sábado, 24 de março de 2018

[Sessão Crítica] Tomb Raider: A Origem - IMAX 3D (Pré-Estréia: FM O Dia + Warner)


 


Videogames ganharam participação de personagens de ação e histórias desenvolvidas, que emocionam e envolvem seus jogadores, graças ao cinema.  O mais curioso é que, mesmo com um bom material em mãos, uma boa base para criar, as adaptações cinematográficas baseadas em jogos homônimos caíram na maldição de rejeição de crítica e público – salvo raros casos em que a adaptação consegue aceitação do público, como Mortal Kombat e Terror em Silent Hill, e até mesmo adaptações ruins (graças ao grande apelo comercial e de popularidade de seus jogos) como Resident Evil (que virou cinessérie) e até mesmo Lara Croft: Tomb Raider (ganhando dois filmes estrelados por Angelina Jolie).

Anunciado como um reinício para as aventuras de Lara no cinema, acompanhando também o reinício da série nos jogos – depois da crise que fez a antiga empresa inglesa Eidos (detentoras dos direitos) ser vendida para a toda poderosa Square Soft (dos icônicos Final Fantasy, que também ganhou adaptação americana que não fez jus à sua mágica – coincidentemente em 2001, mesmo ano do primeiro Tomb Raider) – Tomb Raider : A Origem - subtítulo nacional feito para que o público possa diferenciar este da cinessérie anterior  ao mesmo tempo que pode confundir alguns que, por um momento, possa acreditar que seja um prelúdio para as aventuras estreladas pela sua interprete anterior – conta Lara numa ótica esteticamente diferente a qual ela foi apresentada em sua primeira fase nos jogos – entre 1996 e 2013.

Alicia Vikander, atriz sueca e ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por A Garota Dinamarquesa (2015), é a intérprete desse longa prometido como um reinício mais fiel aos jogos. Se a grande preocupação era o físico ou a forma como ela representaria Lara nas telas, para bem atentos podem ficar despreocupados. Vikander mostra muita desenvoltura e profundidade a personagem – tanto quanto Angelina no original. Ainda que ela não tenha o físico volumoso da personagem de origem em sua primeira fase, a intenção era justamente transportar a forma como a personagem está atualmente, acompanhando também a tendência ou a postura que o padrão social descreve da mulher intelectual e vigorosa.

Lara é mais sóbria sem perder o charme, nada de sensualizar com mini short e mini blusas para expedição – uma reclamação que vem criando uma comunidade forte nas redes sociais dos tempos atuais é a objetificação das personagens femininas e a certa falta de identificação das jogadoras sobre elas. Aqui temos uma Lara que possa atender à falta dessas necessidades e ainda manter o agrado do público masculino, ao menos como uma heroína de ação à altura dos heróis de ação - não mais uma mulher entre eles mas uma personagem entre os grandes heróis. Lara está entre esses personagens. Dando, provavelmente, um verdadeiro fim à objetificação visual de Lara.

Cabe aí uma livre interpretação, já que agora temos duas visões diferentes de heroína feminina – a Lara de visual atlético (1996 e 2001) e a Lara durona (2013 e 2018) – quem entende que essa transformação trouxe uma nova faceta para que a personagem seja mais aceita para os novos viajantes, continuará seguindo trajeto sem guerras virtuais.

Vikander estende a personalidade da personagem já apresentada com graciosidade, alguma irreverencia e sentimentalismo – sem deixar o vigor de lado (até mesmo a entonação da voz é bem parecida com a personagem de origem, mais evidente nos gritos). Nada muito exagerado. É o que faz a protagonista carregar a morna narrativa nas costas. Ainda que se tenha alguns momentos aparentemente exagerados, Vikander desenvolve a situação com tal sutileza que, de alguma forma, levamos como um instrumento de diversão consideravelmente aceitável, mais pela interpretação (vamos combinar) simpática da atriz do que pela situação montada.   

Embora toda a história sofra dos mesmos problemas de outras adaptações de jogos – mesmo dirigido por diretores de Oscar Mike Newell de O Príncipe da Pérsia), inclusive – aonde toda a história é criada como se fosse um jogo de bloquinhos, aonde tudo se monta de uma forma mecânica e programada até demais chegando a ponto de se tornar previsível em vários momentos, os diálogos estão na medida e as cenas de ação são mais bem filmadas do que na primeira adaptação de 2001 – dois dentre os principais problemas deste.

Fora isso, o longa de 2001 mais parecia ter aquela vontade de ser um Indiana Jones do Século XXI.  Já Tomb Raider: A Origem, o MacGuffin apresentado parece fazer a história cair no mesmo problema – assim que o arco entre em cena.

A grande preocupação de Spielberg em Indiana Jones e a Última Cruzada foi com que a história não caísse apenas no clichê de tudo estar conectado com a busca pelo tesouro – fazendo a trama ficar cansativa e previsível demais. Talvez pela falta de experiência cinematográfica da produção em relação a visão de Spielberg para longas de aventura, pesou neste Lara Croft (é uma pena que o mago de E.T. não se interesse, mas imagine o quanto seria interessante se pegasse um diretor que entende do assunto como Spielberg para assumir trabalhos como esse? E mesmo que não ficasse tão fiel, poderia se tornar convincente em vários aspectos cinematográficos.

Porém, nem tudo está perdido, o longa custa a engrenar (apesar das reviravoltas malucas) mas consegue se desbandar para outros elementos interessantes, explorando o passado de Lara e a relação com o seu pai – uma pena que a questão do passado, o treinamento da protagonista para poder se tornar a heroína que conhecemos, é pouco explorado, mas a atriz mirim que a interpreta consegue convencer nas poucas cenas, fazendo jus à maneira como a personagem, já adulta, é conduzida. Certamente, um extensivo trabalho de adaptação da personagem foi bastante focado desta vez, ainda que faltem algumas coisas.

Walton Goggins, como Mathias Vogel, surge na história como um personagem aparentemente aleatório, que poderia continuar assim, ter um papel menor, como um louco no caminho de Lara – e fazer do longa uma verdadeira trama de trajeto com muitas situações diferentes acontecendo, mas acaba sendo o centro da história – Vogel não convence muito como antagonista, mas a trama até se esforça em adicionar elementos bem humanos no personagem. Já Dominc West é uma peça carismática na trama como Richard Croft e se encaixa muito bem na relação com Alicia. 
A fotografia, envolvendo luz e escuridão traz uma magnitude incrível para certos momentos da trama. A maneira como as obras cinematográficas ganharam rumos mais autênticos em suas histórias de fantasia – até mesmo questionando-as em um mundo atual – e os próprios jogos novos seguindo para essa nova forma, sobre reinventar personagens clássicos, ajudou e muito os produtores encontrarem uma visão mais sólida para esta segunda fase de Lara Croft no cinema que se inicia. Ainda está próximo do ambicioso, falta mais vigor, mas é certamente uma visão muito mais de cinema do que rascunhada em relação ao que era antes.

ATENÇÃO:  FIQUE ATÉ O MEIO DOS CRÉDITOS


MEMÓRIAS DA SESSÃO
Recebi um convite de cortesia bem especial de um grande amigo cinéfilo mas temi, num primeiro momento, que o dia caísse um dia antes das minhas preparações para o próximo torneio do Barzinga. Me perguntei do motivo pelo qual o destino queria fazer isso comigo até que me dei contar de que era na Quarta-Feira e dei Graças à Deus.  Oportunidade que não ocorre à todo momento. Segui um trajeto bem rápido de metrô e no local encontrei o amigo e o organizador do evento – que estava sendo promovido também pelo FM O DIA e a Warner. Modelos loiras bem produzidas , simpáticas, perfumadas e em um vestido preto confirmavam o nome das pessoas na fila.

Aconteceram algumas entrevistas em frente ao pôster ao fundo, com uma fila se formando ao lado cada vez que chegava o horário. Encontrei ainda a famosa cosplayer Thaís “Yuki” vestida como a Lara Croft do filme.  Marcelo “Vingaard”, seu marido e também cosplayer veterano (e hoje, juntamente com Thais, possui uma empresa para jugar concurso cosplay em eventos) entrou na entrevista logo após Thaís.

Enfim, na sala, bem disse o meu amigo, que estava ao lado: “-Bem que diziam, FM O Dia organizando pré-estreia, ninguém merece!” Show de pagode e música funk rolaram com o telão mostrando o título do filme bem grande atrás.

Programado para começar às 21 horas o filme começou às 21:30 com o apresentador da FM O Dia – com aquela voz animada e conhecida dos radialistas – se sentindo meio que sendo “expulso” com o evento de divulgação da rádio, e dos seus próximos eventos,  sorteando brindes e promovendo campeonato de imitação.   Ainda durante a apresentação, sugeriu que toda a plateia simulasse uma onda a ser filmada. Antes disso, Alan Barcelos (organizador do evento  em nome do Nível Épico, o qual é administrador) buscou agitar o espectadores interagindo.
A plateia riu em apenas uma cena e todos saíram da poltrona sem aplausos. Apenas um saiu durante a cena do meio dos créditos. Quase todos ficaram em boa parte dos créditos e o meu amigo já estava querendo ir embora pelo horário.

Tudo foi muito divertido mas a volta é que realmente doeu no meu horário. Felizmente não precisei gastar mais duas passagens. O despachante foi bastante camarada, mas tive que esperar dentro da estação BRT completamente escura por uns longos minutos até surgir o ônibus. Levaram umas 3 horas até voltar. Na rodoviária de transição, sem guardas no horário pra controlar, não respeitaram a fila – como é de costume - e fui em pé grande parte do tempo. Infelizmente, só na parte da Zona Oeste essa bagunça. No meio desse trajeto uma mocinha loira com um conjunto verde e ilustrações (blusinha e shortinho) piercing no nariz, ficou me olhando alternadamente e então perguntou: -“Quer colocar aqui?” olhei que ela deu uns rápidos tapas na cocha sinalizando, percebi uma tatuagem de uma frase envolvendo sua batata da perna direita pela horizontal e um desenho na outra, pequei a minha mochila e coloquei em cima, agradeci sonoramente, sem ajeitar muito a posição sobre ela, quando ela foi ajeitar, seu namorado marombeiro que estava ao lado - corte militar, pele clara, bem novinho também, e várias tatuagens e um brinco – camisa branca sem manga e bermuda (ambos com visual bem verão), pegou a minha mochila para facilitar e ficou abraçado com ela, a moça se encostou no ombro dele para dormir, vi dois anjos da guarda caridosos ali. 

Já na rodoviária de chegada, tudo deserto, só alguns bares abertos no maior som e uns cachaceiros na maior animação e algumas moças isoladas em algum canto, uma de vestido cinza me observava e observei também por alguns segundos, mas andei pra cima e pra baixo com a minha mochila buscando por uma última condução pra voltar.

Praticamente escrevi tudo isso aqui virado, sem dormir. Cheguei em casa quase 4 horas da manhã, horário que era para estar acordando. Só tomei banho, troquei de roupa, encarei uma coceira frenética que me estragaram os planos de sair mais cedo de casa, assim que cheguei ao destino, percorri uma tumultuada rua, corri pra bater cartão no prédio e entrar antes do elevador completamente lotado fechar (coisa digna de Lara se fosse Jason Bourne) e se logando no sistema após o último minuto de tolerância após o atraso do trem, encarando mais de 8 horas de escritório pesado. Ainda me sinto um zumbi, preciso descansar para Sexta-Feira.


Ainda estou cheio de coceiras e crise de espirros, toda vez que eu acordo, não sei que maldição é essa. Alguém me ajuda. Aventuras loucas da vida cinéfila e gamemaníaca, mas é Tomb Raider, é cortesia, Os Crofts nunca desistem.


SESSÃO CRÍTICA 
TOMB RAIDER: A ORIGEM

SESSÃO ACOMPANHADA: 21:30 – P 05 – 14/03/ 2018
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