UM OLHAR DIFERENTE
Este não é apenas um mero replicante mal desenvolvido de uma obra cultuada. Dirigido por Denis Villeneuve (A Chegada), Blade Runner 2049 opta por se aproximar mais das raízes do romance escrito originalmente por Philip K. Dick. Enquanto Ridley Scott construiu um complemento da obra original, o filme de Villeneuve se torna uma justa expansão dele.
Para os mais apaixonados, sente-se um sabor de nostalgia enquanto a visão sombria do filme de 82 nos impressionava, diante de uma nova forma de contar histórias futuristas no cinema, em mostrar um futuro sujo, seco e nos envolvendo entre seres artificiais que agem como pessoas. Esta versão de 2017 (continuação direta do original) procura se adaptar ao nosso presente, do século XXI, sem deixar de apresentar algumas ideias sobre futuro se comparando a relação humana e aproveita toda a nova tecnologia nos trazendo um desbunde visual envolto de novos ambientes, efeitos e definindo ainda mais as intenções de visão e amplitude de mundo que só podíamos observar nas escrituras do livro de origem.
"K" (Ryan Gosling) é um protagonista mais consciente de sua presença no mundo em comparação aos modelos de Deckard no filme de Ridley Scott. A crise de identidade é muito mais explorada e definida. Nesse ponto, a ideia é quase perfeita na primeira sessão e impressiona na revelação. Porém, perde-se a intensidade de todo o desenvolvimento até a conclusão de seu personagem na história esclarecer o que realmente está acontecendo. Por esse motivo, vale à pena assistir mais de uma vez para agregar ainda mais todas as teorias que podem ficar no ar durante a primeira sessão.
A ideia de uma presença divina (como no livro de K. Dick) também entra em questão (aspectos visuais que concluem a passagem de um determinado personagem em seu fim também deixam evidentes). Entre outros conceitos filosóficos, a ambição se personifica na ideia de um criador ser visto como um Deus - que cria e destrói - é a visão que o homem sempre teve sobre si e é o que podemos testemunhar neste universo povoado por criações dele mesmo.
Todo o cuidado para deixar o longa bastante sutil como o
clássico é plausível, sem deixar se contaminar
por um estilo convencional em favor de popularidade perdendo assim totalmente a
sua identidade. Um longa cult para um grande público nos tempos atuais é um
grande desafio – o mais bem sucedido de todos certamente foi (e continua sendo)
Star Wars.
É completamente inegável que Blade Runner 2049 tenha
aderido ao menos uma pitada do tempero de longas do grande público. Há um certo
senso de humor despretensioso no longa que o suaviza por leves segundos e o
ritmo frenético de alguns momentos que ocorrem após uma longa busca pelas
evidências – esta missão que automaticamente se torna a busca pela sua própria
identidade (é quando então o novo público sente o peso de um filme cult em
grande circuito).
Num conceito técnico, esta versão século XXI de Blade Runner
conta também com a volatilidade das cenas de ação. Agrega também a essa sinistra e extraordinária jornada a trilha sonora composta por Benjamin Wallfisch (com participações de Hans Zimmer, o queridinho da trilogia O Cavaleiro das Trevas) com efeitos
instrumentais de ares muito mais pesados e perturbadores em comparação a majestosa arte sonora de Vangelis
em 82.
MEMÓRIAS
DA SESSÃO
ADVINHA QUEM VEIO PARA "CINEMAR" ?
Após 5 anos de desencontros, reencontrei a amiga Mariana em
uma sessão de cinema da maneira que combinamos. Desta vez, novos amigos se
juntaram a nós. Planejamos uma sessão para às 18:30 quando então Mari disse que
sua amiga Carol marcaria para as 20:30 então optamos por marcarmos todos no
mesmo horário. Ainda que, independente da
decisão, assistiríamos no horário original mas acreditei que seria mais
divertido estarem todos juntos.
“-Arildo, você está negro !” foi a primeira e inesperada
frase que ouvi da Mari. Comecei a rir que nem bobo e justifiquei o sol, apesar
de que eu sempre fui moreno. Com todas as habilidades e ferramentas de
fotografia sofisticadas, Mari tirou belas fotos nossas antes da sessão. Foram
as melhores fotos que já tiramos em anos. Sempre confio na sua eficiente
máquina e não podia publicá-las de qualquer jeito sem um toque especial. Mari
ama fotos, como sua carreira de cosplayer durante anos e com trabalho exímio de
grandes fotógrafos. Arrisquei uma foto nossa com óculos 3D após a sessão
próximo a porta, porém, ela não aprovou apesar de eu achar que ela fica chique
mesmo até em foto ruim. Espero algum dia
termos alguma melhor embora a distância atualmente não anda ajudando muito para
os nossos encontros no cinema.
A plateia se comportou bem, apesar de algumas pequenas e
raras loucuras (como um homem gritando ao fundo e barulho de celular ao fundo
também). Nada atrapalhou no acompanhamento do filme. Divertido foi então ouvir
algumas coisas que Mari e Carol andavam aprontando durante a sessão - bem, sempre é muito divertido estar com a
Mari aonde ela estiver e ela sempre está rodeada das melhores companhias,
pessoas muito boas.
Curioso que o óculos 3D é desmontável – percebemos isso
quando Mari achou que os óculos estavam quebrados. “-Que vacilo! Aí tem que ver
com administração pra trocar!” foi automático quando disseram. Eu meio que
deduzi que era montável e deu tudo certo.
Enquanto acompanhávamos, logo percebi junto a todos que o
longa era grande – aproximadamente três horas de duração (164 minutos). Uma dedicação e tanto
para um estilo de filme que, embora tenha se tornado popular e melhor
compreendido nos últimos anos, continua sendo para poucos.
Na volta, qual seria o melhor trajeto: Barra ou Centro ?
Tudo muito novo naquele momento. Tijuca para os fundos de Campo Grande era
complicado. Gastei então os já trocos restantes do mês e parti para o metrô em
direção ao Centro como eu já conhecia melhor o trajeto diário. Se fosse pela
Barra, seria por BRT. Porém, tem um itinerário bem mais complicado. Sei que
existem várias formas de voltar da Barra para aonde eu quero ficar mas na
dúvida optei pelo Centro já que volto de lá todo dia.
Enfim, caminhos que não são fáceis só para os Blade Runners.
Agradecimentos especiais à Mari.
Fotos mais que especiais a ponto de invejar o Peter Parker.
Sessão
Acompanhada
Kinoplex Tijuca – 20:30 – 07/10/17 (Sábado)
Kinoplex Tijuca – 20:30 – 07/10/17 (Sábado)