'CULT' PODE TAMBÉM SER 'POP'
EXTRAS
FICHA TÉCNICA
SOBRE ESTA PUBLICAÇÃO
(Por: Mestre Ryu Kanzuki)
CULT, POP & INDIE: 20 ANOS DE 'PULP FICTION'
(Por: Danielle Salim)CULT, POP & INDIE: 20 ANOS DE 'PULP FICTION'
EXTRAS
FICHA TÉCNICA
SOBRE ESTA PUBLICAÇÃO
Análise Ex por Mestre Ryu Kanzuki com Participação especial de Danielle Salim ilustre responsável pelas páginas Ualt Disnei (co-criadora), Trilha dos Filmes e do blog Desconstruindo Mad (Criadora)
---SESSÃO CRÍTICA 2 EM 1---
'CULT' PODE
TAMBÉM SER 'POP'
( Por: Mestre Ryu Kanzuki )
Desde
sua pré-estreia em Cannes, Pulp Fiction chocou e encantou plateias e
críticos. A obra realizou o desejo de seu criador: Quentin Tarantino.
"...Eu faço filmes que as dividem" assim conclui o diretor.
Eu,
nos meus 10/ 11 anos de idade e mesmo não conhecendo muito sobre alguns
grande nomes das décadas de 80 e 70, me sentia curioso com aquele
elenco estelar na capa do VHS: John Travolta (Vicent Vega), Samuel L.
Jackson (Jules Winnfield), Uma Thurman (Mia Wallace), Bruce Willis
(Butch Coolidge), Harvey Keitel (Winston Wolf), Ving Rhames (Marsellus
Wallace), Tim Roth (Pumpkin), Amanda Plummer (Yolanda/ Honey Bunny),
ChristopherWalken (Capitão Koons), Eric Stolz (Lance) e Rosanna Arquette
(Jody). Ufa! Sim! Um elenco que se pode dizer: estelar com todas as
forças.
Entre
nomes que se tornariam uma revelação (eu disse.. Uma.. Thurman? Isso
virou até brincadeira por parte de David Latterman quando apresentou o
Oscar 95), haviam também astros que algum dia almejaram sucessos e
naquele período estavam em decadência (John Travolta e Bruce Willis que o
digam).
É
difícil categorizar Pulp Fiction em um único gênero. Quentin Tarantino é
polêmico como sua obra, e como um bom ex-dono de uma locadora de
filmes, ele certamente conhece gêneros e simplesmente condena arduamente
quem o categoriza como um filme de Drama. Por se tratar de uma série de
eventos envolvendo cotidiano, Pulp Fiction envolve romance policial,
humor negro, um pouco de ação e algum suspense. Por se tratar de uma
série de elementos inevitáveis em nossa vida, considero este um tipo
sofisticado de drama.
Como
não se trata de um drama comum, sua narrativa envolve sucessivos
diálogos que o sustentam de uma maneira bastante humana - nem sempre
teatral. Ainda que por vezes se trate de elementos ficcionais dentro de
sua personalidade cinematográfica, a genialidade como elas são
encaixadas e desenvolvidas tornam os seus personagens ainda mais
complexos em uma trama cheia de conteúdo para se discutir - sem contar
também as referências à cultura pop.
O
gênero Faroeste envolve diversos temas e interações de cenário -
grande inspiração de Tarantino em suas obras - sem deixar de lado o
drama (este que também é lido como um cotidiano dentro de algum evento
histórico - ficcional ou não). O que Tarantino faz é atualizar esse tipo
de gênero para os tempos modernos, alternando entre situações reais e
ficcionais de maneira única.
Como
Vincent Vega, John Travolta (que amargurou fracassos após Olha Quem
Está Falando em 1990) volta ao estrelato de maneira digna. Travolta
retrata o seu personagem como assassino profissional com algumas "crises
de ansiedade" (alguns cacoetes nas expressões próximas ao nariz) e
ainda relembra os seus tempos de "Tony Manero" como
dançarino. Samuel L. Jackson se revela como um intelectual parceiro de
Vincent e é dono dos melhores (entre tantos outros) diálogos épicos do
filme. Suas falas pseudo-religiosas (ao menos na realidade) chegam a ser
tão convincentes que podemos acreditar que Jules poderia se tornar um
legítimo testemunho de Jeová.
Se
religiosidade é tratada de uma forma original na narrativa, nesse
ponto, a relação entre Vega e Mia (Thurman) tem uma semelhança a
passagem dos 10 Mandamentos referente a "Não Cobiçaras a Mulher do
Próximo". Vincent, por lealdade ao chefão Marcellus (Rhames) precisa se
guiar a risca, pelos ossos do ofício (ao menos, na imaginação, é difícil
se distanciar dos sentimentos e dos desejos da carne).
Mostrando
a que veio ao público e os acomodando com um amontoado de situações
verborrágicas, a trama ganha os seus momentos de adrenalina ao lidar com
a situação do "Relógio de Ouro" de Butch (Willis). É aonde Pulp Fiction
ganha as suas vestimentas do gênero Ação (como era distribuído desde os
tempos de VHS nas locadoras).
Com
um bem conduzido trabalho de aprofundamento dos personagens, mesmo
aqueles em seus curtos momentos em tela ganham importância, a relação e a
interação entre personagens é tão fascinante que situações
aparentemente não importantes se encontram em um gancho de interesse.
Como a tradução literal do 'Pulp', o espectador se envolve com a
brilhante relação entre protagonistas de histórias distintas que se
encontram em um mesmo filme - sem necessariamente criar uma série de
eventos cinematográficos para isso. O trabalho ousado só é modesto
apenas em seu final.
A
narrativa é descrita como Não-Linear (característica marcada pelo
clássico mor "Cidadão Kane"), algo pouco habitual e que se torna um
elemento bem curioso a ponto de parecer confuso se passar despercebido
na construção das histórias (escritas de forma distintas por Tarantino e co-roteirizado por Roger Avary) - aonde só o meio é aparentemente
linear (com passagens regulares).
Há
uma inversão de situações para efeitos de fuga dos clichês, algo justo.
Isso sem contar que nesse universo criativo, Tarantino se diverte com
eventos cronológicos em seus trabalhos. Não é necessário assistir às
outras obras do diretor para compreender Pulp Fiction, mas chega a ser
fascinante pesquisar e relacionar esses cruzamentos.
Ignorado
por grandes distribuidoras (Columbia Tristar mandou um oi) e aceito por
uma pequena e independente Miramax, foi vaiado e elogiado entre os
espectadores (mais uma vez em Cannes) mas Tarantino encontrou o lugar
justo ao sol para a sua criação de apenas U$$ 8 Milhões.
Pulp Fiction concorreu ao Oscar 95 em uma época onde a premiação ainda não costumava se aproximar de filmes independentes (a exceção começou em 2006, com Crash: No Limite). Perdeu a categoria de Melhor Filme para o sensível Forrest Gump: O Contador de Histórias (páreo duro) mas faturou o prêmio justo de Melhor Roteiro Original, o nosso Punho Dourado pelo Conjunto da Obra (roteiro, atores e direção, tudo muito bem redondo) e o status digníssimo de "Cult Pop", se tornando não só um exemplo influente para o cinema como também para outras mídias. Provando que filmes baratos podem ser sim cultuados, amados ou venerados como as grandes produções.
Pulp Fiction concorreu ao Oscar 95 em uma época onde a premiação ainda não costumava se aproximar de filmes independentes (a exceção começou em 2006, com Crash: No Limite). Perdeu a categoria de Melhor Filme para o sensível Forrest Gump: O Contador de Histórias (páreo duro) mas faturou o prêmio justo de Melhor Roteiro Original, o nosso Punho Dourado pelo Conjunto da Obra (roteiro, atores e direção, tudo muito bem redondo) e o status digníssimo de "Cult Pop", se tornando não só um exemplo influente para o cinema como também para outras mídias. Provando que filmes baratos podem ser sim cultuados, amados ou venerados como as grandes produções.
A épica trilha
sonora saiu comercialmente em duas versões: 'Music from the Motion
Picture Pulp Fiction' lançada em 1994 e outra em 2002 como 'Pulp
Fiction: Collector's Edition' em dois discos com 5 novas faixas entre
elas uma entrevista com Quentin Tarantino. Curiosamente, Tarantino não
utilizou faixas instrumentais exclusivas para o filme. Todas
as músicas utilizadas são de clássicos perdidos entre os anos 60 e 70. O
estilo 'surf music' cai muito bem como música tema,
acrescentando mais substância ao personalizar a atmosfera sofisticada da narrativa.
A
edição remasterizada exibida pelo "Clássicos Cinemark", em Junho,
trouxe uma atualização visual impressionante para o estilo de fotografia
com grãos reduzidos dos anos 50 originalmente filmada por Tarantino. As
legendas substituem o subtítulo "Tempo de Violência" por "Tempos
Violentos" e não traz o título 'Pulp Fiction'. Até aí tudo bem, o
problema é que há alguns erros de tradução (ex: 'pra' virou 'prá'). As
legendas também reduziram alguns palavrões, as descrições da carteira de
Jules foram traduzidas como "Maldito Desgraçado" da descrição original
'Bad Mutherfucker' (Filho da Puta Mal).
---SESSÃO CRÍTICA 2 EM 1--- PULP FICITON: TEMPO DE VIOLÊNCIA
CULT, POP & INDIE:
20 ANOS DE 'PULP FICTION'
O primeiro filme de Tarantino que assisti foi "Um Drink no
Inferno" dirigido por Robert Rodriguez. Tarantino foi responsável pelo
roteiro e o filme também conta com sua presença como Richard Gecko. Foi amor à
primeira vista. Eu tinha 8 anos e me sentia a namoradinha de um bandido
estuprador que virou vampiro. Esse amor platônico desencadeou uma incrível
sessão Tarantino, quando aprendi então a fazer uso da internet. Em 1992
Tarantino entrou no mundo do cinema com Cães de Aluguel, a entrada oficial mais
incrível de um cineasta nos cinemas. Em 1994 veio com Pulp Fiction, assisti a
este filme faz uns dois anos e até hoje estou sob o efeito causado pelo mesmo.
Este ano comemoramos 20 anos de uma dos filmes mais aclamadas do cinema cult,
Pulp Fiction, uma obra prima na carreira de Quentin Tarantino.
Em Pulp Fiction, Taranta nos conta três histórias diferentes de
seguimento não cronológico. E ainda assim não dificultando o acompanhamento
delas. Ele consegue manter equilibrar emoção, drama e humor entre ligados entre
cada personagem.
Após Honey Bunny e Pumpkin decidirem assaltar a lanchonete e os créditos
iniciais se passarem ao som de "Misirlou" temos a primeira
história que tem como principal: Vincent
Vega, interpretado por John Travolta, o bonitão foi encarregado pelo chefão
(Marsellus Wallace) para levar sua mulher para se divertir, esta é a ordem. Em
parceria com Jules Winnfield interpretado por Samuel L. Jackson, ambos estão
para recuperar uma maleta que deveria pertencer ao seu chefe. E não seguindo
habitualmente aquele climão tenso pré-ação dos filmes, Vincent e Jules seguem
tranquilamente discutindo sobre o a missão de Vincent em Levar a mulher do
chefe pra se divertir e o nível de intimidade que existe em massagear os pés de
uma mulher. A segunda história já em desencaixe cronológico tem como personagem
principal o Boxeador Butch, interpretado por Bruce Willis, que foi pago pelo
chefe (aquele, o Marsellus) para perder uma luta. A terceira e última história
é voltada para Jules Winnfield e sua decisão em deixar a vida bandida após um
"milagre" e um acidente ocorrido no banco de trás do seu carro.
A primeira vez que vi o filme, estava dividido em duas partes, eu acabei
assistindo a parte 2 antes da parte 1 e depois eu fui assistir novamente na
ordem certa, ainda assim acabou sendo divertido, já que a própria história não
segue a cronologia correta, embora sejam interligados. Tarantino em sua
genialidade ilimitada nos presenteia não só com um belo roteiro, mas também com
diálogos incríveis, sutis e peculiares. Cada palavra, cada frase conecta você
ainda mais com as histórias e como de Tarantino, sempre com referências tanto
às suas obras anteriores a esta como as que ainda estariam para estrear, de
acordo com o Código Tarantino. Três personagens principais diferentes, um mesmo
chefe. Este com certeza é uma das mais aprofundadas histórias do mundo mafioso
e do tráfico. Onde drogas, sexo e morte são retratados com naturalidade e humor
negro.
A trilha sonora foi muito bem escolhida, cada música especial para a
cena, o momento, o personagem e sua personalidade. Pulp Fiction foi indicado a
nada mais nada menos que seis Oscars, tendo levado Melhor Roteiro Original. É
um filme que com certeza não foi feito para o público tradicional do cinema.
Embora seja um dos ícones Cults e um marco na carreira do Tarantino, rotulado
como sua obra prima, Pulp Fiction é sua mostra do que Tarantino é capaz de
fazer com o que conhece sobre cinema. E mostra que até mesmo os maiores
bandidos de alma suja podem ter princípios e classe.
----------E X T R A S-----------
A Terminologia 'Pulp Fiction' traduzida pelo jornal Metro em 6/6/2014
(o original pode se encontrado no Data Film)
Momento Pós-Crítica
- Elenco em Cannes: Repare em Uma Thurman
e Quentin Tarantino (É assim que começa..!)
- Momento clássico de execução com Vincent e Jules
- Memórias da Sessão: Cartaz do "Clássicos Cinemark"
- Mia e Vincent arrasam na pista ao estilo 'Twist'.
- Trilha Sonora em duas versões
---FICHA TÉCNICA---
Título Original: Pulp Fiction
Sessão Acompanhada: Cinemark Botafogo - 12:30 - O 10 - 8/6/2014 (Domingo)
Data de Lançamento: 7 de Junho de 2014 (Brasil - Relançamento); 18 de Fevereiro de 1995 (Brasil)
Gênero: Drama
Duração: 154 Minutos