DUELO DE CORAÇÕES
Somada a dose de subtramas, longa parece ter mais tempo de duração do que o proposto.
Laços são características que hollywood traça para que os espectadores se conectem diretamente com os seus super-heróis. Ir além disso, num mundo onde tais obras se tornaram grandes objetos de consumo, é afastar as crianças e o público mais tradicional. Quadrinhos são artigos de leitura e artigos de leitura são obras cult (para poucos, diga-se de passagem).
Guerra Civil, nos quadrinhos, da autoria de Mark Millar
Temia-se que, ao anunciar o título "Guerra Civil" (fazendo alusão a um dos eventos mas recentes dos quadrinhos Marvel a causar um grande barulho) destoaria a proposta da trama - já outros, ficaram otimistas ao verem uma interessante história sendo reproduzida na tela - dividindo Capitão América e Homem de Ferro em lados opostos. Esse futuro (já presente) chegou a ser cogitado lá trás, por meados de 2007, quando a cinessérie Vingadores da Marvel Studios estava em produção.
Se a DC vem levando pau da crítica especializada, a Marvel tem sido feliz nos últimos anos. Não é exagero comparar esses dois universos cinematográficos do cinema. De um lado tem a Warner Bros. /DC e de outro a Paramount / Marvel Studios (isso sem contar os paralelos: 20th Century Fox e a Sony Pictures detendo direitos de seus outros personagens fora desse nicho).
Se a DC tem sido ousada em se aventurar nas melhores tramas sombrias e profundas, a Marvel agracia o público com a sua maneira carismática de contar histórias, muitas vezes ganhando na graça do que na performance física de seus heróis. Porém, os irmãos Russo parecem estar mostrando o contrário com Capitão América. Desde que entraram na direção em O Soldado Invernal, a trama política parece ter ganho uma dimensão mais sólida nas aventuras do bandeiroso, deixando cada vez mais de lado o senso de humor como maior destaque, tão marcante nas aventuras da Marvel Studios.
Em grande parte da terceira aventura, camadas políticas se envolvem em meio a discursos ideológicos entre os personagens - principalmente na cena onde Tony Stark e Steve Rogers se veem debatendo pela primeira vez. Era mais do que obrigação ver Guerra Civil salvando a pátria do embate entre dois ícones, focando naquilo que importa para a razão de existir dos super-heróis, enquanto Batman v.s. Superman ficava na essência entre chutes, pontapés e explosões. O problema aí é que o ritmo de Capitão América: Guerra Civil desacelera com pouco interesse nessas teorias e só melhorando logo a frente quando a bomba, finalmente, estoura (e como demora pra isso acontecer).
Como Capitão América, Chris Evans surpreendeu por sua postura convincente, porém, quem roubou a cena desde quando abriu a cinessérie, como grande aposta da Marvel Studios, foi Robert Downey Jr. na pele do Homem de Ferro. De uns tempos pra cá, a importância do Capitão aumentou gradativamente, proporcional a competência de Evans, enquanto o Homem de Ferro começava a apresentar as suas novas avarias, ousadia que irritaria os outros heróis da trama (e, por que não, um público mais atento). Somado aos discursos de seriedade de seu personagem, apostamos as fichas em Evans para que o terceiro filme do Capitão América se mostrasse ainda mais "Time do Capitão" do que "Time de Ferro".
Com uma condução incrível de timing, Downey Jr. constrói sacadas incríveis diante de situações que poderiam parecer rasas mas criando aí uma grande qualidade que vai um pouco além dos padrões Marvel Studios de qualidade quando o negócio é passar de uma aventura convencional para uma aventura além de puro comercial. É isso aí, o destaque do filme acaba sendo o Homem de Ferro, se for apresentar quem se sai melhor nesse duelo. Isso não quer dizer que outros super-heróis, especialmente convidados, não tenham o seu tempo considerável na tela. Mesmo em cima de um evento turbulento, os novatos são devidamente apresentados com suas habilidades e vivência, surpreendendo com alguma essência que pode ser explorada mais a frente.
Eu disse que o Homem de Ferro se destaca, mas Capitão América (Chris Evans) fala mais ao coração do que a razão, algo que certamente muitos de nós, em certas decisões a serem tomadas (dominada por cabeça quente) podemos nos encontrar. E por esse motivo, a trama constrói perfeitamente um equilíbrio de importância entre os dois super-heróis, não tão vistos dessa forma em sua 'Guerra Civil' pessoal.
O 3D tem boa perspectiva, mesmo nas cenas mais movimentadas, mas nenhuma experiência marcante de fato, ainda mais sendo um 3D convertido. O Xplus teve pouco calibre, mas valoriza bastante a trilha heroica e afiada composta por Henry Jackman, este que também tempera eventos que procuram arriscar para o suspense.
As cópias legendadas procuram destacar as falas descoladas - seguindo as tendências da atualidade - em situações que supõem deboche como "- Suave" (traduzindo algo normalmente parecido com: "-É/ Tranquilo!") e "- Tá tranquilo, tá favorável" (traduzindo algo do tipo " - Tudo bem, tudo legal ?").
A Guerra Civil entre ambos os lados é certamente o conflito mais emocionante já proposto pela Marvel Studios. O que esperamos é que, partindo daí, a cinessérie vá ainda mais além. E que vá além mesmo, voando como a teia do aranha.
Com a recente parceria com a Sony, o time da Marvel Studios fica ainda mais forte. E a tendência é que, se juntar com a Fox, quem sabe uns mutantes não surjam no time aí mais pra frente?
ATENÇÃO: FIQUEM ATÉ O FIM DOS CRÉDITOS
(TEM CENA NO MEIO DOS CRÉDITOS TAMBÉM)
MEMÓRIAS DA SESSÃO
Esta foi a minha segunda sessão na sala Xplus e provavelmente será a segunda de muitas - já que a Barra da Tijuca ficou longe pra cachorro (pegando 2 conduções e não mais apenas a BRT). Fora que estou endividado até os dentes graças as minhas boas ações para a família (e amigos da família).O dia foi frenético, já acordei batendo o dedinho do pé no chão do quarto. Fora isso: comprar quentinha, lavar roupa e cortar o cabelo (mais ou menos nessa ordem). Chegando no ônibus Transoeste, quase não tinha lugar, a não ser dois obesos ocupando os dois últimos lugares que sobravam. Escolhi onde eu ia me apertar e sentei. Busquei fazer uma boa ação hoje e doei R$ 2,00 para um surdo que pedia ajuda para ajudar a filha.
Chegando ao cinema, pude me deparar com uma fila enorme - assim como todo filme evento - isso inclui lançamentos gigantes como Os Vingadores ou algum Batman muito esperado (pra falar a verdade, qual filme do Batman não deixou de ser tão esperado até agora?)
Uma coisa bacana foi receber o óculos e ganhar uma embalagem, que vinha junto com ele, do X-Men: Apocalipse. É a primeira vez que vejo o UCI distribuindo óculos 3D com encarte temático.
A sessão começou com atraso (aproximadamente 3 minutos). Prevendo isso, há pelo menos 10 minutos antes, um atendente percorreu a fila já verificando os ingressos.
O público, no geral, teve comportamento moderado. Diferente da ótima postura do público na sessão anterior, desta vez um casal sentou do meu lado. Pra piorar, a mulher ligou o celular no escuro da sessão e ficou aguardando o Facebook abrir, enquanto rolava a introdução do Xplus e a apresentação do Dolby Atmos. Como se não bastasse, ela voltou a fazer isso no MEIO DO FILME. Eu meio que me levantei um pouco com a mão pra ver se ela se mancava (embora eu evite ao MÁXIMO atritos).
Muitos ficaram atentos em grande parte, com uns cochichos a frente sobre a trama - filho explicando para o pai e, ao lado, (quem diria) a namorada (QUE NÃO LARGAVA O BENDITO CELULAR) explicando pro namorado. Apenas uma rápida ligada de outro celular bem ao fundo (para olhar horário). Tirando isso, as reações emocionais frente a atração ficaram marcadas por uma garota da poltrona a frente (deixando aquele sentimento de preocupação em cenas sérias, com um expressivo "-tsc!" e algumas risadas em outras).
Dói no coração, mas eu preciso ser sincero. Pela primeira vez, dou nota 0 para a postura do UCI Park Campo Grande. Os técnicos ligaram as luzes da sala assim que os créditos começaram. Alguns já se levantavam enquanto a maioria já continuava sentado. Quem viu a situação não reagiu, berrando pra apagarem as luzes. E a moça (AQUELA QUE NÃO PARAVA DE LIGAR O CELULAR DO MEU LADO), quem diria, segurou o namorado avisando da cena pós-créditos.
Ao fim da sessão, o público pareceu diversamente participativo (sem piadinhas ou grandes barulhos) e aplaudiu ao filme no fim dos créditos.
Antes disso, ele veio com um "-Cara, vou ficar te devendo R$ 0,20" e eu revirei os olhos. Mas fiquei surpreso com comprometimento do motorista ao sair do ônibus para pegar troco. Daí, ele me deixou R$ 1,00 por engano, entrou em atrito e eu me vi confuso. Depois ele entregou R$ 0,25 com um "-Tá ruim de troco!" e eu devolvi a diferença ao motorista. Pronto, terceira boa ação da semana.
--SESSÃO CRÍTICA--
Título Original: CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR
Duração: 147 Minutos
Gênero: Ação
Sessão Acompanhada: UCI Park Shopping - 16:40 - O 16