O dia mais aguardado da virada havia chegado,
abençoadamente, pelo terceiro ano consecutivo. O Museu do Videogame Itinerante
– Parte 3, no Rio de Janeiro. Eu estava
de férias e vi uma certa divergência de informação na web em relação aos dias
de evento no Shopping Nova América. Desta vez, O Museu não estará em mais de um
shopping no RJ como no ano passado – aonde a segunda viagem foi em Nova Iguaçu,
do mesmo grupo do Nova América. Houve um grande azar no Shopping Nova Iguaçu,
faltaram as luzes, um blecaute justamente no mesmo dia em que eu estava prestes
a encarar as Oitavas de Final no campeonato Street Fighter II Turbo: Hyper
Fighting do Super Nintendo. Eu estava confiante de chegar às finais.
Passou-se um ano. Desta vez, o Museu anunciava diversos
torneios – contando com jogos atuais, entre eles Marvel v.s. Capcom Infinite –
uma surpresa, ele havia passado pela preferência em relação ao Street Fighter V
(que desta vez, nem estava entre os jogos do espaço do Playstation 4).
Escreveram certo o título do Street Fighter que iria fazer
parte do campeonato no Super Nintendo, após dois anos apresentando como Street
Fighter II (ficava a dúvida qual versão seria).
O terceiro ano do Museu me pareceu um pouco menos agitado
desta vez, talvez pelo dia e horário em que estive. Ensaiando para ir ao Museu
ainda nas férias, fiquei indisposto totalmente mesmo que durante o período de
férias, tive uma crise de alergia prestes a entrar em febre e preferi ficar em
casa. Minha vizinha me salvou nesse período. Com um suco poderoso batido com
alho e limão e, acredite, ficou delicioso (ela dizia que bastava tomar direto
sem respirar e mesmo não tomando direto foi saboroso apesar de forte). Santa vizinha. Foi nesse período que ela se
mudou e deixou um vazio, sem os vasos de planta e as roupas no varal, naquela pequena vila aonde só morava eu, na primeira
casa, e ela, na casa ao lado. Ventou forte e fez uma certa chuva que inaugurou
após dias de sol forte.
O dia do campeonato Tekken 7, foi então o dia que escolhi para inaugurar a
minha ida ao Museu 2019. Dia maravilhoso, conheci novos amigos e revi rostos
conhecidos. Alguns outros rostos de grupos do jogo o qual frequento.
Surpreendente – e até esperado – a presença de algumas jogadoras que se
arriscaram no campeonato. Tekken é, de alguma forma, popular também entre
algumas garotas gamers, até mais que Street Fighter.
Durante a final do campeonato, eis que surge de surpresa o
Jorge, KyoX, também esposo de uma grande amiga de escola – esta que foi a
primeira otaku oficial que conheci neste ambiente cotidiano era tão raro que se
tornaram dias mágicos de muito passeio, jogatina, eventos e, principalmente,
animês. Jorge estava voltando do trabalho, aparentemente cansado, e consegui
pará-lo por algum tempo para assistirmos a final juntos. Enquanto eu gravava
com uma mão toda a competição, nós conversávamos. Depois, ele se despediu para
comer alguma coisa e perguntou se eu iria ficar mais tempo pois a Mi (Miaka/
Michele, a amiga) estava chegando passando por lá. Ambos passam por lá
normalmente pois como moram perto, é natural encontrar o evento em atividade
todos os dias. Eu estaria babando, mas é compreensível toda a queixa referente à
grande importância dada ao Just Dance.
A segunda ida foi no dia do cosplay. Alguns velhos rostos
conhecidos e eventos, Marcelo Vingaard, agora residente em São Paulo, lidera a
Cosplay Art – principal organização do campeonato cosplay do evento – ele
estava conversando com alguém e assim que ele me viu na expectativa de
cumprimentá-lo ele já estendeu a mão enquanto se despedia do contato.
Em algum momento, confundi uma garota alta com a Angel
Stephan – A Garota Canalha – era muito parecida (lembrou a confusão que fiz com
a Bianca Fonseca no primeiro Museu – só que com menos encanto). Ela estava
entre alguns amigos. A grande surpresa foi encontrar Annie Seixas estreando seu
cosplay de Kolin. Sempre muito simpática, pedi para que sua mãe me ajudasse a
tirar foto com ela. Ela tirou duas (percebeu o problema com a lente). Um pouco
depois ela parou para falar com alguns fotógrafos. Mais tarde, no caminho para
a saída ela andava no meio da multidão e eu olhei, ela acenou sorrindo se
despedindo. Então aproveitei para tirar mais uma foto de seu cosplay.
O terceiro e derradeiro dia oficial foi no campeonato Street
Fighter II Turbo de SNES. Felizmente, a
organização fez o certo e colocou o evento para o Sábado. Nos dois anos
anteriores, os campeonatos ocorriam nos dias de semana e nos piores horários
(só pirralho podia jogar). Agora o evento era às 19:00 de Sábado. Melhor dia e
horário não há. Corria o risco ainda do Leandro ( o bicampeão com Dhalsim ) não
participar se fosse na Sexta como descrevia na informação na web. Na
programação física no evento os dias e horários estavam corretos.
No grande dia do Street Fighter, Capcom v.s. SNK 2 esteve presente desta vez no
Playstation 2. Então pude testar e sofrer com
a minha “incompetência” em não dominar o direcional (horrível pra jogos
de luta) do Dual Shock. Quem eu joguei também estava pra competir no
campeonato. Ao fundo vi Vittin Cyber Yagami
já treinando no SF II. Assim que
ele se aproximou (meio parecido com o Anderson Deco) ocupando espaço de zoação,
nos cumprimentamos, ia perguntar sobre Cristiane – agora sua esposa, antes
noiva – na atenção na partida acabei não perguntando e eis que ela surge
repentinamente e me dá uma chamada, eu distraído, olho e lá está ela – já nos
saudamos. Chaplin BR, o sogro que joga de R.Mika no SFV também esteve presente
e iria participar do campeonato. O time Magalhães Castro estava lá, encabeçada
pelo Roberto Rebello e Jonatham Góis, representando o grupo SNESCOMBO do
Facebook.
Ari, um dos administradores do time Magalhães, me puxa
juntamente com os outros assim que anuncia a chamada pra se inscrever no
campeonato que já mudava de lugar. Por um triz, que perderíamos a nossa vez de
se inscrever e a turma toda do Just Dance invadiria. Como aconteceu no torneio
Marvel v.s. Capcom Infinite, segundo relatos. Se isso acontecesse, perderia a viagem e 1 ano
de campeonato no limbo.
Durante a contagem regressiva para o início do torneio, eu
acompanho a galera toda da Magalhães para um passeio pelo shopping e um
bate-papo nostálgico sobre recordes de jogos numa lanchonete ali. Roberto
aproveita pra avisar que precisa se ausentar para ir ao Hotel, aonde estaria
sua namorada. Depois que o torneio começa a chamada, se tornou minutos de
tensão aonde ficávamos preocupados se Roberto chegaria à tempo para o check in.
Então ele chegou, bem ofegante de correr e meio suado, mas deu tudo certo. E
começou o torneio.
Memorável jogar com um participante famoso por sua Chun-li e
jogador de Just Dance. Simpático e divertido, ele também tinha um espírito
competitivo muito forte. Sacava das manhas nervosas de crossup (a joelhada que
ela cai nas costas) mas como eu já treinava Chun-li há um tempo me atentei a
isso.
A partida entre Leandro e Cyber Yagami foi tensa. Ficávamos
perdidos pra saber quem era quem. Era
Vega vs Bison. Leandro se consagra vencedor sem seu personagem principal,
Dhalsim.
Durante as finais, uma reunião para transformar as partidas
em melhor de 3. Felizmente, todos concordaram. Era assim que deveria ser embora
os campeonatos eram todos eliminatórios até as semi-finais.
Tivemos que lidar com os controles ruins do evento – diferente
do ano anterior que era possível trocar o controle. Mas pra quem podia usar o
controle de casa, era mais vantagem.
Tive muita dificuldade, mas felizmente a dificuldade foi a mesma para os
dois lados. Uns mais e outros menos.
Leandro foi habilidoso e me eliminou facilmente nas partidas casuais
antes do campeonato. Roberto conseguiu
se sair bem com seu controle e quase senti o pesadelo da derrota do ano
anterior. Ele mesmo disse: “-Vai me ganhar fácil!” nas não foi.
E eis que chega a grande final, o momento que esperava desde
o primeiro evento (o que não pude participar). Era eu e o bicampeão Leandro. A
primeira partida foi um mirror match Ryu vs Ryu. Estava bem confiante mas ao
mesmo tempo nervoso – então tive que respirar fundo como em todas as partidas.
Consegui ganhar sofridamente e então Leandro disse: “-Vai ter que ser ele.
Desculpa!” Leandro, paciente como Dhalsim, escolheu o seu personagem principal.
Lembro que foi traumático a derrota para o seu Dhalsim no
Street II Special Champion Edition na Magalhães Castro – o jogo estava no Modo
Champion/ Normal – o que adere, de certa forma, os personagens do Champion
Edition. O que muita gente não sabe é
que mesmo no modo Champion o jogo permanece com a jogabilidade ajustada do
Hyper Fighting (assim como o jogo do SNES – Street II Turbo) porém, é escolhido
sempre o modo Normal/ Champion Edition no jogo de SNES para manter a velocidade
enquanto seria mais interessante estar no modo Hyper sem estrelas de
velocidade. A diferença é que os personagens estariam mais equilibrados com os
seus novos golpes (Ryu & Ken fazendo helicóptero aéreo, Dhalsim usando
teleporte e Chun-li mando magia). Mesmo o Modo estando no Champion, a
jogabilidade ainda é do Hyper Fighting, só que sem os novos golpes. Eu tentei
explicar isso mais foi complexo demais para todos entenderem. P.S.
isso sem contar os reajustes próprios de cada personagem para as versões
console 16 Bits. A reprogramação mescla vestígios do Street Fighter II The
World Warrior - basta conferir a força que Chun-li (no alcance da voadora) e E.Honda (com a
pressão dos agarrões) possuem e o enfraquecimento de Dhalsim (a rasteira fraca
seguida de agarrão é mais lenta).
As regras diziam que o jogo deveria ser jogado no modo Hyper
Fighting mas todos optaram por jogar no modo Champion Edition. Preferi não me
intrometer – mas a explicação já foi realizada anteriormente. Houve uma
situação aonde Cyber avisou que o jogo estava rodando sem tempo na partida.
Cheguei rápido pra avisar e deram o Reset.
Alguém na torcida exclamou com ironia “-Olha a marmelada aí!”.
Era o Ryu de Campo Grande e o Dhalsim de Cachambi pela
primeira vez na grande final do Museu do Videogame Itinerante. Tive meu
primeiro grande encontro com Leandro e a primeira grande vitória no pequeno
campeonato Magalhães Castro com a Chun-li no jogo Super Street Fighter II de
Mega Drive – 23 anos depois de chegar às oitavas de final no meu primeiro
campeonato na versão de Super Nintendo em um evento promovido pela Super Game
Power e apoio da Romstar do Brasil.
Leandro então aguardava pelo retorno da minha Chun-li mas
naquela versão “Modo Champion” era impossível. Pra mim, Chun-li só com magia.
Então optei pra me manter no clássico, Ryu. O lutador se consagrou forte pra
mim desde que joguei versus com ele em todas as partidas do Museu desde 2017.
Tentei me manter ao máximo na concentração e consegui
ultrapassar a tensão realizando um final bem equilibrado e satisfatório.
Conquistei meu primeiro prêmio do Museu do Videogame Itinerante e estreando em
1º Lugar. Foi inesquecível e emocionante, no meu jogo favorito e no evento que
mais amo.
Leandro, sempre com espírito esportivo, ficou feliz por mim
por saber o quanto amo esse jogo. Sempre que amamos algo, gera também crises –
é como um casamento. Por Street Fighter é sempre amor e ódio.
Numa conversa, Claudio Lima, um dos realizadores do Museu,
explicava todo o processo de escolha dos campeonatos e da estrutura do evento.
Quem realmente trabalhava nessas montagens é o próprio shopping. Apenas o
shopping, que contrata o evento, decide como o evento deverá ser. E por esse
motivo ficou explicado pra nós por que o Just Dance se torna a principal
atração do evento. Em algumas outras regiões os campeonatos de videogame são
transmitidos em telão – é o que
esperávamos desde 2017. Tem shopping de determinada região que nem sequer tem
interesse em campeonatos. Outros ainda se incomodam com o barulho, o que acabou
por fazer o próprio Museu descartar o contrato pra nunca mais. Portanto,
ficamos então ciente de que a culpa não é da organização do Museu todas as
regras do evento.
Troféu e muitos brindes brindaram essa vitória. Foi mais que
um campeonato regional, um campeonato de um evento reconhecido mundialmente –
com prêmio em Paris por criatividade.
A volta pra casa gerou um vazio logo naquele silêncio
descendo as escadarias do metrô. Pensei:
“-Ganhei o troféu que sempre sonhei, de um grande evento, aguardei por 3 anos!
Mas os dias de Museu chegaram ao fim, ao menos pra mim, que vai agora distante
daqueles amigos, daquelas pessoas alegres. Voltamos ao tempo normal. ” Eu me
sentia satisfeito, meio como Ryu, vagando solitariamente. Por isso que eu me
identifico com ele. Seria radical demais não estar presente na cerimônia.
Afinal, é uma lembrança que vai ficar pra minha história.
Porém, os melhores dias de Museu me aguardavam pela frente.
Era então na web. Surpreendentemente, compartilhei o post acreditando que
ninguém iria curtir ou comentar. Assim que chego em casa, tomo um susto. Um
belo susto. Aquele sorriso preenche o pequeno quarto da minha casinha. Mais de
200 curtidas e mais um pouco somando a curtidas de outros grupos e
compartilhamento orgulhoso da Mi em sua véspera de aniversário. Incrível !
Incrível! Incrível !
Tantos amigos e ídolos curtiram a postagem, com corações e
até mesmo contatos que eu acreditava que jamais iria curtir algo meu. Vi o quanto as pessoas dão realmente valor Às
minhas conquistas, de me verem bem. Muitos comentários de parabéns. Foi como se
eu tivesse feito aniversário pela segunda vez consecutiva no mesmo ano.
Respondi um por um. Até mesmo colegas de escola que não via há anos comentou na
publicação oficial da página. Foram dias inesquecíveis e posso então me
consagrar campeão e ser embalado por essa vitória em 2019. Abrir 2019 com uma
vitória é excelente.
DEUS, MUITO OBRIGADO PELO MEU SEGUNDO ANIVERSÁRIO !!!