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domingo, 10 de janeiro de 2016

[Sessão Crítica] Os Oito Odiados - Ninguém Está Aqui Por Acaso (Dir. Quentin Tarantino, 2015, E.U.A.)




NESTA POSTAGEM

 SESSÃO CRÍTICA
OS OITO ODIADOS

EXTRAS
MEMÓRIAS DA SESSÃO
FICHA TÉCNICA

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 SESSÃO CRÍTICA 
OS OITO ODIADOS

UM JOGO  DE APARÊNCIAS
Inversão de valores; comedia de humor negro afiado; veteranos atores de Tarantino; e famoso cinismo completam este faroeste contemporâneo com camadas de filme clássico a cores e filmado em uma câmera antiga.


Tarantino e a sua mania genial de homenagear o cinema das antigas - da introdução ao bizarro e impactante tema de abertura composta por Ennio Marricone em sua majestosa trilha, ainda que em um momento se confunda com os diálogos dos personagens (chegando a parecer um estranho videoclipe de alguns minutos), soa incrível. Sem também esquecer de sua tradicional mescla com o contemporâneo, tanto na música, quanto em alguns leves efeitos visuais de câmera (como o famoso slow motion e o bullet time).

Esse jogo de mesclas também se encaixa no conceito da trama. Recheado de diálogos  - parecendo uma extensão da visão cotidiana dentre os longas do diretor em seu filme de 3 horas e alguns minutinhos - faz de Os Oito Odiados o filme mais lento desde Cães de Aluguel (1993) mas não o mais desinteressante. Podemos ver, por exemplo, aquela clássica relação quase familiar entre os personagens - que se obrigam a se unir com os seus "rivais" pela força das situações em que se encontram. Essa relação cria então um jogo de tensão - entre troca de ofensas machistas e racistas tratadas em um período (como aqui no Brasil - principalmente o racismo - ainda estão tentando remeter a esse época) onde aquilo era algo comum, como uma forma de humor negro lançada pelos sempre incríveis diálogos (surpreendentes e imprevisíveis) dos filmes de Tarantino.

A polêmica da vez, em uma época como hoje, onde tudo é debatido, é se esse estilo de filme (entre ironia suja e violência) gera incômodos para novas (ou já desacostumadas) audiências. É corajoso, por parte do diretor, manter as suas raízes ainda mais afiadas do que antes sem se preocupar com os questionamentos.

Num tom mais explicativo (ou.. mais investigativo, em melhores palavras) que os outros sete anteriores, dirigidos pelo diretor cult mais pop da atualidade, o humor pesado acaba ganhando tonalidades mais leves em seus momentos dignos dos irmãos Marx - considerados por muitos como os pais da comédia pastelão. Aonde o humor visual ganha mais forma, acompanhado das tiradas com
alguns básicos diálogos (por vezes repetitivos).

Na teoria, os Oito Odiados era para ser uma continuação de Django Livre. Seria interessante, um personagem moral no meio de sete imorais que justificam o título do longa. Porém, Tarantino, para propositalmente simular aí uma inversão de valores, mudou de ideia para não ofuscar a atenção em todos os personagens dia história. Daí, entra o Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson). Kurt Russel (John Ruth) surpreende nos momentos em que seu personagem se destaca mais, protegendo a sua caça, Jennifer Jason Leigh  - que já reflete, na teoria, o quanto a sua Daisy Domergue está à mercê daquele mundo masculinizado.

Não há um tiro disparado em boa parte da produção - o que se amplia ainda mais o clima de suspense entre as intensas trocas de olhares e confrontos psicológicos entre os odiados. Odiados, mesmo para quem estava ali em busca de coisas bonitas no filme - a exceção é a fotografia, belíssima, em meio a nevada. No andar da carruagem, o trajeto muda completamente: com a bipolaridade e o cinismo (um grande truque guardado a sete chaves), o longa acaba dividindo as audiências - uns consideram o melhor trabalho de Tarantino; outros o pior; e até mesmo deixarão outros confusos - a ponto de assistir mais uma vez.

Tarantino sabe como mexer os pauzinhos de seu elenco e coloca Channing Tatum, galã da vez  em um posto bem interessante, valorizando um pouco a desenvoltura pelo qual ficou conhecido, na pele de Jody. Já Walton Goggins desconstrói perfeitamente o seu Chris Mannix. Também surpreendem os veteranos da cinematografia do diretor: Michael Madsen (Joe Gage) e Tim Roth (Oswaldo Mobray) quando todo mundo achava que eles já fizeram tudo o que se podia fazer.

Cogita-se que este será o antepenúltimo filme de Quentin Tarantino - que pretende filmar mais dois antes de se aposentar. Se é verdade, só o tempo vai dizer. Porém, fica claro que não é uma autopromoção barata o número vir antes da divulgação (ou introdução de seus filmes). Até agora, Tarantino se consagra pela crítica especializada como o diretor que não possui filmes ruins em sua carreira (talvez menos bons). E o mais veterano da atual geração, que já permuta por mais de 20 anos, dentre a popularização do criativo e popular cinema independente.

Tarantino sendo Tarantino:  A obsessão de Taranta é tanta que ele chegou filmar no antigo Ultra Panavision 70 mm (como nos clássicos filmes dos anos 50), para valorizar o tipo de filmagem ideal que gostaria de passar. O diretor teve um passo diferenciado, no quesito técnico, além do humor visual, quase cartunesco, e do já brilhante roteiro que é valorizado graças aos diálogos e aos atores - principalmente.



 EXTRAS 
MEMÓRIAS DA SESSÃO

Dias difíceis. O começo de 2016 seguiu com algumas situações pessoais que já não andavam tão bem entre o natal e o ano novo. Foi a primeira virada sem ceia da minha vida. Apesar de alguns momentos de diversão com os amigos, nas partidas de jogos e zoações online, por outro, haviam problemas que atacaram diretamente a raíz do meu coração. Um dia antes do meu aniversário, recebi a notícia que seria uma bomba pra mim. Minha mãe sentiu pena de me deixar sozinho, mas era necessário para a vida dela. Se ela entrou nisso..eu aceitei entrar junto. Parceiros desde a barriga. E não importa, não há ninguém capaz de cortar os nossos laços traçados por Deus.

Diante de algumas premunições a respeito da minha conturbada e corrida rotina "para ganha o pão" coincidida. Tive que deixar de lado pra encara outra fase difícil..mais do que foi há 10 anos, quando descoberto a doença - e eu estava na faculdade. Não ando me dando bem com ano seguido por número 6 no final. Temi 2016 por 1996 e 2006.  No dia do meu aniversário, ela lamentou não poder fazer o bolinho - e lá se foi o primeiro dia do meu aniversário sem bolo. Entre idas e vindas, preso a rotina de um hospital, diante daquelas noites mal dormidas, me perguntei se iria ter disposição para sair de lá para ir ao cinema. Também prezei por minha mãe - ela, com aquele olhar sereno, me deixou ir pedindo para não se preocupar - com a clássica frase: "- Bom divertimento" como ela costuma me dar nos últimos anos. Mas aquele momento era diferente, não era mais um fim de semana especial, com minha mãe tranquila em casa, mexendo na cozinha ou assistindo TV. Ela estava na cama, com os olhares meio sofridos..mas fazendo um esforço absurdo pra falar aquela frase..de maneira pausada: "Bom..Diver..timen..to.   Eu sai fechando a porta com cuidado, olhando pra ela, com aquele aperto. Mas disse que os enfermeiros estariam ali caso ela precisasse - era só apertar a campainha de emergência. Graças à Deus, diante de todo o sufoco, ela estava muito melhor do que antes. Agora eu sei porque sou filho da minha mãe, uma pessoa super forte.

Passando pelas ruas do bairro..me lembrei das passagens de outro dia. Tava um dia lindo ali fora. Durante a semana..sonhava em aproveitar esse tipo de liberdade nas minhas férias. Poucas vezes um homem cheio de responsabilidades pode aproveitar o ar livre, o céu azul, o sol da tarde. Porque o homem tá quase sempre trabalhando..quando não está estudando ou então frequentando as aulas de recuperação. Talvez exista apenas um único (e nem sempre longo) período que o homem pode desfrutar da sua merecida liberdade: na aposentadoria.

Também vivi um raro momento quando vou ao Nova América durante o fim de semana (talvez, quase único): Usar o metrô. Chegando lá, pulei pra trás quando vi o cinema fechado. Perguntei a uma servente e ela me esclareceu que só abriria às 13:00 e eram 12:17. Logo percebi que havia chegado cedo demais.

Tentei registrar as novidades da RI Happy a respeito de Star Wars e fiz um giro na loja ainda vazia até que, frente aos produtos de Star Wars, me pula uma atendente perguntando se eu estava procurando alguma coisa..logo falei que buscava produtos da saga. Talvez ela tenha percebido o meu "blefe" e ela respondeu que só tinha aqueles produtos mesmo.

Onde está Rey??? *shora*

Na busca por Rey, encontrei algumas princesas Leia da coleção "O Despertar da Força".
E então falei sorridente (de sem graça) a Rey é difícil de achar mesmo, né? A atendente confiemou
E, andando..realmente presenciei a falta de Rey..apenas mais do mesmo entre os produtos de Star Wars.. com exceção de Finn... e em escala de 30 cm.  Algum tempo depois, fui almoçar por ali mesmo, e aproveitar para fazer hora. Peguei um lugar bem iluminado do shopping e ali sentei - próximo a uma legião de pessoas na praça de alimentação.

No cinema, olhei para as telas de anúncio e me deparei pela primeira vez com promoções entregando brindes (são 4 Posters para escolher) caso alguém comprasse mais de um ingresso. Já a caminho da sala, me surpreendi com uma audiência bastante jovem - com cara de Zona Sul na Zona Norte. Logo a frente havia um aviso de que o filme era para maiores de 18 anos e que não era permitido a entrada de menores, mesmo que acompanhados de responsável. Ajudei a uma moça com cadeira de rodas - com um acompanhante - sendo um dos primeiros a abrir as portas do cinema - e os deixei passar na frente.  Já durante o filme, um cara, meio agitado e fortão (mas que foi bem educado, pedindo licença para por o refrigerante no braço da cadeira) foi nocauteado por uma pipoca - mandando um meteoro de tosses atrás do outro..atrapalhando um pouco - ironicamente pensei naqueles "armários que trafegam em ônibus lotado e sentam do seu lado ocupando um espaço e meio (quase 2 passagens)" e então concluí: "- Ele deveria comer menos".

Em um momento, estava tocando um som bem diferente que estava interferindo a fala dos personagens, eu olhei para os lados achando que era um celular tocando.. quando na verdade era o efeito bem interessante do Dolby Surround 5.1 do cinema Kinoplex Nova América.

O fim dos créditos foram bem rápidos (como nos antigos filmes das primeiras décadas do século XX), o que evitou a ter menos descontentamento com os apressadinhos - entre o público que quer sair e os faxineiros que querem entrar.


FICHA TÉCNICA
TÍTULO ORIGINAL: THE HATEFUL EIGHT
DURAÇÃO: 187 MINUTOS
GÊNERO: FAROESTE
SESSÃO ACOMPANHADA: 13:50 - K 08 - KINOPLEX NOVA AMÉRICA (09/ 01/16 -SÁBADO)

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