ação, Woo marcou pela sua curta passagem em Hollywood com alguns ótimos filmes de sucesso envolvendo grandes astros do cinema americano, A Outra Face se tornou a sua principal referência. Inicialmente cotado para ser estrelado por Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone se passando no futuro, John Travolta (em sua segunda parceria) e Nicholas Cage assumiram os papeis em uma história passada no presente, unindo características de ficção, ação e drama num dos melhores filmes da década de 90.   

John Woo trouxe ao segundo longa uma visão completamente distante do sentido espionagem e colocou todo mundo explodindo no meio da ação, transformando Ethan num homem anti-gravidade ou seja, um Super-Homem.  John Woo queria algo mais sóbrio, mais violento – algo, imaginamos, genial como A Outra Face, de repente – mas os produtores queriam apenas mais  um filme do verão – era o desejo da Paramount – e daí, tivemos um Missão: Impossível II longe da visão mais adulta do longa anterior a um mero filme de ação divertido, água com açúcar. Se Crepúsculo fosse um filme de espionagem este seria M:I II,  um filme de espionagem para adolescentes. Ou seja, um James Bond para adolescentes.

Ação aumentada e a história mirabolante com reviravoltas mastigadinha. Parecia perfeito, mas não era Missão: Impossível.  E ainda que o roteiro do primeiro Missão: Impossível  seja confuso, ele atende perfeitamente a essência do gênero. - curiosamente indicado ao Troféu Framboesa de Ouro de Pior Roteiro. Mas M:I II também não fugiu do Troféu Framboesa e das más críticas.

Se o primeiro Missão: Impossível I as críticas estavam direcionadas a ausência de um trabalho em equipe ao redor do longa, o segundo piorava ainda mais ao assumir o protagonista o conceito de um exército de um homem só. Cadê a espionagem?

Mas se tem uma coisa que não dá pra reclamar é a trilha sonora.  Hans Zimmer faz bem o seu trabalho com uma música tema considerável, buscando ser mais agitado e mais moderno (seguindo a identidade que busca o longa) e se de bandeia para um trabalho versátil e mais sentimental - do ritmo frenético de guitarra, do coral alegre ao violão ainda que seguindo o ritmo deste M:I fora de contexto. Mas a grande sacada maior aí é a trilha com os vários artistas. Ótimos nomes como Metallica e Limp Bizkit embalam a fervorosa trilha. Take a Look Around (Limp Bizkit), I Desapear (Metallica)  e  Iko Iko (Zap Mama) são os grandes e indispensáveis destaques.

Iko Iko, inclusive, toca na melhor parte do filme, aonde a introdução mostra Ethan escalando montanhas – algo muito Missão: Impossível e se o longa seguisse mais por esse sentido, certamente entraria nos eixos. Porém, o grande primor do segundo foi explorar Tom Cruise de uma maneira que nunca vimos antes – como um verdadeiro astro de ação com testosterona.

Curiosamente, Dougray Scott, que foi cotado para ser Wolverine em X-Men: O Filme, deixou a vaga para o parceiro Hugh Jackman fazer seu bom trabalho e continuou o seguimento nas filmagens. Foi um grato conflito de agenda.

Troféu Framboesa: Missão Impossível II foi indicado a Pior Remake/ Sequência e Pior Atriz Coadjuvante (Thandie Newton).

Tom Cruise, que não só atua como também produziu a trilogia ao lado de Paula Wagner, diz que sempre deseja trazer uma cara nova a cada sequência.  E com Missão: Impossível III acertaram finalmente o rumo ao nos trazer o que faltava em um e tinha no outro ou vice-versa.  E o melhor de tudo, J.J. Abams como diretor, melhor aquisição para a série.  O renomado criador, produtor e diretor da premiada série Lost, dirigia o seu primeiro longa cinematográfico. Num período aonde séries se tornavam febre, Abams emprestava a devida roupagem que Missão: Impossível precisava nos cinemas. Talvez a também grata presença de A Identidade Bourne (2002) e A Supremacia Bourne (2004) em uma Era Bush tenha contribuído bastante para essa transformação da cinessérie e o ajudar a realmente se encontrar em meio ao respeito de Hollywood.

M:I III acabou fazendo menos sucesso que os dois anteriores, mesmo com todo o carisma de Tom Cruise e sua incrível perseverança e presença – como uma estrela do rock – em divulgar o longa, com muita criatividade. Talvez as arriscadas tentativas não tenham sido bem vistas e isso acabou, em algum momento, cansando o público ou deixando incompreensível que M:I III é o longa de M:I que se esperava há muito tempo.  Fez menos sucesso mas conquistou o amor da crítica, o que foi uma boa forma para deixar aos produtores a ideia de que estão seguindo o caminho correto.

A câmera detalhista de Abrams destaca cada elemento de ação sem deixar o espectador perder  o fio da meada. Da exploração das cenas de perseguição e cenas de luta de Cruise ás câmeras filmadas em tomadas tremidas em meio a um momento tenso, criando perfeita sensação de terror.

Todos esses ensinamentos do Spielberg do século XXI renderam sementes de inspiração para os longas que vieram depois aprimorando ou dando seguimento a todo o rico conteúdo de Abrams, que retornaria como produtor posteriormente.


Missão: Impossível III de alguma forma é comparado com o grandioso trabalho de Cameron em True Lies, por ser a principal referência em humanizar um agente de elite. Ethan agora tem um relacionamento e o personagem possui conexões diretas com Tom no modo que ele o interpreta emocionalmente. Pela primeira vez, vemos claramente um super agente se debruçar em lágrimas e vê-las escorrendo. M:I III acerta no drama, no suspense, na ação desenfreada, na espionagem em equipe e ainda reserva um momento pra água com açúcar. A história ainda não deixa de lado o ponto espionagem, sem esquecer a fantasia ou a mentirada do gênero que segue passos de 007 da década de 60, mas tem seus pés mais no chão ao levar True Lies como referência – até mesmo há uma cena da ponte filmada no mesmo local.

Philip Seymour Hoffman, um dos melhores atores do século XXI a se despedirem tão cedo, revelação na década de 90 em Boogie Nights: Prazer Sem Limites (1997), ganhou merecido reconhecimento ao faturar o Oscar de Melhor Ator por Capote (2005) no Oscar 2006, felizmente coincidindo com Missão: Impossível III, contribuindo para todos os holofotes em outra grande atuação, como o traficante de armas Owen Davian.


AS MUSAS DA TRILOGIA MISSÃO: IMPOSSÍVEL

Um ponto divertido que nenhuma obra de espionagem do gênero deve deixar de lado, são as incríveis musas. Como personagens inseridas na ação, elas acabam ganhando cada vez mais valor na cinessérie.  

Em Missão: Impossível, a francesa Emmanuelle Béart dá vida a Claire Phelps, mulher de Jim. Com os cortes do primeiro longa, a personagem acabou não sendo aproveitada como deveria. Mas certamente poderia ainda criar ainda mais carga dramática se houvesse espaço para um triângulo amoroso. Porém, tem seus momentos como heroína de ação. Seu charmoso sotaque francês falando inglês, que está mais para o estilo dos Ingleses do que para os Americanos, é característico.

Missão: Impossível II, tem a Thandie Newton fazendo par romântico com Tom na pele de uma personagem de nome curioso, Nyah Nordolf-Hall. Porém, a magreza de Thandie foi criticada. Ainda faltava alguma Ethan Girl que fizesse jus à bela Béart. 

Em Missão: Impossível III, ainda contamos com 3 beldades. Em terceiro, Michelle Monaghan, como Julia Maede, a esposa de Ethan;  Keri Hussel fica em segundo, como Lindsey Farris, uma agente em campo e discípula do super agente; mas o primeiro lugar vai para Maggie Q que mete a mão na massa na pele de Zhen – uma heroína de suporte com a sua importância em todos os minutos que aparece.

Curiosidade: Antes de entrar para o elenco principal de Missão: Impossível, Monaghan, inclusive, esteve anteriormente em um longa de outro esperto espião, A Supremacia Bourne (2004).  


  S E S S Ã O   C R Í T I C A  
A ESSENCIAL TRILOGIA MISSÃO: IMPOSSÍVEL

Missão: Impossível
Missão: Impossível II


Missão: Impossível III



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MISSÃO: IMPOSSÍVEL - EFEITO FALLOUT