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domingo, 27 de março de 2016

[Sessão Crítica] Batman vs Superman: A Origem da Justiça 3D XPLUS

SENTIMENTALISMO DE PLÁSTICO


Trazer histórias antigas mais consistentes com a realidade já é uma tradição do diretor Zack Snyder.
A tentativa com a refilmagem de Madrugada dos Mortos foi bem sucedida - um exemplar filme de zumbi, ágil, brutal e divertido. Mas, da mesma forma que a crítica social foi deixada de lado nessa versão, Batman vs Superman, seu mais novo trabalho, deixa de lado a motivação que poderia melhor justificar a dualidade entre o dia e a noite: a posição política.

Mais intimista do que épico, o primeiro embate dos dois grandiosos e pioneiros super-heróis dos quadrinhos se resume a apenas um filme casual. Como já se foi comentado muitas vezes, os Super-Heróis estão em uma fase completamente comercial desde o fim da guerra fria. Quando surgiram em um mundo dividido pela guerra e pela intolerância racial, não vestiam a fantasia simplesmente para parecerem apenas visualmente bonitos mas para deixarem um recado especial para o mundo - que em muitos casos, era para dar uma bela surra em Hitler, ou para nos fazer viajar para bem longe daquele mundo de violência sem respostas.

No universo dos quadrinhos, não existe esse destaque do herói sempre romanceado e simplesmente correto. Batman comete erros, Superman comete erros e um pode acabar, em algum momento, como mentor do outro. Foi assim em "Uma Morte em Família (1988-1989)" (quando Superman evidencia a impotência do Batman) ou então no consagrado "O Cavaleiro das Trevas (1986)" (quando Batman expõe toda a fragilidade do Homem de Aço) - este último, o maior exemplar seguido por produtores e diretores para construir o Batman ideal do cinema desde Tim Burton - tudo isso com o apoio direto do consultor oficial da cinematografia DC, Michael Uslan, antes, apenas um mero fã de quadrinhos como muitos de nós.

Quando anunciado em uma tarde de 20 de julho de 2013, na San Diego Comic-Con, Batman vs Superman teria se tornado uma surpresa imensa para todo o público e fã tradicional. Para os mais aprofundados, sabe-se que este era um desejo antigo de Uslan e dos produtores. Passando por grandes nomes na direção - como Darren Aronofsky (Cisne Negro) - o trabalho acabou parando nas mãos de Zack Snyder, já conhecido por suas outras adaptações dos quadrinhos DC. E a Warner, que procura não arriscar muito com time que tá ganhando (bilheteria), optou por deixar o diretor envolvido em todos os trabalhos que se conecte a cinematografia Liga da Justiça após Homem de Aço (2013).

Ainda que se recusassem a admitir, Batman vs Superman é sim uma sequência direta de Homem de Aço, traçando paralelos muito bem sacados com os eventos deste. Todas os eventos de introdução mostraram um desenvolvimento bastante maduro - chegando a superar, de cara, o filme anterior. Porém, a super força para por aí quando o decorrer acaba perdendo profundidade cada vez mais.

Batman: intolerante e homicida
 O Batman de Ben Affleck - que muitos (sem necessidade) temiam - não se torna o problema do filme. Mas a má condução do roteiro é que acaba descaracterizando a postura diferenciada do herói em relação ao seu conterrâneo de capa azul. Na caracterização de Affleck, Bruce Wayne é um personagem discreto, enquanto o seu Batman é um justiceiro intolerante e homicida. Ainda que seja oficialmente apresentado como um Batman aposentado, pouco disso é explorado - o que acaba não se tornando compreensível a sua amargurada transformação. Porém, conta com uma introdução brilhante - uma necessária repaginada com base no universo mais mítico dos quadrinhos sem deixar de sair da realidade. E esse teor em equilibrar ficção e realidade caminha de maneira sutil, como uma forma de fazer com aqueles recém saídos do universo realista (muito bem descrita, diga-se de passagem) por Nolan e a sua trilogia O Cavaleiro das Trevas, se acostumem a ver o novo Batman das telas que será futuramente introduzido na Liga da Justiça. Mas nem por isso, o filme se torna um evento promocional para o filme da Liga - que apenas faz parte de um encaixe da história.

Superman, enquanto conhecido como apenas o Homem de Aço em seu filme de introdução, retorna com um papel ainda mais importante aqui, mesmo com a introdução do "BatAffleck". Henry Cavill mantém a seriedade do personagem, cujo retrato divide entre a maneira como seu personagem carrega o peso das perdas e a maneira como ele é santificado pela população - sendo uma produção que estréia em véspera de páscoa, a mensagem entregue é muito positiva.

Jesse Einsenberg é a surpresa do elenco. O talentoso ator de A Rede Social mostra ser um astro grande demais para um filme pequeno (ainda que este tenha custado aí uns trocentos milhões de dólares. Ok, para mentes mais cultas: U$$ 250.000.000). Einsenberg apresenta o Lex Luthor mais sádico e sarcástico de todos, muito a altura do ótimo trabalho realizado por Kevin Spacey, só que em uma larga escala. Porém, o mesmo problema que ocorre a respeito de Affleck - o enredo fraco, sem profundidade forte o suficiente, prejudica o grande potencial que este personagem poderia obter se a história não se limitasse ao intimismo.

Sim, as ações que ocorrem em Batman vs Superman te farão se empolgar na cadeira, te farão, provavelmente, chorar ou até mesmo rir. Mas tais características não são suficientes quando tudo
depende de uma simples estética. É como um sentimentalismo semelhante ao envolvimento com as batalhas onde heróis e vilões utilizam armaduras/ roupas trajadas de plástico - não se sujam, não sangram e nem se arranham. Somando tudo isso, um sentimento falsificado, um sentimento de plástico. As falhas são percebidas mas acabam sendo relevantes devido as condições emocionais
com que o filme é levado - o velho truque de roteiro para esconder furos (muitas vezes culpa dos produtores e nem sempre um desejo dos diretores ou dos roteiristas). Mas se existe algo muito bem executado na história, é a maneira natural como o filme procura conduzir os super-heróis - sem torná-los um tipo de coisa única e extraordinariamente fora da realidade - eventos que muitas vezes costumamos testemunhar em noticiários ou em casos descobertos através da história. Esse tal equilíbrio, de certa maneira, cai em leve contraste com uma frase dita por Perry White (Laurence Fishburne), algo que nem sempre se torna uma regra, quanto a assuntos comuns serem mais interessantes que casos de vigilância.

O melhor, é claro, deveria deixar para o final. Gal Gadot, a atriz israelense, deve ter calado muitas bocas com a sua performance de Mulher-Maravilha. As críticas a respeito de seu físico são
infundados, pois nem mesmo a belíssima Lynda Carter (da icônica série de TV dos anos 60)
era musculosa, mas ainda assim encantava com a sua incomparável beleza e charme.
Gadot consegue explorar muito disso de forma elegante e ainda convencer quando não
leva desaforo pra casa. A atriz realmente salva o filme e incrivelmente não é prejudicada
pelo roteiro, por estar inclusa em momentos exatos sem ser desperdiçada.

A trilha sonora, com a participação de Hans Zimmer, está melhor do que nunca, somando
muito bem a presença dos atores em cena, seja nas falas de Luthor, nas expressões de Batman e Superman (até o "olho por olho, dente por dente") ou na espetacular presença da Mulher-Maravilha.

Batman vs Superman possui um problema que se repete, praticamente, em quase todas as adaptações dirigidas por Zack Snyder. Mais estética e menos profundidade. Mas, aos trancos e barrancos, algumas coisas boas sobrevivem, como o bom elenco e as suas boas atuações. Os efeitos visuais e a fotografia, que domina em meio as catastróficas cenas de ação, dão boa conta (técnica) do recado.  


MEMÓRIAS DA SESSÃO

É isso aí, pessoal. O ano de 2015 acabou arrasando (pra pior mesmo) e o começo de 2016 acabou por enterrar a minha vida antiga. Transformações ocorreram, fui acolhido por amigos e por parentes distantes. Algo que a gente nunca espera, quando nos encontramos numa vida, mas Deus deixa caminhos para a gente seguir. E essa transformação me deixou bem melhor, apesar dos fantasmas do passado, eu em sinto mais leve agora e com o dever comprido. Longe de ser Super-Herói, apenas fiz o que devia ser feito. 

E são por questões pessoais que o Santuário do Mestre Ryu teve que ficar parado por um tempo. Também assisti Deadpool e comecei fazendo uma Sessão Crítica e Memórias da Sessão dele (meio parecida com essa introdução) sendo que com diferenças radicais - mas foi engavetado por justamente não saber se eu ficaria satisfeito com tais transformações pela posição que as estrelas, as imagens e o texto se encaixaria.  

3D XPLUS: Esse filme é a minha primeira experiência com a sala especial do UCI Park Shopping Campo Grande. A qualidade de som Dolby Atmos é suave e sem estrondos, em comparação ao IMAX. O som percorre pelas caixas da sala e o 3D pode ser recomendado caso goste de acompanhar os efeitos de destruição com mais detalhes, ainda que este esteja longe de ser uma boa versão, devido a alguns cortes de edição confusas em meio as cenas de ação.

REAÇÕES: Ao fim da sessão, muitos aplaudiram, assim como na presença da Mulher-Maravilha. Porém, durante toda a sessão, o público ficou em silêncio. Algumas risadas podiam ser ouvidas
por uma menina sentada numa poltrona a frente, pela direita.



CAMINHADAS - PARTE I : Circulando pelo Parkshopping Campo Grande (é a minha terceira vez que vou), eis que eu passei a compará-lo muito com o Norte Shopping dos anos 90. Esse ar nostálgico me fez transparecer o quanto realmente este shopping é bonito como falavam. Só achei pequeno, em comparação ao Barra Shopping, mas é indiscutivelmente bonito, com um ambiente bem familiar.



CAMINHADAS - PARTE II: Na minha primeira ida ao Parkshopping, estava acontecendo uma exposição de Deuses Gregos. Tentei registrar alguma coisa, mas não deu tempo. Antes de assistir Batman vs Superman, percebi que a divulgação veio grande - com várias promoções
expostas em várias lojas. Só os preços, para garantir essas promoções, que não estavam nem tranquilos e nem favoráveis.



EPÍLOGO DA SESSÃO 
Ao sair do shopping, atravessei a rua e vi uma moça, que me olhou por alguns momentos (talvez por que eu tava olhando também). Ela tinha calças brancas, camisa com cor de vinho e segurava umas bolsas. Seus cabelos eram longos e lisos, pele morena e olhos meio puxados como se fosse uma indiazinha, aparentemente uns 1,75 de altura, busto, cochas e quadril médio, praticamente sarada (aquele tipo de corpo ideal que as empresas de moda recusariam mas toda a torcida do Flamengo apoiaria). Com todo o respeito do mundo: era muito bonita mesmo. A moça deveria ter entre 23-26 aninhos mas com cara de 16. Eu fui sentar no banco de espera do ônibus e do lado tinha uma morena mexendo no celular e ouvindo música, com um short curto exibindo as (também) belas cochas bonitas, só que mais magra.

Começou a chover e a moça que tava em pé sentou do meu lado ("nem queria!"). Daí olhei pra cima, via as gotas caindo e ela também. Virava pra ver se o ônibus chegava e ela também.Depois virei um pouco pra ver se ela tava me olhando, mas.. desviei o olhar. Depois de muito e muito tempo, ficava tentando encontrar alguma forma de dizer alguma coisa até que depois de milhares de tentativas para me expressar eu disse: "-Esse ônibus demora!" e ela: "-Pega qual ônibus?" a voz dela era de uma mulher e não de uma menina, mesmo com cara de menina. Mas as minhas travas não me fizeram andar com a conversa. E voltei a esperar o ônibus. E o melhor: ela tava pra pegar o mesmo ônibus que eu. Quando chegou, tivemos um último diálogo e fizemos sinal juntos. Dentro do ônibus, sentamos em lugares separados, mas fiquei olhando ela sentada lá na frente o tempo todo até descer antes.
Pois é, Campo Grande e as suas Mulheres-Maravilha. 
Eu já estou amando esse bairro !!


--SESSÃO  CRÍTICA--
BATMAN VS SUPERMAN: 
A ORIGEM DA JUSTIÇA
Título Original: Batman V Superman: Dawn of Justice
Duração: 151 Minutos
Gênero: Ação
Sessão Acompanhada: 26/03/16 - UCI ParkShopping Campo Grande - P 13 - 16:30