NESTA POSTAGEM
SESSÃO CRÍTICA
ROBOCOP
FICHA TÉCNICA
SESSÃO CRÍTICA
REPROGRAMADO EM
NOVO TEMPO
Além da história, atuações e edição também ganham destaque
A moda dos últimos anos de refilmar clássicos intocáveis vem se tornado uma frustração por parte da velha guarda, os antigos fãs. Agora é a vez de Robocop: O Policial do Futuro, um dos meus clássicos favoritos, completos e intocáveis dos anos 80 (parece que foi ontem que nem se completavam 10 anos). Tudo ali se encaixa muito bem - o humor negro e a violência exagerada, caracterizavam o tom sombrio da obra dirigida por Paul Verhoeven.
Quando um trabalho cinematográfico marcante é refilmado por um renomado diretor, as coisas podem mudar e então passo a dar um crédito. José Padilha é sem dúvida alguma um dos meus diretores favoritos de todos os tempos e já começou bem em circuito americano ao ser escalado para refilmar um título muito importante. Um fato inédito para o cenário Brasileiro, um diretor do nosso país estar encarregado de refilmar um Blockbuster Americano que marcou uma geração e vendeu produtos como brinquedos e games cultuados até hoje.
Dificilmente se apaga marcas simbólicas como Robocop, cuja caracterização visual, trilha sonora e personagens e origem tão bem construídas que já se estabeleceram como um sucesso de público e crítica - decaindo a sua popularidade e infantilizado com as sequências (Robocop 2 e 3) e a série de TV.
José Padilha retoma o conceito maduro de Robocop a sua maneira - sem perder a essência do personagem e da história - trazendo a politicagem discutida comumente em suas outras obras: a decadência das corporações e a discussão sobre o uso da violência - em território Americano: a corrupção do Capitalismo e a utilização de máquinas de guerra substituindo o trabalho de soldados (seres eficientes, mas sem emoção para distinguir ou fazer escolhas).
Sem o humor negro e vilões tão cruéis quanto o filme original, por alguns momentos senti falta dos meus 20 anos atrás (quando só conhecíamos apenas um Robocop). Mesmo sem esses elementos e sem a violência 18 anos (nesse novo Robocop a classificação é 14 anos), a abordagem política pode cansar o público mais jovem ou o público que aguardava por apenas um filme carnificina - José Padilha mesmo disse que não fez um Robocop com o interesse de mostrar cabeças explodindo - mas existência dos drones (como é chamado as robôs do filme) são uma realidade nos tempos atuais fora dos territórios Americanos (como o caso das naves que voam no piloto automático).
A trama de Padilha (escrita por Joshua Zetumer), que também se passa no futuro (agora datado), trouxe elementos do presente para abrir mais um banco de dados sobre discussão ética, ficando muito bem encaixada para contar o que se passa nos tempos atuais - mas em universo fictício de um longínquo 2028. O futuro parece quase um plano de fundo do que parte de um elemento de fantasia complementar de um visual (totalmente atual).
Se na trama de 87 os efeitos visuais eram incríveis (ainda sem os recursos da computação gráfica) e se mantém convincentes com o passar do tempo, a versão de Padilha marca pela sua excelente edição vista em Tropa de Elite, apesar da câmera trêmula deixar situações levemente confusas do que realistas, para um filme Americano desse naipe. Pedro Bromfman (o compositor que Padilha trouxe de Tropa de Elite) em parceria com Bruce Fowler e Kevin Kaska,, fazem uma trilha tensa que convence nas cenas de ação fortalecida pela versão IMAX em cenas de tiroteios e explosões.
O maior ponto forte do filme fica mesmo é com as atuações - que desencadeiam muitas emoções principalmente na questão do controle que os criadores tem sobre o RoboCop. Ainda que a origem e o envolvimento humano do novo herói robô fique aquém do original, é interessante a expansão desse universo entre Alex Murphy e a máquina que ele se torna.
O ator sueco, Joel Kinnaman, é um novo Murphy com algumas rédeas mais rebeldes - personalidade adquirida pelo antigo Robocop firmemente após sua transformação ou da maneira como passamos a conhecê-lo melhor nos filmes originais. E ainda encara outros desafios que serão reconhecidas pelo antigo público - algumas de uma maneira diferente e embutidas de uma forma bem esperta.
Michael Keaton ( o meu eterno Batman dos saudosos anos 80 e 90 ) é o único vilão que realmente merece destaque, como o ganancioso Raymond Sellars, e Gary Oldman continua seguindo o seu destino de fugir de vilões (desde o seu tão querido James Gordon) e se mantém extremo como o Dr. Dennett Norton. Samuel L. Jackson, como o apresentador Pat Novak, chega a me lembrar a longa introdução de Patton: Rebelde ou Herói (1970), fazendo críticas em meio a guerra urbana (agora mundial) e até contornando a imparcialidade da TV a seu favor.
José Padilha orgulha a nós Brasileiros e trata Robocop com o devido respeito, sem procurar matar o original, trazendo uma refilmagem de uma maneira devidamente minuciosa e inteligente (sem clichês bestas de filme Americano) e conseguindo manter algo de sua identidade, com peças novas (até o conceito da armadura preta convence), e apesar de pequenas coisas (pequenas mesmo) não surtirem tanto efeito como deveria (como uma versão da música tema originalmente composta por Basil Poledouris que se inicia meio levemente como uma rave - é melhor no álbum) e que podem fazer com que você viva detestando ou simplesmente procure deixar morrer.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Robocop
Sessão Acompanhada: UCI NewYork City Center - 16:05 - N 22 - 22/02/14 (Sábado)
Duração: 117 Minutos
Gênero: Ação/ Ficção/ Suspense
Direção: José Padilha
País: E.U.A.
Sinopse: Em RoboCop, o ano é 2028 e o conglomerado multinacional OmniCorp está no centro da tecnologia robótica. No exterior, seus drones têm sido usados para fins militares há anos, mas na América, seu uso foi proibido para a aplicação da lei. Agora a OmniCorp quer trazer sua controversa tecnologia para casa, e buscam uma oportunidade de ouro para fazer isso. Quando Alex Murphy (Joel Kinnaman) - um marido e pai amoroso, e um bom policial que faz seu melhor para conter a onda de crime e corrupção em Detroit - é gravemente ferido no cumprimento do dever, a OmniCorp vê sua chance para criar um oficial de polícia parte homem, parte robô. A OmniCorp prevê a implantação de um RoboCop em cada cidade para assim gerar ainda mais bilhões para seus acionistas, mas eles não contavam com um fator: ainda há um homem dentro da máquina.