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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sessão Crítica: DVD Street Fighter: A Última Batalha - Edição de Luxo

NESTA POSTAGEM

TESTANDO O DVD
STREET FIGHTER: A ÚLTIMA BATALHA - EDIÇÃO DE LUXO
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TESTANDO O DVD

STREET FIGHTER: A ÚLTIMA BATALHA - EDIÇÃO DE LUXO
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Cena do Making Of, presente no DVD

O DVD saiu ano passado (4 de maio de 2009) aproveitando a véspera do lançamento de Street Fighter IV para consoles domésticos (Playstation 3 e X Box 360) e do filme Street Fighter: A Lenda de Chun Li (que acabou indo direto pra DVD). Apesar de eu ser um colecionador legítimo de Street Fighter, ensaiei um bom  tempo para comprar este DVD, até que finalmente neste ano (31 de Outubro)  adquiri a oferta oferecida no pontofrio.com.br. O trabalho de entrega foi excelente, recebi o DVD em 4 dias.. embora com maus tratos (o DVD estava solto no estojo e quando abri, notei vários arranhões na parte central, aparentemente, leves). Mas, testando tudo, funcionou normalmente (Graças a Deus! Ou ia ser uma burocracia do..).

O trabalho da Paramount Brasil foi louvável. Esta é a segunda (e melhor) versão do filme para DVD. O primeiro foi lançado em 2003 numa edição simples, tendo como destaque, na parte de extras, as Notas de Produção do diretor, redigidas em texto e em Inglês. A Edição de Luxo traz algumas características da versão em Blu Ray (Extreme Edition) que saiu posteriormente, como um trailer do jogo Street Fighter IV para consoles e o do Anime baseado no jogo homônimo.


Visualmente, o menu do DVD é idêntico à primeira versão - o que engorda mesmo são os extras: opção para assistir o filme com Comentários do Diretor, o Making Of e as 2 cenas deletadas do filme - o mais legal é que todos os extras tem a opção para legendas em português, inclusive os trailers relacionados ao game e anime SF IV. Estes extras estiveram originalmente na versão Special Edition, a edição especial do DVD que não saiu no Brasil. 

O filme mantém o modo Widscreen anamórfico (tela dividida), favorito entre os fãs de DVD. O formato das legendas também foi mantida. O ambiente de som é 5.1 Doubly Digital para todos os idiomas (contra 2.0, variando entre Digital e Surround dependendo do idioma, da versão 2003).


Uma coisa curiosa no encarte é que o filme agora é recomendado para maiores de 14 anos. Em alguns cinemas, o filme era recomendado para maiores de 12, assim como no próprio VHS, e na primeira versão para DVD, no Brasil, a classificação era livre. Outra divergência está na classificação do gênero, a Paramount descreve o filme como Ficção Científica/ Suspense, enquanto que no VHS e no primeiro DVD, devidamente, como o gênero Ação. Ué? Street Fighter um filme de Suspense?  A não ser que você tenha se assustado com a cara pintada do.. Blanka. Como Ficção Científica? É, até dá pra engolir razoavelmente, já que existem leves características no atmosfera do filme, isso se levar em consideração que tudo parte do ponto de vista de Bison (Raul Julia).

Nesse sentido, quem descreveu o gênero no encarte do DVD pode ter levado isso no chutômetro. Apesar dos apesares, o verdadeiro gênero para o filme deveria ser descrito como Aventura - já que não se trata tanto de um filme ágil de ação non-stop.

Mesmo para quem não gostou desta adaptação cinematográfica, a experiência que os Extras propõe é interessante. O roteirista e diretor do filme, Steven E. Souza, deixa mais claro, através da montagem de comentários no DVD, a sua visão e experiência com videogames, gibis, filmes de ação e, num determinado intervalo, testemunhamos um pouco de sua trajetória até se tornar produtor e diretor em Hollywood com Street Fighter. Uma curiosiadade é que a sua primeira experiência na direção foi com  séries de TV, algumas até famosas por aqui, como em um episódio de Contos da Cripta (Tales From The Crypt) de 1991 - exibida pela TV Bandeirantes por aqui.

Steven, ainda contesta a visão que os críticos tem, de caráter até  preconceituoso, sobre os filmes baseados em videogame desde Super Mario Bros. cuja reprovação também contribuiu para o seu fracasso. E então, ele diz algo assim - Uma das primeiras coisas que gostaria de dizer é que, com orgulho, sim..sim, esse é um filme que se baseou em um videogame. E descreve também que as cenas iniciais foram retiradas de noticiários reais de diversos países e, para se disfarçar deste fato (um filme baseado em videogame), o filme começa com alguns desses vídeos que ele descreve como um reconhecimento meio canhoto de seus recursos em questão.

Apesar de muitos avaliarem o filme como se o mesmo tivesse pretensões de ser sério, vale ressaltar um esclarecimento do diretor-roterista: Ele buscou tornar o ambiente do filme o mais próximo do real possível - com aqueles noticiarios que se repetem dia a dia sobre conflitos armados - mas, devido a rígidez na classificação (13 anos), a saída que ele encontrou foi de fazer uma adaptação com senso de paródia - então, o foco não é realmente sério. Segundo as pesquisas de audiência de Steven, através de exibições teste, pessoas na faixa abaixo de 18 anos gostaram do filme, pela ação contínua, e de 25 em diante também - foram os que entenderam o filme como uma brincadeira - os de 18-25 anos sentiram falta da violência. Segundo o diretor, se o filme se tornasse mais violento, sua classificação subiria para 18 - talvez, até pela questão do tema ser voltado a um ambiente de guerra.

Outra característica,  que foi limitado pela faixa etária, foi a cena do necrotério. Há várias partes de corpo humano espalhados pelo local, os detalhes são pouco visíveis na versão final do filme.

Steven paece exaltar um pouco a sua obra. E descreve que a produção se tornou uma resposta contrária a Super Mario Bros, cujo filme custou U$$ 50 milhões e só faturou U$$ 10 milhões nos EUA, enquanto o filme de Street Fighter gerou uns U$$ 75 milhões de lucro. Mostrando que um filme baseado em videogame pode sim dar certo, apesar do pessimismo dos críticos. Mas também reconhece alguns pontos fracos em seu filme - fora algumas aparentes faltas de conhecimento sobre algumas origens relacionadas ao jogo.

A origem de Blanka, por exemplo, tem diversas definições nos materiais que procuram explicar sobre os personagens, além do que já está nos videogames - o mais conhecido é o do acidente que leva Blanka a ficar perdido nas florestas da amazônia e acaba se tornando uma fera. Como ele se transformou.. é algo que parece não ter ficado claro até hoje nos jogos e materiais da série Street Fighter II. É daí que Steven encontrou uma brecha para incluir Blanka (Robert Mamone) como um antigo amigo do coronel William F. Guile (Van Damme) e transformado em monstro pelo General M. Bison (Raul Julia). O diretor-roteirista admite que não gosta da cor do cabelo do persoangem mas resolveu manter para que os fãs possam reconhecê-lo.

A montagem de comentários também esclarece que a produção é Nipo-Amricana. Leva-se em consideração os créditos, que envolvem produtores Nipônicos e Americanos, assim como a presença dos militares que são mortos por Bison no começo do filme. A mistura de etnias no elenco e a variação de locações, todas situadas em continentes da Àsia, leva ainda mais em conta essa interessante observação sobre o filme estar muito longe de ser Americano - o protagonista, Van Damme, por exemplo, é belga.

 - Nos anos 50, Batman e Robin eram uma ameaça à república.. nos anos 90, é Sonic e Knuckles. Comenta o diretor

Uma de suas exigências era o de acompanhar os 16 personagens na tela - Dá pra se reconhecer uns 8 ou 9, afirma o diretor. E, se bem que não faltou nenhum - se levar em consideração que Sawada substitui Fei Long e, possívelmente, foi parte de uma empreitada da Capcom para lançar o persoangem em definitivo, que deveria ter mais tempo em cena originalmente. O grande desafio do diretor foi balancear o tempo de presença desses personagens no filme, e também leva em consideração que uma cena de movimentação (pessoas, veículos e cameras) compromete bastante tempo de duração num filme - o exemplo é a cena em que um superior das Nações Aliadas (Simon Callow - que morre em Quatro Casamentos e um Funeral) aparece para impedir Guile de combater Bison com seus soldados.

Algumas de suas grandes influências para construir a adaptação, além do jogo de origem, vieram dos quadrinhos; ambientações da I e II Guerra Mundial; os filmes do mestre do suspense, Alfred Hitchcock - isso no sentido argumentativo; o ambiente cult de Jornada Nas Estrelas (Star Trek) e James Bond; o gênero faroeste - um exemplo disso é as sequências de Chun li (Ming Na Wen) e Guile, respectivamente, frente a frente com Bison, com algum ato de vigança ou de justiça - entre outras características do cinema clássico e da infância do diretor.

 Em Shadaloo, país imaginário do diretor, ele reproduz um universo a parte para descrever livremente uma ficção brincando com peças reais. - No lado esquerdo desta cena, pode ser vista um pôster de uma certa Playmate, de uma espécie de Playboy da Sahdaloo, segurando um rifle (Bison). Afirma o Diretor em meio a viagem.

A cena da revista é vista logo mais a frente, nas mãos de um guarda que protege a experiência de Blanka. Para descrever um idioma próprio do país, algumas falas em Shadaloo são em esperanto.

A idéia de criar a adaptação veio quando Sasha Harari (produtor do filme cinebiográfico, The Doors, com Val Kilmer) buscava alguém que entendesse de jogos de computador e formato de filmes de ação para produzir o filme, juntamente com Ed. Pressman. Foi quando Ed. Pressman, sugerido por Sasha, contatou a Steven por telefone, que então o perguntou se conhecia o videogame Street fighter, e Steven respondeu - Se eu conhecia? Todos os Sabados de manhã, eu e meu filho de 15 anos iamos a um fliperama próximo,  de bicicleta, e ele me dava uma surra. Já gastei uma fortuna com esse jogo, ironizou o diretor. Então, Ed sugeriu a Steven a escrever o filme, que topou na hora.

Uma curiosidade é, nesta época, Steven projetava para o seu amigo Sasha uma adaptação da HQ Cadlacs & Dinossaurs para um jogo de videogame (conhecido por aqui graças ao jogo de fliperama da Capcom, lançado em 1992). O jogo era uma adaptação para Sega CD e DOS (Cadlacs & Dinossaurs: The Second Cataclism) da série de TV lançada em 1993 - o qual ele também esteve envolvido na produção.

 Lembra do caso de Balrog (o boxeador) no jogo? Em que, originalmente, tinha o nome de M.Bison no japão, mas foi alterado no ocidente para evitar conflitos com ex-pugilista, Mike Tyson? Segundo Steven, o conservadorismo da Capcom também dominava a idéia criativa do filme. A ONU seria representada pelos militares liderados por William F. Guile, mas a Capcom insistiu ao diretor uma autorização da instituição para utilizar o nome no filme.

Steven fez algumas afirmações, rebatendo - Ninguém pediu prmissão à Russia para mostrá-la em Caçada ao Outubro Vermelho [..] à máfia para incluí-los num filme ou quando aparece alguém da CIA [..] organizações públicas são criticadas em filmes, justificando a falta de motivo quanto ao excesso de preocupação da empresa criadora do jogo. No fim, a própria Capcom resolveu solicitar autorização da ONU, que logo foi respondida com uma resposta ameaçadora pelos advogados da instituição. O resultado é que, no fim, a ONU (Organização das Nações Unidas) se tornou AN (Nações Aliadas) no filme - repesentado por Guile, T.Hawk, Cammy e Sawada - uma instituição fictícia que faz referência a ONU. Muitos espectadores saíram do cinema reconhecendo a instituição militar de Guile como a própria ONU. Embora, nem a ONU deve ter tido conhecimento de que tinham um papel positivo na história e que Van Damme, como Guile, representava o militar que derrotava o bandido pessoalmente no final.

Após a cena em que Guile recruta Ken e Ryu para uma missão, haveria uma subtrama envolvendo Chun Li e sua inseparável equipe, Balrog e E.Honda, que acabou se tornando a cena do atentado no mercado de traficantes. A sequência em questão, inacabada, pode ser vista na parte de cenas deeltadas. Segundo Steven, a cena não foi aprovada pela audiência de teste. Ele também afirma que a sequência teve um alto custo de produção e, por isso, relutou bastante para retirá-la. Apesar da sequência não ter sido aprovada, isso poderia ter dado uma profundidade maior envolvendo os 3 personagens na trama - levava a crer que eles escondiam algum segredo.

Tem também o próprio Disc Jockey da guerra do Vietnã, Adrian Crounauer, fazendo a locução para as Forças Aliadas. Sua trajetória foi revelada numa cinebiográfia, o filme Bom Dia, Vietnã! com Robbin Williams. Seu papél em Street Fighter foi uma paródia de si mesmo.


Joe Bugner é o famoso boxeador, aparece fazendo uma participação como o soldado de Bison torturando Balrog e E. Honda, que perdeu para Muhammad Ali em 1975.

Steven também cita sua influência de Joel Silver (Matrix), ambos trabalharam juntos em Comando para Matar. Levando a crer que destruir cenários no fim de um filme de ação já se tornova uma regra.


O planador foi usado com truques de shows de mágica. Steven também descreve que o objeto foi apelidado com diversos nomes pela produção, inclusive chicara de chá

Algumas peças dos cenários do filme vieram diretamente do jogo, como este sino (visto no cenário de Bison no videogame).

Outra revelação do diretor é sobre a família de Van Damme, que sofreu muito na II Guerra. - Seu desempenho aqui, foi excelente. Ele acertou na primeira tomada [...] Sua emoção em cena foi real se referindo a cena do discurso em frente aos soldados. Levando em consideração que o dia em que Van Damme gravou essa cena, era o 50ª aniversário do dia D. Uma curiosidade é que o filho do diretor, David de Souza (citado anteriormente), faz uma ponta - o mesmo que apresentou o jogo Street Fighter ao sei pai.


- Tanto Van Damme quanto Raul Julia tinham seus filhos que conheciam o videogame Street Fighter II, e estavam empolgados com seus pais no set. O restante do elenco, quando  jovens e sem emprego, investiam suas fortunas nas moedinhas para jogar Street Fighter II nos fliperamas. Revela Steven

O diretor-escritor também cita que a Capcom estava  produzindo o jogo Street Fighter III durante as filmagens do filme - o suposto Street Fighter III se tornou então Street Fighter The Movie, o jogo baseado no filme. Ele ainda não tinha idéia do título do próximo filme de Street Fighter, caso houvesse planos para fazê-lo.

- Raul Júlia morreu 6 semanas após as filmagens. Relembra Steven.

FICHA TÉCNICA
(DVD)
 
TÍTULO ORIGINAL: IDEM
DISTRIBUIDORA: PARAMOUNT PICTURES
DATA DE LANÇAMENTO: 5/04/2009
DURAÇÃO: 101 MINUTOS
CLASSIFICAÇÃO:
14 ANOS (TEMA: GUERRA - CONTÉM: AGRESSÃO FÍSICA E ASASSINATO)

VEJA TAMBÉM: [Sessão Crítica] Street Fighter: A Última Batalha Uma profunda análise do filme, a adaptação em quadrinhos e a trilha sonora de Graeme Revell.